capítulo 12

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Ao voltarmos para casa eu estava perdida em pensamentos. Entramos pela cozinha e dona Paula e as meninas estavam arrumando tudo.

- Bom dia seu Armando. - todas falaram juntas e depois riram.

- Bom dia. - respondeu rindo.

- Armando, se importa se eu ficar aqui com as meninas um pouco? - ele me olhou tentando avaliar minhas emoções, mas evitei olhá-lo.

- Sem problemas Adela, vou estar no escritório. - sorriu e saiu.

Praticamente me joguei na cadeira e todas ficaram me olhando espantadas.

- Estou namorando um cara que eu mal conheço mais sei que o amo com todo meu ser e ele quer que eu saia do emprego. E para ajudar, não formalizou o namoro. - Falei sem parar – Não quero nem ver o que vai ser quando seus pais descobrirem. Oh Confusão! - gemi deitando a cabeça sobre a mesa.

As meninas me abraçaram fazendo festa e dona Paula nos olhava rindo até que seu sorriso sumiu.

- Menina esse menino é um homem de ouro que por vários anos sofreu muito e pelo que andei ouvindo tive medo de que ele acabasse cometendo uma loucura. - meus olhos se encheram de lágrimas só de imaginar Armando morto – No início Armando não falava com ninguém apenas fazia o que mandavam para que pudesse se recuperar mais quem o olhava podia ver como estava desesperado para voltar a andar. Ele passava horas na fisioterapia e nada mudava. Ele acabou desanimando e passou apenas a sobreviver. - só de imaginar seu sofrimento meu coração se apertava – Quando recebi a notícia de que ele viria morar aqui fiquei tão feliz. Achei que finalmente ele tivesse aceitado sua condição e queria seguir em frente, mas ele voltou mais fechado ainda e pensei que nunca mais veria seu sorriso ou seus olhos brilhantes. - dona Paula chorava enquanto segurava minhas mãos - Mais depois que você chegou Armando mudou. - ela sorriu - Em uma das seções de Fisioterapia Pierre perguntou por você e eu vi como Armando reagiu. Foi ai que percebi que as coisas iriam melhorar. - dona Paula passou a mão em meu rosto secando minhas lágrimas e sorriu. - Sei que você está confusa e somente você pode escolher qual caminho seguir por isso te peço que pense bem e tenha certeza do que quer para que nenhum dos dois se machuquem.

A imagem de Mário me veio a mente fazendo uma sensação gelada percorrer minha espinha.

Entendi o que ela quis dizer e o ar começou a me faltar. Estava me sentindo sufocada e precisava ficar sozinha. Abaixei a cabeça segurando o choro e sai em silêncio. As meninas ficaram me olhando, mas não perguntaram nada.

Fechei a porta do quarto imaginando por todo o sofrimento que Armando passou. Minha cabeça doía por causa das tantas emoções que estava sentindo.

Chorei por seu sofrimento, chorei por medo do que Mário poderia fazer contra o irmão, chorei com medo da reação dos pais de Armando e finalmente chorei por mim. Por me sentir tão insegura e medrosa.

Eu nunca fui assim. Sempre fui segura das minhas ações e emoções, sempre soube o que queria e enfrentava tudo e todos para realizar meus sonhos. Sempre apoiei os outros e sempre soube como enfrentar as situações. E agora...

Agora eu me sentia tão insegura e frágil, precisando de alguém que me estendesse a mão e mostrasse como sair dessa sinuca de bico que havia entrado.

Mas meu coração parecia ter tanta certeza, mas minha mente não concordava.

Eu estava confusa.

Nunca em minha vida fui tão insegura!!!

As meninas tentaram falar comigo, mas eu não queria ver ninguém. Precisava pensar. Como enfrentar essa situação? Se eu contasse ninguém iria acreditar em uma reles empregada. Era a minha palavra contra a dele.

Um motivo para recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora