O que é o amor?

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— Esse é o mundo, minha criança, nada é de graça e os homens são todos iguais, nenhum presta, nem seu pai, nem ninguém...

  Ela olhou para a mãe, irritada na cozinha, socando panelas e deixando rolar lágrimas borrando a maquiagem que fez com tanto esmero horas atrás.

  T olhava aquilo sem entender direito.

  Aos seus olhos não fazia sentido...

  Por que seu pai não amava sua mãe? Eles eram casados, eles deviam se amar, mas ele sempre fazia sua mãe chorar, sempre, quase todas as noites, T chegava da escola e lá estava sua mãe, ora furiosa, ora depressiva e aquele sofrimento todo a deixava cada vez mais assustada. Por que? Por que faziam isso?

  Se não se amavam deveriam estar juntos? Por que viviam assim? Por que tanta dor?

  Então seu pai adentrou embriagado em casa e ela já sabia o que iria acontecer. Ele tirou o cinto e T correu para o quarto.

  Sempre tinha medo dele quando voltava assim.

  E cada vez ficava pior. Ela queria fugir, queria sumir dali. Sabia que um dia seu pai abriria a sua porta e acabaria batendo nela também.

  Ela precisava fugir e foi naquela noite que ela fez, jogou algumas coisas em sua mochila, o essencial e pulou a janela correndo de casa para a casa da amiga na rua vizinha.

  Então, o que nunca esperou, mas temia quando seus pesadelos vinham na noite assustadora aconteceu. No dia seguinte seu vizinho veio atrás dela lhe dando a notícia que mudaria todo o seu mundo.

— Sua mãe matou seu pai, Anasthasya. Venha, você precisa vir.

  T abriu os olhos sentindo um frio horrível em seu corpo. Estremeceu.

  Quase nunca lembrava dos seus anos de colégio. Mas as lembranças surgiram dessa vez. Ela simplesmente odiava.

— Anasthasya?

  Ela ergueu os olhos e o deus loiro de covinhas a olhou do outro lado do quarto.

  De pé, em frente a única janela agora coberta por uma cortina grossa vinho de veludo, ele lhe sorria suave.

— O que?

— Tudo isso é passado. Precisa deixar ir.

— Que é? Você também é vidente agora, é algo do tipo que está na cor dos cabelos de vocês? 

— Não, não sou vidente, mas te conheço há muitos anos, você e Jade, eu venho assistindo seus passos, contudo nunca pude intervir até que vocês duas se encontrassem, fazia parte das regras impostas a mim para vir encontrar minhas consortes. Ordens de cima que não podia desobedecer. Eu esperava que ao menos uma das duas fossem crédulas para pedir ajuda, ou orarem para algum deus, por que daí, eu poderia intervir, mas ambas são muito céticas, embora de personalidades bem diferentes. E o livre arbítrio não pode ser movido. Assim eu esperei até agora.

  T evitou rolar os olhos e saiu da cama.

  Ao menos estava bem vestida, quente e com meias grosas nos pés, aquele lugar era muito gelado, frio.

Oito deuses na minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora