BETSY
Parece que fico horas olhando para a porta depois que o Levi bate ela atrás dele.
Minha vontade é gritar por ele, mas nós dois sabemos que isso não poderia ir mais longe.
Limpo minhas lágrimas e me sento desconfortável no meu sofá, dói tudo.
Eu quero gritar para o mundo ouvir como as vezes essa vida é injusta.
Porque é tão difícil amar livremente, sem sermos julgados, então duas pessoas não se podem gostar, porque uma delas é comprometida, alguém é de alguém?
O que dá o direito de uma pessoa achar que a outra é dela, seu pai é seu, sua mãe é sua, seu filho é seu, até chegar alguém na vida dele é tirá - lo de você também.
Eu acho que eu fiz o certo, mas não tenho certeza, porque a dor que está gravada no meu peito me diz que não foi tanto assim.
Tudo isso é muito errado!
Olho ao redor do meu apartamento, e me sinto sufocada, triste e pateticamente sozinha.
Não faz nem uma hora que ele saiu, e o vazio que ele deixou está acabando com minha sanidade.
Me levanto, e vou para o quarto, estou exausta, só tiro a roupa, e me deito, a minha vontade é fechar os olhos, e acordar disso sabendo que não passou de um pesadelo.
Fecho os olhos.
Acordo encharcada de suor.
Olho o relógio, e são duas e dez da madrugada.
Tento sentar, mas não consigo, minha cabeça dói tanto, que a ânsia de vômito vem forte.
Com muita dificuldade viro de lado, e pego a cabeceira da cama para me levantar, minha barriga fica dura, e sinto tanta dor que solto um grito agudo.
Oh meu Deus, ainda não é tempo dele nascer!
Outra dor vem pior, e faz eu ofegar, o suor escorre na minha testa, meu corpo todo está pegajoso.
Me sinto ardendo em febre.
Minha barriga endurece mais um vez, outro grito rasgado sai da mina garganta, tento respirar, mas até isso é ruim.
O Théo sai da sua cama, e me olha apreensivo e choraminga.
— Eu vou ficar bem filhote, aí meu Deus que dor!
Respiro rápido diversas vezes.
Procuro meu celular, ele não está aqui.
Levanto, e praticamente me arrasto até a sala.
Aqui ele também não está, pego o interfone, por sorte o porteiro atende, e com muita dificuldade falo.
— Senhor Fausto!
— Senhorita Betsy, é o Pedro, o senhor Manuel está de folga, está tudo bem!?
— Senhor Pedro, por favor, eu preciso de ajuda, eu acho que o meu bebê vai nascer!
— Estou subindo!
Assim que o Pedro sobe, ele vai até meu quarto, pega minha bolsa e a bolsa do bebê, depois de perguntar se ele achou meu celular, ele diz que estava em cima do armário da cozinha, então saímos.
Ele me coloca em um Uber suando e gritando de dor.
— Eu não posso deixar a portaria sozinha srta. Betsy! - Ele fala preocupado.
— Eu a levo senhor, não se preocupe.
O motorista fala, e arranca com o carro.
Assim que chegamos ao hospital, eu sou atendida rapidamente, e por sorte meu médico estava de plantão, e estamos no terceiro exame de ultrassom, e eu não estou gostando nada da cara do médico.