Capítulo Nove: Loucura temporária

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25/03

Minha tia estava muito interessada na empresa do Sr. Faller e estava querendo fazer um investimento nela, eu deveria estar escutando o Sr. Faller nos mostrar, pessoalmente, todos os seus gráficos de venda e suas metas, mas suas palavras soavam ao fundo. Respirei fundo várias vezes me movendo desconfortável na cadeira tentando encontrar o foco, mas a cada momento que eu tentava me concentrar, as palavras do Sr. Faller era ofuscada por uma imagem de Elizabeth.

Hoje de manhã eu a encontrei descendo as escadas com suas habituais roupas de corrida. Foi com uma leve surpresa que eu descobri que ela acordava tão cedo quanto eu e que tínhamos o hábito em comum de correr pela manhã, dessa forma, tomávamos café todos os dias juntos e depois íamos correr. Elizabeth ficava bem mais silenciosa de manhã e como de hábito eu nunca sabia o que dizer, de modo que poucas palavras eram ditas entre nós, acontece que hoje eu tinha um compromisso com minha tia e nosso treino diário foi menor que o usual e não foi a quebra de rotina que me desestabilizou, mas o fato de ter passado menos tempo com ela me deu uma sensação de vazio que eu simplesmente não conseguia ignorar.

Minha tia me lançou um olhar confuso, ela deve ter percebido que eu parecia distraído e como isso não era de meu feitio, ela estava entre preocupada e ofendida com minha postura. Usando toda a minha vontade, eu afastei Elizabeth de meu pensamento e passei o resto da reunião com 90% da minha atenção inteiramente voltada a ele – os últimos 10% inevitavelmente era um eco da voz de Elizabeth ou sua risada ao fundo, droga!

Ao final da reunião minha tia tinha me convidado para almoçar com ela, o que eu declinei usando uma desculpa de que queria estudar a empresa do Sr. Faller minuciosamente o mais rápido possível antes de aconselhá-la a ser uma investidora dela.

"Está bem, Darcy, fico feliz por sua boa vontade, mas eu o achei distraído em alguns momentos enquanto estávamos lá dentro, está tudo bem?"

"Sim, está tudo bem, eu só não dormi direito."

Ela me encarou por um tempo, me avaliando, minha tia se parecia tanto com minha mãe às vezes que me assustava.

"Sim, você parece cansado, insisto que almoce comigo, William, vamos, você está de férias, afinal."

É difícil negar algo a minha tia, então acabei aceitando apenas um breve chá, alegando que eu queria chegar logo a Netherfield e pela primeira vez, ela se deixou persuadir e concordou que assim era melhor.

O encontro, felizmente, foi breve, não que eu não gostasse de passar um tempo com minha tia, mas acontece que ela era muito observadora e consegue ver através da minha máscara quase tão bem quanto Fitz faz ou quanto minha mãe fazia.

Depois do chá e de me despedir de minha tia Catherine, voltei para Longbourn. Eu ainda estava perplexo com a minha reação a distância de Elizabeth e não tinha certeza se era apenas algum tipo de loucura temporária ou se eu estava mesmo apaixonado por ela. Sinceramente, eu nunca me senti dessa forma e estou inclinado a achar que é a primeira hipótese.

A ideia de estar apaixonado por ela não era absurda, claro, visto que ela era de fato uma pessoa fascinante, encantadora e atraente, diferente de todo mundo que eu já conheci e que tinha um jeito tão... provocante e... charmoso e alegre... Mas havia uma desvantagem enorme nesse "romance" e a desvantagem mais significante fica por conta de sua família.

O fato da posição social muito abaixo da minha onde encontram-se os Bennets não me incomoda tanto quanto as maneiras deles. Sei que já deixei claro em mais de uma ocasião o meu desprazer em passar algumas horas com essa família, me ver associado a ela me parece no mínimo um insulto à minha boa educação e paciência e eu não sei o quanto conseguiria tolerar isso.

O Diário de DarcyOnde histórias criam vida. Descubra agora