POV. Gabriel Ulric
— Mais rápido! — Ordeno ao taxista que parecia a ponto de me jogar do veículo.
Eu já estava atrasado a 5 horas. A 5 malditas horas!
Minha vontade era de esganar o maldito motorista que havia me colocado nessa grande confusão. Se não fosse por ele e sua brilhante ideia de ir por um atalho eu estaria no máximo 1 hora atrasado, já teria me encontrado com Huang e os mandado para bem longe de Campbell e de sua instalibildade.
Neste momento não sei o que mais me preocupava. Estar tão atrasado ou saber que o senhor Huang passou 5 horas ao lado de Malu.
Claro, era impressionante o fato dela ter conseguido manter o chinês — que tinha fama de inflexível — esperando durante tanto tempo. Mas eu tinha aquela leve dúvida em meu interior. Será que os chineses estavam por livre e espontânea vontade? Ou Malu havia os coagido a ficar? Os raptado talvez?
Já podia imagina-los amordaçados, amarrados, preso em cadeiras enquanto a garota sorria dizendo que eles não sairiam dali até que eu chegasse.
Que ela não tenha feito isso! Porque se tratando da Malu, eu não duvido de absolutamente nada.
— Chegamos. — O taxista diz a contra gosto assim que chegamos a praia de Hampton em Long Island, onde, segundo Malu, os chineses estavam, junto com ela e sua família que faziam um luau em comemoração ao 60 anos de casados de seus avós.
Jogo um bolo de dinheiro para o taxista.
— Pode ficar com o troco. — Saio do carro apressado e deixo um taxista muito feliz pela gorda gorjeta que acabou de receber.
Meus sapatos caros afundam na areia e neste momento qualquer que me veja deve estar pensando o porquê de ter um homem de terno e gravata no meio da praia.
Irritado com Campbell por o lugar ser tão impróprio, eu caminho para o local mais afastado da praia.
Meus sapatos já estavam arruinados, meus cabelos desgrenhados pela brisa marítima e eu já começava a duvidar que o local fosse esse mesmo quando ouço uma música animada, que lembrava um pouco o Havaí, então deduzo que estava no caminho certo.
Encontro uma decoração adorável no meio do nada.
Havia fios de luzes espalhados pelo ar, iluminado todo o pedaço da festa que estava repleta de pessoas de roupas casuais, leves e que se adequava ao clima praiano, com colares de flor em volta do pescoço. Assim que me aproximei um pouco mais e não consegui visualizar minha assistente eu parei uma moça que parecia ser nativa de Samoa, com sua pele caramelo e cabelos negros lisos, ela me olha com uma expressão estranha e depois ri, completamente bêbada.
— Nossa. Acho que estou começando a ter alucinações. Estou vendo um deus grego, de terno, na praia... — Ri de novo e eu me forço a permanecer com a expressão neutra apesar de querer revirar os olhos ao ouvir tanta baboseira.
— Preciso encontrar a Malu Campbell e um grupo de chineses. — Vou direto ao ponto. A moça coloca a mão no quadril e me olha, oscilando perigosamente de um lado para o outro.
— Ah! — Ela bate na própria testa e ri ainda mais. — Você deve ser o chefe gostoso da Malu. — Me da um tapinha no ombro e eu permaneço quieto, impaciente e doido para encontrar a droga desses chineses e ir embora para minha casa dando fim a esse dia de merda. — Quer dizer, eu não sei se você é gostoso. É o que dizem, se bem que eu acabei de comprovar isso... — Divaga e eu conto mentalmente até dez, buscando por paciência.
— Onde ela está? — Pergunto novamente e a moça olha para mim confusa.
— Quem? — Estava a ponto de perder a paciência quando vejo a dita cuja correndo em minha direção. Ignoro a moça que não me foi útil e caminho rápido até minha assistente que parece feliz demais em me ver.
— Gabriel! — Sorri e meus olhos olham direto para sua mão onde havia um copo contendo um líquido azul, provavelmente alguma bebida alcoólica.
Será que todo mundo nesta festa está bêbado?
— Você bebeu.... Em serviço? — Ralho com ela e a mesma franze as sobrancelhas.
— Eu não estou trabalhando. Estou comemorando. Quem está trabalhando é você. — Cutuca o meu peito.
— Isso não importa. Onde estão os chineses? — Ignoro seu estado e sua ousadia. Tudo o que quero é resolver isso logo e sair daqui.
— Vem, vou te levar até eles. — Pega minha mãos e sai me arrastando para o interior da festa que parece cada vez mais abarrotada. No meio do caminho eu ganho um colar de flores, colocado por alguém que não consigo identificar. Antes que possa tirar aquela coisa ridícula do pescoço chegamos ao chineses que nesse momento estavam dançando, uns atrás dos outros, em uma espécie de conga, juntamente com mais algumas pessoas.
— Eles estão dançando? — Pergunto ainda não entendendo como aquele ser inflexível, incapaz de dar um sorriso, vulgo: senhor Huang, estava agora vestido com uma camisa floral, bermuda, chinelo e o bendito colar de flor, enquanto dançava conga de um jeito descoordenado.
— Sim. Eles estão se divertindo para caramba. — A garota ao meu lado parece satisfeita e não é por menos, ela conseguiu fazer o inimaginável.
— Você deu bebida a eles? — Pergunto ao ver o sorriso frouxo do baixinho careca que era secretário do senhor Huang.
— Não. — A garota me olha estranho. — Eu ofereci, eles beberam por livre e espontânea vontade.
— Me diga que eles não estão bêbados… — Peço massageando minha cabeça dolorida pela enxaqueca que me atormentou o dia inteiro.
— Eles não estão bêbados. — A garota repete, mas sei que não é verdade, posso ver nos olhos do Huang assim que ele me nota e vem cambaleando em minha direção.
— Ulric! Finalmente! Achei que me deixaria esperando para sempre. Se não fosse sua assistente já teria ido embora a muito tempo. Sorte sua ter uma funcionária tão dedicada. — Abraça Campbell pelos ombros e a garota sorri me olhando com soberba. — Agora que você já chegou podemos ir aos negócios. — Comenta erguendo o copo de bebida que tinha na mão.
— Você está bêbado. Não tem a menor condição de tratar de negócio com você neste estado. — Digo irritado e o senhor Huang parece ofendido com o meu tom duro.
— O que ele quer dizer... — Malu tenta amenizar. — É que devemos curtir a festa e só amanhã falar de negócios. — Sorri doce para o chinês que concorda com as palavras da garota sem pestanejar. — Tenho certeza que o senhor Ulric gostaria de aproveitar a festa também.
— Eu... — Já ia negar quando o senhor Huang me agarra pelos ombros, ou pelo menos tenta, já que ele era bem mais baixo que eu.
— Isso! vamos comemorar a nossa futura parceria! — Ergue o copo novamente deixando algumas gotas voarem perigosamente perto do meu terno Vanquish II , um dos mais caros do mundo e também do meu guarda-roupa.
O chinês me arrasta, entusiasmado, rumo aos seus companheiros.
— Vê se se comporta hoje e garante esse negociação amanhã. — Malu sussurra para mim e eu trinco o maxilar.
Acho que meu plano de terminar isso o mais rápido possível e ir para casa descansar acaba de dar terrivelmente errado.
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Livro 1: ME AME
Romance• Série Poderosas • Livro 1: ME AME Malu Campbell é uma garota excêntrica. Com um vestuário diferente e gostos peculiares, a garota chama a atenção por onde passa, arrancando cochichos e risadas maldosas, mas ela não se importava, há poucas coisas...