capítulo 14

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Abri os olhos confusa e percebi que estava na cama de Armando, que dormia tranquilamente ao meu lado. Como vim parar aqui?

Me lembrei do acontecido na cozinha e meu coração se agitou. Me sentia tão esgotada que acabei dormindo novamente.

- Bom dia. - ouvi Armando sussurrar.

Estava escuro e podia perceber que o sol não havia nascido totalmente. Armando estava ao lado da cama na sua cadeira de rodas e me olhava sério.

- O que aconteceu ontem? - como não sabia o que responder fiquei em silêncio. - Mário me disse que vocês estavam conversando e você ficou branca de repente e desmaiou. Por que?

- O que ele te disse? - consegui dizer quase como um sussurro.

- Não importa. - respondeu irritado – Quero saber de você o que aconteceu!

Não sei o que Mário disse mais não parece bom já que Armando está nervoso.

- Ele me disse que estavam conversando sobre muitas coisas entre elas minhas limitações e você começou a passar mal. - desgraçado mordi a língua para controlá-la – Foi isso mesmo? - ele suspirou – Você finalmente se deu conta de que eu vou ser um fardo em sua vida? - sussurrou parecendo que conversava consigo mesmo, mas eu ouvi.

Meu sangue ferveu de raiva.

- Toda vez é a mesma coisa. - disse tentando controlar a raiva – Você não é e nem será um fardo. Você é um homem maravilhoso que só precisa acreditar um pouco mais em si mesmo.

Armando é um amor, mas sua autoestima é muito baixa e eu estava ficando cansada da mesma ladainha sempre. Notei seus olhos lagrimosos e isso fez com que meu controle evaporasse.

- Estou cansada disso. - levantei e não controlei mais minha raiva tentei apenas não gritar muito alto para não acordar os patrões - VOCÊ É UM HOMEM ESPETACULAR E JÁ ESTOU CANSADA DE OUVIR SUAS LAMENTAÇÕES. NÃO TENHO INTENÇÃO DE TE DEIXAR POR CAUSA DAS SUAS LIMITAÇÕES AGORA SE VOCÊ NÃO ME QUER ME AVISA LOGO!

Não deixei que ele dissesse nada e simplesmente saí do quarto. Fui até a cozinha e comecei a preparar o café, mas como na minha vida nada pode ser tranquilo...

- Caiu da cama? - ouvi a voz maliciosa de Mário.

Segurei na pia respirando fundo e olhei para a caneca cheia de café quente. Será que se eu jogasse nele iria pelo menos arranhar sua cara de pau? Melhor não... Vai que os patrões reclamem.

- Você não se cansa não? - peguei a faca e apontei para ele que arregalou os olhos – Eu se fosse você sumiria da minha frente. Vai pro inferno!.

Conforme ia falando eu andava em sua direção fazendo-o recuar apavorado e pedindo para que eu tivesse calma.

- O que está acontecendo aqui? - seu Pedro e Armando estavam parados na porta da cozinha.

- Está tudo ótimo. - disse com ironia – O café está na garrafa.

Bati a faca na pia e saí sem olhá-los. Não estava com paciência para ouvir idiotices.

Se bem que... Ai droga! Bati a mão na testa quando finalmente me dei consciência de que eu havia desrespeitado meu patrão. Gemi frustrada e bati a testa na porta do meu quarto.

- Uhh.... Estressada? - pulei com o susto e vi dona Renata segurando o riso – Venha.

Dona Renata me arrastou para o jardim e fiquei a manhã toda ajudando-a. Apesar de não entender muito de jardinagem acabei relaxando e consegui recuperar minha sanidade. Ainda bem que ela não perguntou nada, mas o almoço estava chegando e eu precisava me desculpar com o patrão.

Um motivo para recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora