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Gente, um aviso! (03/08) O Capítulo 22 - Restos Mortais, anterior a esse, está postado. Confiram se o Wattpad por acaso não o pulou!
Jack desaprendera o que era ter uma boa noite de sono.
Acordava no meio da madrugada; um desespero infundado apoderando-se de seu peito; a taquicardia soando alta demais para que ele conseguisse ignorá-la. Levantava-se. Buscava por um cigarro; a tosse arranhando sua garganta; o pigarro anunciando o excesso de tabaco, a proporção que seu vício havia tomado. Então, ele bebia uísque; o torpor do álcool misturado à nicotina obrigando-o a conseguir relaxar minimamente.
A cada noite, entretanto, ele sucumbia a mais uma dose.
O delegado Walters lhe concedera uma licença, após a conclusão do caso Montgomery. Jack e Oz raramente tiravam férias; a rotina sendo proveitosa demais para ser bruscamente interrompida. Mas naquele momento, no início de dezembro, a desmotivação do detetive tornara-se aparente demais. Era nítido em suas olheiras profundas, a magreza que começava a se revelar no maxilar muito definido; seu pomo de adão sobressaindo-se no pescoço.
Randall não teve escolha a não ser acatar aos pedidos de Oz, forçando Jack a se ausentar do trabalho enquanto sua mente não voltasse a funcionar normalmente. Enquanto ele mesmo não voltasse a funcionar. Seu dia-a-dia evoluíra para manhãs de cortinas fechadas, refeições mínimas, bebida alcoólica e muito cigarro.
Seus pensamentos tortuosos consistiam nos mesmos. Detestava fechar os olhos e esbarrar na figura de Cassandra Pavlova. Agradecia pelo fim do outono; pelo término da sequência de céus nublados que lhe obrigavam a visualizar os olhos dela, a desejar por mais uma tempestade em que ela estivesse em seus braços. E a saudade dilacerante atrelava-se à reflexão do quanto havia fracassado; do quanto falhara em protegê-la.
A solidão era ensurdecedora.
Às vezes, voltava a pensar em Grace, entregando-se à melancolia; às imposições de que nunca alcançaria a felicidade plena que sentira no início da juventude. Cassandra lhe trouxera a esperança, no entanto, ele novamente fora incapaz de cultivá-la.
Saía à noite. Gostava da vida noturna, lembrava-o dos momentos que tivera com sua feiticeira; dos primeiros encontros, da sensação de plenitude combinada à imprevisibilidade, à necessidade de viver cada instante como se fosse o último.
Até que, de fato, houve o final. Um final amargo, destrutivo que arruinara sua história condenada desde o começo.
Desde que a cidade de Nova Orleans perdera sua feiticeira, os dias escorreram, lentamente fundindo-se uns aos outros para produzirem semanas intermináveis de marasmo. As manhãs transformavam-se em noite de modo tão brusco e repetitivo, que ele desistira de acompanhar a passagem do tempo. Para ele, noites e dias eram profundamente semelhantes; ambos sombrios, ambos sem propósito. Jack cutivava seu despertar após a meia noite, e naquela ocasião, vagava por mais um início de madrugada em seu carro; a movimentação do Sazerac Bar convencendo-o a ceder à sua necessidade de uma dose de uísque. Provavelmente dupla. Talvez tripla.
Uma canção de jazz lhe recepcionou; conversas acaloradas vibrando em pleno domingo; era o momento em que o vazio conquistava os solitários. Jack, melancólico e sombrio, baixou a cabeça e se encaminhou ao balcão. Ele sentou sobre o banco de madeira, o mais distante que pôde do restante. O detetive não queria ser reconhecido; fator que revelara-se constante desde que fora de encontro à bailarina; ele recebera a fama dela como herança. Mas diferente de Majorie Montgomery, a glória, para ele, não era mais interessante.
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Entre Tangos & Tragédias
Mystery / ThrillerEm 1935, a bailarina mais famosa de Nova Orleans foi encontrada morta. Marjorie Montgomery estava com o tule branco ensanguentado, e montada no carrossel próximo à atual localização de seu circo, o Guadolomon. Os olhos verde-esmeralda foram rouba...