Trato é trato

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T olhou para o teto.

Não sabia quanto tempo tinha passado, mas se deu conta que tinha muitas lembranças boas perdidas na obscuridade da sua mente. Lembranças surpreendentes e misteriosas. Sorriu um pouco irônica.

Quem diria que ia encontrar coisas assim no inferno?

O cara de covinha talvez tivesse razão. Ela estava perdendo tempo e nada era definitivo, com aquela caixa ela podia sair dali quando quisesse, não estava presa, não custava aproveitar, não é? Aliás, sua melhor amiga ia passar a viver ali, voltar para casa sem Kell nunca seria a mesma coisa, não teria a amiga para comer com ela no fim do dia, não teria as raras risadas de Kell como companhia, iria ficar sozinha, mais sozinha do que já era.

E havia muitas coisas que suportava, mas perder a amiga de tantos anos não era uma delas.

Ficaria ali e veria no que dava, uma hora aqueles deuses teriam que voltar para o lugar deles seja onde for, então não a perturbariam tanto, só precisava ter paciência e esperar e curtir enquanto dava, afinal lembrava bem da noite passada entre aqueles dois deuses do sexo, seria de fato um desperdício não experimentar mais um pouco deles. E dos outros três, por que não?

Já estava no inferno mesmo...

Agora que acabou a epifania podemos conversar? E ah, para de chamar o submundo de inferno, Hades não gosta.

T não se levantou, queria dar na cara daquele deus, mas deixou estar, por que estava cansada e por que bater nele não ia resolver, aquele ser entrava na cabeça dos outros e ela queria muito que ele se desse mal uma hora, ah como queria...

Olha, eu sei que você me odeia e tudo, mas estou aqui para fazer uma acordo então podemos conversar como gente normal?

E você é gente normal?

T se virou e encarou o metaleiro japa esquisito que sua amiga estranhamente gostava. Sério, o que Kell viu naquela criatura?

Anasthasya, você quer mesmo saber disso?

Ele lhe deu um sorriso do gato da Alice e ela bufou, cruzes, nem sob tortura queria saber daquilo.

Se sentou no chão e olhou para o pedestal da cama onde ele estava escorado com se o quarto fosse dele. Arqueou as sobrancelhas irônica:

Acha que meu quarto é a casa da mãe Joana para ir entrando assim?

Eu posso entrar em qualquer lugar, mas se isso te incomoda eu posso bater na próxima vez.

Não haverá próxima vez.

Será?

E ambos se encaram com a mesma expressão cínica, até que incrivelmente Zmey cedeu primeiro. Ela riu.

Olha, vamos parar de brincar, eu não tenho muito tempo, eu preciso que faça um favor para mim e eu farei outro para você, que tal?

Não faço acordos com você, sei muito bem quem é você e eu quero manter minha alma parra mim mesma, obrigada.

Oito deuses na minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora