O Tempo Entre Nós

Adeus

Mudanças são as vezes necessárias, e sinto que chegou este momento, parti com Jonathan significa escrever um novo capítulo nessa minha jornada. Estive ansiosa nesses últimos dias, papa até que aceitou bem a idéia, mas a dúvida ainda mesmo que pequena permanece, um novo país, nova língua, novos costumes,hábitos, isso vamos ter que superar a cada dia, mas eu jurei pra mim mesma ser forte todos dias, por mim, por papa e por Jonathan.
Ao terminar nossas malas um carro buzinava em frente à minha casa, logo percebi ser Jonathan, estava na hora.
Chegando no aeroporto o frio na barriga ficava mais forte quando a voz locutora anunciava nosso vôo, segurei firme as mãos de papa enquanto Jonathan ajeitava nossas malas no carrinho. Já dentro do avião papa se mostrava bastante nervoso, talvez por ser sua primeira viagem, senti suas mãos frias e trêmulas  ao tocá-las.

-Ei papa, você está bem?

-Se tem uma coisa que não estou é bem minha filha. É seguro mesmo ficarmos aqui em cima todo esse tempo? Esse avião não chega nunca.

Dei uma leve risada e segurei firme  suas mãos na tentativa de acálma-lo .

-É seguro sim papa, não tem com o que se preocupar. Você acha mesmo que te colocaria em perigo? Confie em mim, logo logo estaremos no chão.

-Acredite meu sogro, você está mais seguro aqui em cima do que em terra firme.

Era a vez de Jonathan ajudar.

-Só espero que todos estejam certos, essa viagem será longa pra mim.

-Por que não dá um remédio pra ele poder dormi? Eu tenho vários aqui, deixa eu ver.

Carmen tira uma cartela de remédio de sua bolsa e oferece Lyly.

-Tome, esse é tiro e queda, quando ele acordar estaremos nos EUA já.

-Obrigada senhora Carmen. Até  irei tomar um, confesso que estou um pouco nervosa também.

-Não há de que querida, mas senhora está no céu, já disse pra mim chamar somente de Carmen.

-Me desculpe, é a falta de costume ainda.

-Ei papa, tome isso, vai te ajudar a dormi um pouco.

-obrigado minha filha.

Foi questão de minutos e Manoel já estava completamente sedado.

-Nossa, vejo que seu pai já se juntou ao meu, os dois apagaram.

-Sim, estou aliviada agora. Acho que serei a próxima.

-É minha mãe, acho que vai restar só nós dois.

-É bom que terei silêncio para terminar esse meu livro. E você pode fazer companhia sua namorada também, quanto mais silêncio para mim, melhor.

-Ótima idéia mãe. Me dê um desses.

Ao meu lado esquerdo papa já estava começando a roncar, do meu outro lado Jonathan bocejava intensamente, ajeito minha cabeça em seu ombro e pego carona em seu sono, e assim a viagem seguiu tranquila e rápida.

                              ...

"Atenção senhores passageiros, são exatamente 15:30 horário de Nova York, preparar para impacto de aterrissagem"

O barulho das rodas sendo freadas foi o som mais lindo que ouvi nos últimos anos, era sinal de que já estávamos em solo, a expressão no rosto de papa era a mesma, enfim a chegada tão esperada depois de longas dezesseis horas.

- papa, acorde, chegamos.

Se eu soubesse que acordá-lô naquela situação gerasse uma confusão danada a seguir, eu daria um jeito de carregar papa no colo ao sair do avião.

-O que foi? O que está acontecendo Meu Deus, estamos caindo? Segure-se minha filha. Socorro! Socorro! Socorro!

Papa estava completamente descontrolado ao ponto de se agarrar em mim e não querer soltar mais, foi necessário Jonathan, seu pai e mais alguns rapazes para fazê-lo acordar e largar meu pescoço, eu já estava vermelha e quase sem ar.

-Calma papa, acorde, já estamos no chão, me solte.

Depois de muito custo e alguns copos de água em sua cara, papa acordou do seu transe.

                             ...

O desembarque foi  mais tranquilo do que eu imaginava, não ser parada na imigração era tudo que eu queria, afinal meu inglês era bem pobre e aqueles soldados gostavam de fazer bastante perguntas, ainda bem que Jonathan e seus pais eram fluentes e toda informação era por conta deles. Após finalmente despachar as malas do avião e passar por todo aquele processo de escaneamento na esteira, fomos liberados para pisar em solo americano, agora só nos restava  esperar alguém pra vir nos buscar. Escolhemos nossos assentos e por alguns minutos ficamos por ali no aeroporto esperando pacientemente.

                              ...

Está se sentindo melhor papa?

-Agora sim minha filha, como é bom estar com os pés no chão.

-Nosso motorista já está a caminho, logo logo estaremos todos em casa e acomodados.

- Jorge, eu estou exausta e  precisando de um bom banho.

-Todos nós estamos querida.

Minutos depois um grande carro preto se aproxima.

-Ali está ele, vamos peguem suas malas.

Algumas horas de estrada foi o suficiente pra se passar bastante coisa na minha cabeça, "Meu Deus, eu estou em outro país". A ansiedade só aumentava em conhecer mais daquela cidade, daquele país, eu parecia está em um paraíso, era tudo imenso a minha volta, a cidade de Nova York era simplesmente incrível, prédios enormes, pistas longas, luzes para todos os cantos, era bastante encantadora. O carro foi parando bem devagar e de longe dava pra ver a sacada da casa dos pais de Jonathan, era também muito incrível, uma grande casa azul com bastante janelas, as cortinas cor de vinho  balançavam com o vento que trazia um ar bastante refrescante, e aquele verde do jardim me fez lembrar o Brasil, "será já a saudade? ". Eu estava amando meu novo lar, minha nova vida.

-Enfim chegamos.

-Ah,como é bom estar em casa.

-Lyly, senhor Manoel. Sejam bem vindos.

-Obrigada, senhor Jorge. É incrivelmente linda, não é mesmo papa.

-Acho que eu nunca tinha entrado numa casa tão linda e chique.

- É inteiramente decorada por min, espera só verem o interior.

-A mamãe Graças a Deus sempre teve bom gosto.

-Então, vamos entrar todos.

Por um momento fiquei dispersa  admirando todo aquele lugar enquanto todos entravam. Até Jonathan perceber que estava ficando para trás.

-Amor, você não vem?

Jonathan se aproxima e estende sua mão para mim.

-Claro amor.

Estendo a minha e sou conduzida por ele na esperança de que tudo seria como nos nossos mais belos sonhos.