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Chase acordou com uma leve dor na cabeça para lembrá-la que ela não tinha mais 20 anos, e que 3 cervejas seguidas, em dia de expediente, eram demais para ela. Resmungando, ela forçou o corpo a ficar sentado na cama de seu pequeno trailer e decidiu que parecia frio demais para um dia no sítio de ossos. Ora, então era por isso que ela tinha desistido daquela loucura toda - terra, ossos e frio, muito frio, dependendo do estado.

Sorriu de leve ao lembrar da noite leve que teve com August. Fazia poucos dias que tinha conhecido a menina, mas, por Deus, ela tinha lhe chamando a atenção. Agora, Chase se via planejando passos. Querendo-a.

Passou a mão pelos cabelos, um tanto preguiçosa, quando ouviu o estrondo do que parecia ser uma porta batendo e a voz ao longe, aos berros - August.

- Pois eles podem enfiar os prazos deles no cú! - Ela gritou. - Acham o quê? Que isso aqui é mágica?

- Vamos dar um jeito, August, sempre damos! - A voz de Tru veio por cima, tentando manter August em um tom aceitável de conversa, o que, na opinião de Chase, parecia ser difícil.

Chase vestiu um roupão, rapidamente, e foi para a porta, mas não rápido o suficiente para pegar a confusão. Viu apenas Tru, parado no meio do barro, com cara de poucos amigos, e o som da porta de August batendo forte.

- Perdi alguma coisa? - Chase perguntou para Tru, sem disfarçar a cara de sono.

- Estão nos pressionando. - Tru confessou. - August tem um prazo curto demais para enviar um relatório sobre o esqueleto que ela achou há poucos dias. O que torna o trabalho dela impossível.

- Hum. - Chase mordeu os lábios. - Eu vou ver o que posso fazer. Talvez eu consiga ajudar.

- Não, ela não quer ajuda. Ela quer ficar no sítio, e estão pressionando ela, pra ir pro departamento.

Isso, pensou Chase, ela sabia que era verdade. Quando ela resolveu ir ao sítio, ela sabia, August Harris era das boas e o departamento precisava dos bons. Infelizmente, encher a menina de relatórios e a deixar puta da vida não parecia ser o caminho para o coração dela.

Chase ouviu um trovão, forte. E olhou para o céu.

- Vai cair uma água.

- É... - Tru bufou. - Eu preciso de café.

Chase observou Tru sair, com os nervos na pele pulsando, e então decidiu que iria se trocar. Ia voltar para o seu trailer, colocar uma roupa e fazer algumas ligações. Ela tinha poder para isso, e pretendia usar seu poder. Porém, quando ia virar o corpo, viu August sair do seu trailer, com um rosto fatalmente armado, e com uma jeans suja, uma blusa xadrez preta, o cabelo preso para cima, e um monte de ferramentas nos braços.

Ela demorou um segundo, observando os passos dela firmes em direção à escavação, até que fez um barulho com a boca.

- Quer ajuda? - Chase perguntou, vendo-a se dirigir sem nem olhar para trás.

- Não. Quero trabalhar sozinha hoje.

E ela simplesmente saiu andando. Assim. Sem mais, nem menos.

Ela era fogo. E fogo queimava, lembrou Chase. Por isso, entrou no trailer, fez suas ligações e trocou de roupa, tomando tempo para si. Apenas depois disso, e quando tinha conseguido fazer pessoas prometerem não intupirem mais a menina de relatórios, ela resolveu sair do trailer e ir até ao local de escavação.

August logicamente estava ali, deitada de barriga para baixo, e com o rosto focado. E sem os fones, notou Chase. Ela estava com raiva, e trabalhar no silêncio dava palco para ela ouvir seus pensamentos. Chase enfiou as mãos nos bolsos e olhou-a no chão, querendo achar as palavras certas.

A guardiã dos ossosOnde histórias criam vida. Descubra agora