Capítulo Dez: Grandes Esperanças [parte3]

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09/04

Caroline estava insuportável hoje. Mais do que o usual. Já que Longbourn não tem nenhum entretenimento a oferecer a ela e seu irmão e Jane tinham saído de casa sem ela, ela não tinha nada a fazer a não ser me aborrecer.

Elizabeth já deveria ter terminado o turno no bistrô, mas ela não tinha voltado ainda, então eu aproveitei quando Caroline tinha me deixado só por um instante e tendo vários papéis para mandar pelo correio tanto para Fitz quanto para minha tia, achei que era a desculpa perfeita para sair de casa e fugir dela. Como estava um dia bonito e eu queria matar tempo – e talvez esbarrar com Elizabeth no meio do caminho – eu fui a pé.

O centro não era exatamente longe e a estrada de Netherfield cercada de álamos de um lado e a ponte sobre o rio de outro era muito bonita, de modo que apesar de toda a jornada a pé ter demorado cerca que trinta ou trinta e cinco minutos, eu quase não vi o tempo passar. Além disso, eu usei esse tempo para avaliar bem o que eu sentia por Elizabeth e eu sabia que o sentimento que tinha por ela era forte, mas eu sentia medo de arriscar. Chega a ser ridículo eu continuar negando para mim mesmo que eu tenho sentimentos por ela, que eu estou... apaixonado. O quão apaixonado eu estou, ainda é difícil de ter certeza, mas me arrisco a dizer que estou mais apaixonado do que eu deveria me sentir.

Já faz muito tempo que eu estou sozinho e me acostumei a isso, foi difícil eu ter conseguido essa... "normalidade", mas eu consegui. Não sou feliz, mas pelo menos eu não sou... completamente miserável. Sim eu sei, isso não é a definição ideal, mas e se... eu me machucar outra vez? Nunca me senti dessa forma em relação a ninguém antes, pensar muito nisso me assusta.

Eu sei que ainda não terminei de narrar aqui a minha história completa com Audrey e sinceramente, eu não quero. Há muita coisa naquela história que eu simplesmente não consegui digerir mesmo depois de todo esse tempo e não quero reabrir feridas que nunca realmente cicatrizadas ainda. Mas Fitz está com a razão, é algo que eu preciso fazer, para eu entender meus sentimentos atuais por Elizabeth, para tomar a decisão de seguir em frente.

Eu sei que é tempo de deixar as coisas para traz e recomeçar, mas isso não é fácil para mim, eu nunca fui de ter esperança nas coisas. Esperar... é algo que eu não gosto de fazer, gosto de ter controle e eu nunca me senti tão fora de controle como me sinto na presença de Elizabeth. Na verdade, arriscar parece tão... bem, arriscado. Eu ainda nem tenho certeza de que ela gosta de mim ou que eu possa ter uma chance. Não sei bem como... posso descobrir se tenho alguma chance... talvez eu devesse tentar ter... esperança? Não! Esperança só é uma coisa que te ajuda a ser levado mais profundamente para baixo quando você a perde completamente. Isso não é para mim.

Mas apesar de eu estar procrastinando areavaliação de meus sentimentos por Elizabeth e a digestão da minha históriacom minha ex-noiva, isso é algo inevitável que eu sei que preciso fazer.


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Não havia filas no correio e eu consegui terminar tudo o que tinha de fazer lá com muita rapidez. Até mais rapidez do que eu queria. Decidi passar no bistrô apenas pelo caso de que Elizabeth ainda estivesse lá, mas foi uma ideia infeliz, pois não só Elizabeth não se encontrava no bistrô como se encontrava o prefeito que ao me ver insistiu veemente que eu entrasse e provasse uma torta que tinha acabado de sair do forno, o que não era uma proposta ruim, na verdade, se a torta não viesse acompanhada da ladainha do prefeito. Fiquei quase duas horas ali ouvindo o prefeito falar incessante, quase senti falta de Caroline e assim que consegui uma boa desculpa, sai apressado de lá.

Fui recompensado, no entanto, com a visão de Elizabeth que descia a rua quando eu passava. Ela não me viu primeiro e andava distraidamente pela rua em direção a Netherfield.

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