2 - parte 3

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DISPONÍVEIS ALGUNS CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

Comemos em silêncio, e percebi que vez ou outra, seus olhos se desviam para o nada. Ela sorri e conversa sobre tudo o que tento falar com ela, tem respostas engraçadinhas e não se acanha quando a chamo de amor ou brinco sobre meu nome em seu celular. Até sorri quando o pego da mesa e tiro uma foto minha, salvando no meu contato. Mantenho meus olhos fixos nela, em cada reação a cada coisa que digo, ou quando a provoco, ou quando a faço sorrir. Ela não é do tipo que desvia o contato dos olhos, o que quer dizer que é sincera. Cora com facilidade, é tímida. Tem um sorriso delicioso e contagiante e quando ri, acabo rindo de volta. Mas há algo em seus olhos, em seus lindos olhos doces de um tom azul bem claro, que indica certa tristeza.

Noto que ela tenta conversar, mas parece muito cansada, e a guio de volta para a cama.

— Não me parece justo tirá-lo de sua cama, eu posso dormir no sofá — oferece.

— De maneira alguma, meu avô iria revirar no túmulo se eu permitisse isso.

— Você é um cavalheiro, então? — brinca.

— A essa altura do campeonato achei que isso já estivesse bem claro. Devo lembrá-la que recebi condolências de paramédicos e policiais que pensam que sou corno, apenas por você.

Ela ri e se desequilibra, imediatamente a amparo. A prendo em meus braços e sua mão se apoia em meu peito descoberto. O contato das suas unhas em minha pele manda o segundo sinal lá para baixo, e preciso soltá-la com urgência.

Acho que tenho me dedicado demais ao trabalho e de menos à minha vida pessoal.

— Você está bem? — pergunto enquanto ela sobe na cama. A ajudo a se ajeitar nos travesseiros e a cubro, o que a faz rir.

— Estou bem, doutor. Obrigada.

Caminho até a porta para deixá-la dormir, mas não consigo. Ela mantém os olhos abertos, fixos em mim, sentada na cama. Aproximo-me avaliando se ela prefere dormir agora, ou se podemos conversar mais um pouco.

— Então, como foi a sua primeira vez? — pergunto para me certificar se ela quer conversar. E ali está o olhar triste e até mesmo um suspiro exasperado antes de sua reposta.

— Não foi — diz fixando seus olhos em seus dedos, enquanto brinca com eles.

Aproveito a deixa e me sento na cama, ela não parece achar ruim.

— O tiroteio começou antes, então. — Ela assente. — Que bom que você não se machucou.

— Que bom! — não há o menor entusiasmo em sua resposta.

— Por que era tão importante para você perder a virgindade esta noite? Você fez alguma aposta? — Ela nega com a cabeça. — Você disse que tinha uma pasta com vinte e três candidatos a isso, escolheu um pelo tamanho do pênis, então você não tem sentimentos por ele, não é?

Ela sorri, seu rosto se tingindo de vermelho.

— Pelo visto eu falo demais quando estou bêbada.

Sorrio de volta e tento quebrar a tristeza que paira em seu rosto agora.

— Você também me disse que sou muito lindo para olhar pererecas.

Ela ri alto e funciona, um pouco dessa tensão em seus olhos se esvai.

— E você com certeza me acha uma maluca! Depois do mico do século no seu consultório, você foi me resgatar em um motel após um tiroteio.

— Eu não diria maluca, mas você é mesmo peculiar — confesso.

DEGUSTAÇÃO - Doutor GynOnde histórias criam vida. Descubra agora