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Há sempre um momento reflexivo segundos antes de você dar o seu último suspiro. Eu, neste exato momento, estava tendo um desses, que duravam já... - Olho em meu relógio imaginário - 30, 40 minutos? Bom, o tempo é irrelevante. O que de fato importa é que toda a maldita viagem da casa de meus pais até o aeroporto eu fui presentinho minha morte iminente.

Eu morreria em um dia de folga, em que fui obrigada a trabalhar por meu chefe narcisista, que pelo jeito não se compadecia nem um pouco da minha pobre pessoa.

É justamente por sua culpa eu estou aqui. Presa em uma van, com meus 4 melhores amigos - sendo um deles o meu irmão - no trânsito caótico de Nova Iorque, tentando buscar um grupo de chineses e consequentemente tentando não ser demitida pelo - furioso e mal humorado - Gabriel que estava preso em algum lugar fora de Nova Iorque, ou seja, bem longe dos chineses e da importantíssima reunião que eles teriam em menos de 1 hora.

- Por mais que eu não quero chegar atrasada para buscar os chineses, eu também não quero morrer em uma das suas curvas suicidas! - Digo a Christopher, que dirigia a van e quase me matava do coração toda vez que botava o veículo para andar, já que ele havia levado a sério quando disse para ele ir "voando" para o aeroporto.

- Relaxa Maluzinha. Você vai mostrar para o idiota do seu chefe que consegue fazer o percurso de 1 hora e meia em 40 minutos. - Sorri, certamente adorando ter uma desculpa para pisar no acelerador sem dó.

- Esses chineses falam inglês né? - Derek pergunta no banco de trás, completamente relaxado, como se o seu amigo no banco do motorista não estivesse colocando a vida de todos nós em risco. - Uma chinesa me ensinou umas palavras em chinês, mas eles não irão gostar de ouvi-las já que são do tipo conservadores. - Ri malicioso e eu reviro os olhos.

- É claro que eles falam inglês. E a propósito... Mantenha sua boca bem fechada. Já basta eu ter que pisar em ovos para lidar com esses caras, não preciso de sua ajuda para acabar de ferrar com o meu emprego, que já está por um fio.

- Relaxa Maluzinha, vai dar tudo certo. - Chris sorri me olhando, fazendo com que meu coração pare uma batida.

- Por Deus! Mantenha os olhos na rua. - Ralho. O suor se forma em minha testa apesar de ser um dia frio.

Hoje eu havia acordado cedo, mas feliz.

O Gabriel precisou viajar a negócios e me dispensou por um dia, já que em seu retorno ele teria uma reunião com possíveis clientes chineses, que relutavam em fechar acordo com Gabriel. Por isso a reunião era tão importante e decisiva. Gabriel não me queria ao lado dele para cometer uma gafe e ferrar com uma negociação que durava meses. Mas como o universo não se importava com ninguém, nem mesmo com o poderoso senhor Ulric, Gabriel ficou preso em uma cidadezinha no meio do nada.

Um acidente na estrada fez com que o motorista de meu chefe arriscasse um atalho, para que o impaciente homem no banco de trás não chegasse atrasado ao aeroporto e consequentemente ao encontro dos chineses. Mas o coitado do homem se enrolou todo, acabou perdido Deus sabe lá onde e ainda conseguiu bater o carro quando um animal não identificado saiu do meio do mato e atravessou correndo em frente ao carro.

Resumindo: O motorista estava demitido e depois de andar muito e encontrar uma casinha no meio do nada, Gabriel conseguiu me contactar e ordenou que eu fizesse os chineses esperarem por ele que chegaria... Deus sabe quando.

Uma negociação importantíssima estava em minhas mãos. Os chineses eram sistemáticos e era possível virarem as costas e irem embora assim que eu falasse que Gabriel iria se atrasar, mas meu emprego dependia disso e eu faria de tudo para que esses chineses esperassem Gabriel chegar... Deus sabe quando...

Livro 1: ME AMEOnde histórias criam vida. Descubra agora