29- Amélia

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Em poucas horas eu: comemorei um aniversário de uma garota que nem conheço, com pessoas que nem conheço, dirigi o carro de alguém que não conheço, ingeri bebida alcoólica e não foi pouco, peguei um porre e não lembro de nada, acordei no colo da pessoa que sinto uma atração física ferrada, e é uma garota! Menti pra meu pai, e aceitei sair com a mesma pessoa que eu quero distância... não achei que Liverpool teria tantas emoções assim.
Era sábado e estava com uma puta dor de cabeça. Estava meio entediada lá pelas quinze horas, peguei meu celular e haviam fotos de Ray com Bred e Lola sobre sua festa em seu Instagram. O sorriso de alegria dela era clarividente, muito bom ver ela sorrindo. Além de me trazer sensação de paz, o riso dela é contagiante. Curti a foto, e automaticamente um perfil começou a me seguir, entrei e era Bred. Bred era um garoto muito bonito, com certeza algum cara que eu me interessaria...mas por quê raios eu tô interessada na amiga dele?! O segui de volta.
O fim de semana passou bem rápido, e via no meu feed do Instagram fotos de Bred dariamente, queria ter esse amor próprio.
Na segunda ao chegar na escola, Ray estava na entrada entregando panfletos, com um sorriso radiante e nada comum pra quem acorda cedo numa segunda de manhã. A vi de longe e meu coração começou a bater forte, ou era só impressão minha.

- oioi - disse ela. É acho que não era impressão. Meu coração tava faltando sair pela boca. Não consegui responder, isso pois ela deu um sorriso radiante, e seus olhos azuis se destacaram com o brilho de forma harmônica. Ela vestia como de costume o uniforme, sempre engomadinho e sombrancelha feita. Era impressão minha ou Ray estava mais bonita hoje? - então, quarta vai ser a final do campeonato de basquete, esteja presente para nos prestigiar. - disse de forma decorada, ela estava falando isso à todos junto com um panfleto cor rosa.
- e você vai jogar? - consegui falar alguma coisa vendo o panfleto.
- sim - disse de forma animada.
- mas você tem tipo...um metro e meio... - disse olhando pra ela com certa expressão de medo de ter falado alguma merda.
- olha aqui garota - riu - eu tenho um metro e sessenta tá?!
- como vai disputar com inglesas com o dobro do seu tamanho? - passavam várias pessoas pela porta e ela não entregava os panfletos, apenas para falar comigo.
- basquete não se trata de tamanho, se trata de habilidade. - disse com expressão superior.
- tudo bem, então veremos sua habilidade na quarta. - disse com sorriso de canto, e olhar desafiador.
- isso foi um desafio? - perguntou rindo incrédula do meu ceticismo.
- no que mais você é boa? Você pratica esportes, canta, toca piano, violão, tira notas boas... - disse com certa raivinha branca.
- também toco violino, flauta, baixo, bateria; sei cozinhar e falar 4 idiomas.
- não brinca - disse incrédula.
- é, - disse rindo - francês, inglês, espanhol e polonês.
- polonês? Qual a necessidade? - perguntei incrédula.
- eu amo a Polônia. - riu.
- tá, eu desisto, vou pra aula - disse fingindo certa raivinha. Ela gargalhou.
- então você vai pro jogo né?
- claro! - disse automaticamente.
- então nos vemos lá, ou sei lá, por aí.
- é... - fiquei sem graça e saí andando balançando a cabeça. Senti uma puta vergonha. Ela ainda olhava quando eu ia em direção à sala, eu podia sentir seu olhar.

Love in CharterhouseOnde histórias criam vida. Descubra agora