capítulo 4

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Capítulo 4

No outro dia, após o café da manhã começamos a arrumar a casa pelo andar de baixo procurando fazer silêncio já que os patrões ainda estavam dormindo. Quando eles descem para o café, fomos terminar a arrumação e rapidamente arrumamos o quarto do casal e de seus dois filhos mais novos.

Descobri que o filho mais velho, que está na cadeira de rodas se chama Armando e assim que tudo está pronto vou até seu quarto para fazer meu trabalho.

- O que é? – responde irritado quando bato a sua porta. Pelo visto ele não está de bom humor hoje.

- Senhor, posso lhe ajudar com algo? – pergunto com receio.

- Foi minha mãe quem te mandou? – pergunta grosseiro.

- Não senhor. Estou arrumando os quartos e pensei que o senhor já havia saído – uma mentirinha boba não vai prejudicar quem sabe assim ele resolve ir tomar café logo e eu termino meu trabalho mais rápido.

- Pode entrar. – disse parecendo mais calmo.

- Com licença. – ao abrindo a porta vi o Sr Armando em sua cadeira perto da janela olhando para fora.

Ele nem me olhou quando entrei. Que homem estranho!

- Vou começar pelo banheiro poder ser? – não tive resposta e nem um único olhar. 

Assim que termino volto para o quarto e ele está no mesmo lugar.

- Senhor. – falei baixo chamando sua atenção – Precisa para algo?

- Não! Já falei que não quero nada. – responde grosseiro.

- Ok. Já acabei com o banheiro posso arrumar o quarto?

- Não! Sai daqui vai. Me deixa em paz! – grita sem me olhar.

- Sim senhor. - saio rapidinho, eu que não iria ficar aguentando desaforos.

Encontrei com as meninas e elas já haviam terminado com os quartos de hóspedes então fomos almoçar. Preparamos a mesa dos patrões e logo eles chegaram.

- Mas dona Paula... – uma das garotas estava choramingando quando entrei na cozinha – Ele é chato demais.

- Fica quieta menina e fala baixo! – Dona Paula a repreendeu, mas podia ver o leve sorriso que ela tentava esconder.

- Pode deixar que eu levo. – falei vendo a bandeja de comida sobre a mesa. Esse deveria ser o almoço do Sr Rabugento.

Peguei a bandeja e andei de vagar para não derrubar nada. Ao chegar a sua porta fiz um pequeno malabarismo para bater.

- Quem é? – como pode um homem tão bonito ser tão mal humorado!

- Sou eu de novo senhor.

- Que você quer garota!

- Trouxe seu almoço.

- Não quero! – além de não sair do quarto pra nada não quer comer, desse jeito vai acabar doente mas... Tive uma ideia.

- Socorro senhor tá queimando! Socorroooo! – falei tentando fazer uma voz chorosa e parece que funcionou, pois ouvi barulhos perto da porta que foi aberta revelando um homem aparentemente preocupado.

- O que aconteceu? - sorrindo passo por ele e coloco a comida na mesinha.

- Nada senhor. Acontece que o senhor não comeu nada e nem saiu do quarto. Eu não deixaria uma pessoa com fome. A cozinheira passou a de manhã toda preparando essa delícia para que alguém se negue a comer. Sem falar que o senhor não pode ficar sem comer seu e seu personal vai reclama por estar perdendo massa. - ele me olha chocado.

- Quem é você para vir me dizer o que eu devo ou não fazer! Você não sabe nada da minha vida e você é somente uma empregada que está sendo pagar para limpar o chão que eu piso. Não venha me dar lição de moral garota intrometida.

Sinto um aperto tão forte em meu coração que as lágrimas caiem sem permissão.

- Peço desculpas senhor. – abaixo a cabeça e vou em direção à porta. Ele vira a cadeira e eu saio correndo.

Entro no meu quarto e fico me chamando de burra. Porque eu abro a boca? Porque eu não consigo ficar quieta no meu canto? Com raiva eu choro até que dona Paula me chama para ajuda-la.

Lavo meu rosto e faço o que ela me pede. Quando sou dispensada vou para o quarto e durmo chorando me lembrando de suas palavras.

No outro dia, dona Paula me chama para ir até cidade para ajuda-la nas compras. Um capataz e um dos patrõezinhos nos acompanham e ele fica me encarando pelo espelho. Não gostei disso!

Na cidade fomos para o mercadinho e depois de comprarmos o que precisava fomos a umas lojinhas onde dona Paula me apresentou a umas amigas e alguns lugares bons para se comprar roupas.

Depois das compras fomos até a igreja e rezamos o terço. Não demorou os rapazes nos encontraram e voltarmos para a fazenda.

Ao descer do carro tiver a sensação de estar sendo observada e olhei para cima, o sr Armando estava na janela nos olhando.  Abaixei a cabeça magoada, pois me lembrei de ontem ele me dizendo que sou apenas uma empregada.

Sei a minha condição, mas ele não precisava ser tão arrogante e grosseiro. Se antes eu admirava sua beleza agora ela acabou. O que adianta ter um rosto bonito se tem um coração feio e maldoso.

À noite as meninas me falaram que iria haver uma roda de viola no celeiro eu logo me animei, estava chato ficar só em casa sem sair. Coloquei um vestidinho justinho, vai que eu agarro um daqueles fazendeiros minha ppk tava com saudade de se paparicada. Pronta e cheirosa fui com as meninas.

Chegamos lá tinhas vários empregados da fazenda e outros homens. As meninas, Ana e Lívia, me apresentaram a algumas pessoas e os meninos eu já conhecia.

Começou a festa com o churrasco. O empregado que me ensina sobre os cavalos veio falar comigo e as meninas. Os filhos dos patrões apareceram e me surpreendi quando vi o Sr Armando, todos o cumprimentaram como se fossem amigos de longas datas.

Percebi que não sei quase nada dessa Fazenda, depois vou perguntar para as meninas. Sr Armando se aproximou da roda e lhe deram uma viola que ele começou a tocar e cantar me surpreendendo.

Tão lindo meu Deus mais tão rude... Chacoalhei a cabeça procurando apagar o pensamento.

Vou me concentrar nos vários rapazes que estão aqui. Quem sabe não encontro alguém legal e que valha a pena porque ficar sonhando com quem te despreza não vale a pena.

Estava em uma conversa interessante com um dos rapazes quando o irmão do sr Armando, que se chama Mário, veio falar comigo.

- Oi morena tudo bem? – não gostei de como falou comigo nem como olha, mas não posso ser mal educada com um dos patrões.

- Sim senhor Mário tudo bem.

- Você que tomar alguma cerveja se quiser eu pego para você. – disse olhando para o meu corpo.

- Não senhor, obrigada. Meu amigo Fabio, - apontei para o rapaz ao meu lado – pegou uma cerveja para mim faz pouco tempo. – mostrei a lata praticamente cheia.

- E sobre o que vocês estão conversando? Posso entrar na conversa? – droga! Esse cara tá louco? Como chega atrapalhando os esquemas assim?

- Estava contando sobre os cavalos patrão. – Fábio contou meio desconfortável com sua presença – Adela gosta muito de saber sobre o manejo dos animais.

- Eu posso te ensinar algumas coisas também. – disse me deixando incomodada – Já que eu sou agrônomo. Só não te ensino mais coisas porque meu irmão é quem é o veterinário. Mais tem algumas coisas que sou obrigado a saber já que como dono, tenho de saber o que estou criando para vender. – conta orgulhoso o babaca convencido!

- Por enquanto estudo apenas a teoria senhor. – tento me livrar dele – Vai demorar para aprender na prática ainda.

- Fábio vai buscar umas cervejas para nós! – Sr Mário diz e posso sentir o tom de ordem em sua voz.

- Claro patrão. – Fábio me olha preocupado e sai.

Pelo visto ele também percebeu que eu vou ter problemas com esse projeto de patrão!

Um motivo para recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora