Oi gente! Antes de iniciarem a leitura, gostaria de avisar que neste capítulo é contado como foi o momento em que o pai de Harry e Gemma morreu, e talvez isso possa ser gatilho para algum de vocês, eu não sei, então preferi deixar claro para que não haja nenhuma surpresa.
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H A R R Y
Nevou pra caralho no mês de dezembro. A primeira semana do feriado de inverno era para ser a última semana de aulas de Gemma, mas caiu tanta neve no condado de Putnam que todas as escolas ficaram fechadas. Louis havia planejado passar os poucos dias antes do Natal com o pai dele, mas acabou preso na nossa casa. A temperatura ficou em torno de 0°C. O telhado da garagem estalava e gemia sob o peso da neve. Ficamos comendo queijo quente com sopa de tomate e vendo filmes natalinos.
Quando começamos a ficar sem nada para fazer, Laurie e Rikki nos emprestaram um quebra-cabeça de mil peças. Nós o espalhamos sobre a mesa de centro e trabalhamos juntos para montá-lo durante a maior parte da manhã e o começo da tarde da véspera de Natal. Depois disso, Gemma pegou os meus lápis de cor emprestados e trabalhou em um desenho que queria dar de presente para a mamãe. Louis sentou-se no sofá e ficou procurando por oportunidades de mídia no notebook, investindo na ideia de se tornar o garoto-propagando contra a pornografia de vingança depois das festas de fim de ano. Eu continuei com o quebra-cabeça, identificando uma peça após outra. Casava cada uma com sua vizinha pela cor, pelo formato, pelo conteúdo... Peça por peça, a satisfação foi crescendo até eu terminar a coisa toda.
Olhei para o que havia feito e me dei conta de que havia passado o dia inteiro absorto em uma metáfora. O quebra-cabeça era o futuro, sem forma e confuso. Mil decisões minúsculas que teria de tomar. Mil coisas para descobrir sem muita coisa para me guiar além de uma ideia.
Naquela noite, com neve cobrindo os campos e o telhado da casa de Laurie e Rikki – com neve nas estradas, sobre os trilhos dos trens e acumulada nos cantos das janelas –, fizemos uma tigela imensa de pipoca e assistimos a Como o Grinch roubou o Natal. Eu me sentei entre Gemma e Louis, os braços estendidos entre os dois no sofá, os pés apoiados na mesa de centro, luzes piscando no pinheirinho artificial que Gemma e eu compramos no Walmart.
Depois que minha irmã foi para a cama, Louis me ajudou a arrumar os presentes e nós desligamos a luz do teto e ficamos curtindo o brilho da árvore, vendo a neve cair. Não dissemos nada. Não precisávamos. Estávamos ali. O que viesse a seguir seria como o quebra-cabeça. Complicado, mas eu poderia montar uma peça por vez. Embora eu tenha vindo de uma família com problemas e enfrentado um monte de merda, eu tinha clareza no olhar, curiosidade e perseverança.
Eu tinha Louis comigo. O futuro se encaixaria no lugar, uma peça por vez.
– Não, eu sei.
É a hora do almoço do dia de Natal. Louis está andando da porta da frente do apartamento até o fundo da cozinha. Está com o pai em um fone de ouvido, as mãos enfiadas nos bolsos de trás da calça jeans. Ele está usando um suéter verde-escuro com uma gola convidativa. É uma blusa que deveria ser festiva, mas também é sexy pra cacete. Tem uma sombra sob a clavícula dele em que eu adoraria pôr a boca.
– Sim, eu sei – diz ele ao pai. – Sinto muito por não estar aí. Eu queria estar. Se o tempo melhorar em uma ou duas horas, vou tentar ir esta noite.
Devo estar franzindo a testa, porque ela levanta as sobrancelhas e os ombros de uma só vez, como que dizendo: “O que você quer que eu diga a ele?” É Natal.
– A estrada vai estar escorregadia.
– Talvez esteja – diz ele ao pai, que deve ter dito exatamente a mesma coisa que eu. – Vou ficar de olho no tempo e...

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Intenso
Romance{Sequência da obra "Profundo"; adaptação disponível em meu perfil} A vida de Harry Styles foi do céu ao inferno em poucos meses. Ele achava que era possível ter um futuro melhor, mas acabou retornando para os dramas diários de sua família. Agora, em...