NEPTUNE • jjk x pjm

eight! it hurts me when it hurts you

— Muito obrigado! — Jimin agradeceu pela décima vez tentando alcançar Jungkook que caminhava à frente sem muito ânimo. — De verdade, eu estou muito agradecido!

— Você já disse isso. — deu de ombros.

— E para onde estamos indo?

Jimin não obteve resposta, então apenas continuou o seguindo sem um rumo definido. Preocupado com o fato do garoto ainda estar aparentemente chateado com ele, sussurrou:

— Meus pais parecem não gostar muito de mim às vezes...— confessou. — Eu sou adotado. Tenho medo deles não me quererem mais...

Jeon quis gritar alto naquele momento, afinal sempre soube, por alguma razão, que os pais adotivos de Jimin não o tratavam bem. Ele quis pegar o garoto e levar para sua casa, mas sabia que além de sua situação ser vergonhosa, também não conseguiria sustenta-lo. O pouco dinheiro que ganhava vendendo seu corpo servia apenas para que pudesse sobreviver, além do fato de possuir um medo absurdo de Park jamais perdoa-lo se descobrisse o quão sujo havia se tornado.

— Você não tem pais? — ele perguntou curioso.

— Não. — Jungkook ignorou, aquilo não o afetava mais.

— Me desculpe. Fui invasivo.

Não foi por maldade, mas Jeon não conseguiu puxar assunto algum com o garoto. De costas para ele, restou apenas a vontade de chorar porque aquele era seu Jiminie, seu amigo do orfanato, mas as coisas haviam perdido o controle durante todos os anos afastados e naquele momento ele se sentia absurdamente inferior.

— Você já me desculpou?

— Você pode por favor ficar quieto? Pelo menos por um minuto? — Jungkook parou, se virou e Jimin pode ver a confusão e desespero estampado no rosto alheio.

— Você está chorando por minha causa? — Park sentiu-se aflito. — Não chore, por favor! Eu sei que agi feito um babaca mas...

— Eu não consigo. — confessou cabisbaixo. — Me perdoe, mas não consigo. Preciso ir.

— Não consegue?

— Ficar perto de você. — e assim ele saiu andando apressado deixando Jimin completamente confuso e afetado, não havia entendido muito bem. Em sua cabeça cheia demais, ele acabou entendendo que sua presença incomodava o outro garoto, e então resolveu apenas desistir de caminhar junto.

Observou a figura de Jeon sumindo enquanto a brisa fazia seus cabelos bagunçados voarem cada vez mais. Ele era tão único. O coração apertou e os dedos das mãos estavam à ponto de congelar, e sem o desejo de ir para casa, acabou escolhendo um bar qualquer para passar a madrugada. O pub pequeno estava quase vazio, o garçom não foi com sua cara e a bebida era cara demais, mas pouco se importou. O cartão que Dongsun havia lhe dado cobria todos os seus gastos supérfluos, então decidiu beber até esquecer seu nome.

Às vezes esse era seu único desejo. Sair de seu próprio corpo e perambular pelo mundo feito a criança feliz que era anos atrás. Jimin se lembrou do seu amigo Jungkook e de que nunca mais havia ouvido falar dele. Bebeu três shots pequenos imaginando o que poderia ter acontecido com o garoto, e temeu que ele nem estivesse mais presente.

Chorou lembrando das brincadeiras com Yoongi, Hoseok e Sooyoung e da comida quentinha da madre Lee. Escondeu o rosto tomado em dor imaginando o que teria acontecido se ele nunca tivesse saído do orfanato, e se estaria mais feliz. Fungou e procurou na carteira a única foto que tinha daquela época, sentindo o coração apertar.

Era ele e Jungkook abraçados no balanço de pneu, Hoseok irritando Sooyoung ameaçando jogar um inseto em seu cabelo e madre Lee com a boca aberta, pronta para brigar com Yoongi que havia roubado a panela com massa para bolo de chocolate, com a boca toda suja. Era uma foto tão espontânea, tirada no momento errado onde somente ele e Jeon estavam olhando para a câmera, mas era isso que a deixava especial.