O Diário de Darcy

Capítulo Onze: O Namorado

09/04

Não consegui dormir. Outra vez.

Dessa vez não foi por conta dos pesadelos envolvendo a minha avó ou a morte de meus pais, mas de Elizabeth com um homem sem rosto desfilando pelas ruas de Longbourn. Eu não iria tolerar ver isso e estava pronto para desistir e ir embora.

Era melhor assim, nunca teria dado certo mesmo entre nós dois, ela gosta de outro homem – esse homem que já odeio sem nem saber quem é – e, além disso, somos de mundos completamente diferentes, e não me refiro ao fato de que ela é americana e eu britânico, e nem vou começar a dizer aqui o que sinto pela família dela.

Sim, talvez seja melhor assim.

Droga, o que eu estou dizendo, não é melhor nada, não tem nada de bom nessa situação! Maldição, o que deu em você Fitzwilliam, se controle!

Andei frustrado pelo meu quarto a noite dando socos em uma almofada para não fazer barulho. A janela de Elizabeth estava escura e ela devia estar dormindo tranquilamente sem nem suspeitar o que eu estava passando comigo. Claro que eu não estava irritado com ela, ora, ela não tinha culpa de ter sentimentos por outra pessoa, a culpa disso foi toda minha, claro, eu deixei isso ir longe demais, eu deveria ter ido embora e seguido em frente, voltado a Londres, bem longe dela e seu cheiro maravilhoso de freesia e fingir que nada disso tinha acontecido, mas eu fiquei, eu fiquei, fui incapaz de ir embora e agora isso estava acontecendo, e pior ainda, eu fiz o que disse que não iria fazer, eu tive esperança de que poderia ter uma chance com ela. EU! E todo esse tempo ela simplesmente estava mandando mensagens para outro homem. Como me sinto um idiota!

Bem, não é a primeira vez, a diferença é que dessa vez Elizabeth não teve culpa nenhuma, dessa vez ela não me devia nenhuma satisfação de sua vida, não tínhamos um relacionamento, nunca tivemos e possivelmente ela nem sabe que tenho sentimentos por ela. O que, em retrospecto, devido a situação, é a única coisa positiva nisso.

Está bem, está na hora de eu terminar a história entre Audrey e eu. Acho que parei na parte em que meus pais morreram e eu fiquei com a guarda de minha irmã Georgiana de apenas dez anos.

Georgiana e eu nos mudamos de Lambton para a casa de meus pais em Londres, na qual ela mora ainda hoje; Fitz e a Sra. Reynolds me ajudaram muito nessa época com ela, pois eu simplesmente estava perdido e não sabia o que fazer.

Encontramos uma pessoa para fazer companhia a ela e cuidar de suas necessidades quando eu não estava por perto – pois eu estava me equilibrando nas funções de tutor, de aluno e de presidente da empresa de meu pai – claro que naquela época, eu não sabia que a pessoa que eu tinha escolhido para cuidar de minha irmã, a qual eu tinha toda a confiança, não merecia confiança alguma, o que eu descobri da pior forma possível, mas essa é outra história.

Enfim, as coisas entre Audrey e eu continuaram. Ela ficou do meu lado em todos os momentos terríveis sempre me dando força. Eu achei que tinha muito sorte em tê-la por perto e todo mundo dizia o mesmo. A única pessoa além de minha mãe a não gostar dela era meu tio Eoghan, que sequer disfarçava esse fato, desde que a conheceu, ele apenas deu uma boa olhada e ficou a observando em silêncio então disse para mim que eu estava cometendo um erro e que deveria terminar com ela. Achei que minha mãe tinha dito a ele qualquer coisa e não levei o conselho a sério e embora ele simplesmente fingisse que ela não estava lá e não se dirigisse a palavra a ela, ele não voltou a me aconselhar a terminar com ela depois disso.

O tempo passou, nós dois nos formamos e ela também foi morar em Londres. Deia a ela um apartamento que ficava próximo de seu novo trabalho e nos víamos com frequência apesar de sermos sempre muito ocupados.

Ela não se importava que eu chegasse tarde e cansado ou que tivesse que viajar a negócios como as namoradas de outros conhecidos meus, ela também tinha seus próprios afazeres e naquela época eu achava que ela era simplesmente muito compreensiva.