27- Amélia

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Como eu vim parar aqui? Me levantei e Ray virou para o lado, quase acordando. Minha cabeça tava doendo pra caralho, puta que pariu! Eu preciso ir pra casa antes que ela acorde, eu nem sei o que aconteceu ontem...será se...? Tá, ok, não pira. Que merda e se eu tiver beijado ela...e pior, e se eu não lembrar disso? Ok, vou embora, vou pegar um ônibus sei lá...levantei e tava indo em direção à porta.

- não ia nem avisar que tava indo? - disse Ray sentada, estava meio séria, virada em minha direção. Virei em quase 360 graus pra olhar, levei um susto.
- eu...
- relaxa - riu - vou te levar em casa, pode ser?
- acho que não precisa... - disse virando o corpo para ela. Estava bem sem graça.
- você sabe onde está pelo menos?
- não, mas o GPS me ajuda.
- tá, você que sabe. Quer saber? Eu já me cansei de ser legal com você. - se levantou com cara de desgosto e foi em direção à cozinha, por impulso fui atrás.
- ei?... - disse sem graça na entrada da cozinha, observando ela beber água. Ela apenas encheu o copo na torneira, deu um gole e olhou pro chão e não falou nada. - desculpa. - olhei pras minhas mãos, de jeito sem graça.
- quantas vezes vai me pedir desculpas por ser... - olhei para ela.
- babaca? - ela olhou pra mim.
- é, babaca. - estava com expressão de superioridade. Olhei para o chão e assenti. Fui em direção à ela entregando um envelope que estava no bolso da minha jaqueta.
- toma. - disse seca sem olhar em seus olhos. Ela não estendeu a mão para pegar. - é sério, pega. - disse olhando para ela agora. Ela demorou dois segundos e pegou.
- o que é isso? - perguntou com tom seco olhando para o envelope.
- feliz aniversário. - eu fiquei séria. Ela colocou o copo de água na pia e abriu o envelope. Eu dei uma volta e fui saindo da cozinha, ia embora.
- Amélia?! - ouvi ela me chamar da cozinha, eu já estava na porta. Quando virei ela veio correndo em minha direção, parou à um metro de mim. - obrigada. - disse sem graça. Eu não disse uma palavra, apenas olhei por três segundos em seus olhos, ela me olhava de volta, o clima ficou muito tenso, sentia meus poros evidenciar desejo por ela naquele momento. Ela olhou para baixo, com certo tom de desconforto. - como sabe que eu gosto de futebol? - olhou novamente para mim, que não deixei de tirar os olhos dela nem por meio milésimo de segundo.
- um bom stalk diz tudo. - estava com um meio sorriso.
- mas aqui tem duas entradas... - disse olhando para as entradas
- vá com Bred, sei lá... - olhei para os lados e em seguida para ela. Ela abriu a boca e logo em seguida fechou, como se quisesse falar alguma coisa e depois pensasse que era melhor não, e olhou para os lados com expressão séria. - fala - disse olhando para seus olhos.
- nada...eu ia te chamar pra ir comigo, mas deixa, você não iria. - disse olhando para mim com certo desapontamento na expressão e na voz.
- quem disse? - perguntei séria. Ela piscou.
- então você vai comigo? - franziu o cenho.
- pode ser. - estava meio confusa quanto à resposta, isso porque eu ainda não sabia ao certo o que tinha acontecido durante a noite. - posso te perguntar uma coisa?
- claro... - franziu mais ainda o cenho.
- o que aconteceu noite passada? - ela piscou muito, e deu um sorriso sem graça.
- você vomitou muito e eu avisei pelo seu celular pra seu pai que você dormiria na casa de "uma amiga" - fez aspas com as mãos com certo riso.
- só isso? - fiquei confusa.
- é, mais ou menos... - disse olhando para o chão.
- mais ou menos? - perguntei assustada. Ela me olhou e viu minha expressão de pânico.
- você acha que...? - gesticulou com a mão apontando para mim e para ela, olhando para mim.
- ah sei lá... - disse querendo enfiar minha cabeça no chão.
- não...não. - disse ela olhando pro chão meio confusa.
- enfim. Acho que já devo ir. - disse me afastando.
- tem certeza que não vai se perder?
- quer saber? Eu aceito a carona. - disse me virando para olhar pra ela, que deu um sorriso sincero.
- ótimo.

Love in CharterhouseOnde histórias criam vida. Descubra agora