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POV. Malu Campbell

Pouco mais de um mês atrás eu estava sendo expulsa novamente da vida de Gabriel, através de uma tentativa falha de me aproximar e de o fazer ir no casamento da própria irmã. 

Eu já havia perdido as esperanças de que um dia pudessemos nos reencontrar e agir como pessoas normais, sem farpas, irritação ou descaso. Mas é claro que o universo está pouco se lixando para o que achamos ou não. 

Um mês após nosso último encontro e 3 dias após minha entrada no hospital, aqui estamos nós. Juntos, e bom... Nunca pensei que pudessemos nos ver novamente, mas com certeza nunca cogitei a possibilidade de ver minha própria mãe ir para cima de Gabriel com os punhos cerrados e depositar um — belo — gancho de direita em seu rostinho impecável.

— MÃE! — Grito abismada, assim que vejo Gabriel virar o rosto, devido ao impacto do soco. Seu corpo grande nem havia se movido do lugar. Minha mãe era uma mulher até alta, com 1,78 de altura, mas Gabriel ainda era bem maior e mais forte que ela. Ainda sim foi surpreendente sua atitude.

Eu desço da cama, sentindo meu corpo reclamar de dor, mas eu a ignoro e me posto entre Gabriel e minha mãe que parecia decidida a o espulsar dali — literalmente — a força.

— Chega, mãe! — Reclamo vendo a insistência dela em chegar até Gabriel que ainda parece perplexo.

— Não use esse tom comigo, Malu Diana Campbell! — Usa meu nome completo, mostrando o quanto está irritada. Reviro os olhos ao ouvir meu segundo nome, que não combinava nada com o primeiro e nem comigo, mas tendo um pai "geek" foi impossível não ter meu nome do meio em homenagem a Mulher Maravilha, uma das super heroínas preferida de meu pai. 

Ouço Gabriel rir, mas não um simples riso e sim uma quase gargalhada. Eu me volto para ele e o vejo massageando o lado que foi atingido. 

— Agora sei a quem você puxou. — Fala comigo sorrindo de maneira descontraída. Eu nunca havia o visto tão leve e... Feliz? Devo admitir que era uma bela visão ver um sorriso estampado em seu belo rosto. Queria guardar essa imagem para sempre em minha mente.  

Se soubesse que um soco na cara faria que Gabriel tirasse aquela expressão fechada, de quem carrega o mundo nas costas, já teria feito isso, com muito prazer. 

— O que você quer dizer com isso? — Minha mãe coloca as mãos no quadril e o olha indignada.

— Nada, nada. — Ajeita o paletó e a expressão suave some de seu rosto substituída por sua cara de homem de negócios. — Lamento profundamente o transtorno Sra. Campbell. Prometo que me manterei afastado da sua filha. Só queria me certificar de que ela estava bem, não era minha intenção desrespeita-la. — Diz humilde e até minha mãe fica confusa, já que não esperava isso. 

— Não! — Me manifesto. — Você não vai para lugar nenhum. — Me agarro em seu braço. Minha mãe estreita os olhos em minha direção, mas eu ignoro o seu olhar. — Ele pode ter sido um idiota, mas ele salvou a minha vida, mãe. Acho que por mais babaca que ele tenha sido, ele compensou isso... Salvando a minha vida! — Destaco a última parte, mas minha mãe parece não se abalar com isso.

— Saia! — Rosna para Gabriel e ele assente, tirando delicadamente minha mão do seu braço. 

— Adeus, Malu. — Diz sem me olhar. — Mais uma vez, desculpe o transtorno. — Fala para minha mãe e sai do quarto sem olhar para trás. 

Vejo ele saindo e sinto que de alguma forma o que estávamos construindo havia acabado ali. Tudo por causa de minha mãezinha e sua boca grande... E o soco, é claro.

— Mãe!? — Falo indignada.

— Nada de mãe, Malu Diana Campbell! — Ela cruza os braços. — Deixo você sozinha por um minuto e a senhorita já se mete em confusão.

Livro 1: ME AMEOnde histórias criam vida. Descubra agora