CAPÍTULO 5

2.3K 280 24
                                    

Capítulo 5

Fábio voltou rápido e nem deu tempo do Mário me pergunta nada.

Ficamos conversando enquanto bebíamos uma cerveja. Até que o Mário não tem um papo chato sem falar que ele é um gato. Oh homem gostoso!

- Adela! Aqui a cerveja.

- Obrigado Fábio.

Conversa vai, conversa vem e entre uma cerveja e outra comecei a ficar mais animada e meio grog.  De repente reparei que estava beijando o senhor Mário ao lado do celeiro.

Meu Deus como isso foi acontecer!??? Ainda grog chamei-o pelo seu nome, mas o senhor Mário parecia não me escutar e continuava a me beijar enquanto passava a mão por todo meu corpo. Não sei de onde consegui tirar forças para empurrá-lo que acabou caindo e ficou me olhando estranho.

Pedir para que chamasse as meninas e ele se levantou sem ao menos olhar-me e saiu. Tudo estava rodando e parecia que eu estava flutuando. Um enjoo repentino apareceu fazendo com que eu me libertasse toda a cerveja presa em meu estômago e foi assim que minhas amigas me encontraram.

- Amiga o que foi aquilo! – elas riram da minha cara de choro.

- O que é que eu fiz. – perguntei num sussurro.

- Você começou a dar risada bem alto e cantar. Depois sentou no colo do seu Armando que estava espumando de raiva. Aí você se levantou e saiu puxando o seu Mário.

- O queeee!!!

- E estão aqui tem uma meia hora. – elas riam

- Ai que vergonha meninas, me levem daqui. Não sei o que aconteceu, só sei que não consigo nem andar direito.

Ao dar um passo à frente eu cair e não vi mais nada.

Acordei na minha cama com uma dor de cabeça de rachar o crânio. Sorte que era domingo e pude dormir até a hora do almoço. Levantei ainda com dor, tomei um banho demorado e fui para a cozinha. Encontrei as meninas me olhando preocupadas e começaram a falar.

Expliquei que não entendia como fiquei daquele jeito já que bebi pouco e eu era acostumada a beber muito. Contei que desconfiava que alguém havia colocado alguma droga na minha bebida, mas elas disseram que as pessoas daqui não fariam isso.

Mudo de assunto já que elas me mostraram que essa ideia louca não tem fundamento então resolvo perguntar sobre o senhor Armando e seu acidente.

Elas me contam que era ele quem tomava conta da Fazenda só que há sete meses ele caiu do cavalo e ficou paraplégico e teve que se afastar do trabalho. Agora ele resolveu voltar às atividades normais e fez todas as adaptações necessárias na fazenda já que ele não queria depender de alguém empurrando ele para cima e para baixo.

Mesmo tomando essa decisão é muito triste ver que ele só fica enfiando naquele quarto. Acho que na realidade ele tem é medo da reação das pessoas, tem medo de ver pena nos olhos delas.

- Será que as  pessoas vão tratá-lo muito diferente agora?

- Não sabemos Adela. Vamos esperar para ver o que rola depois.

- É, mas só saberemos o que vai acontecer se ele resolver sair daquele quarto isso sim!
E uma nova semana começa.

Com vergonha acabo trocando minha tarefa com Lívia e ela vai limpar os quartos. Depois de termos terminado ajudamos na preparação do almoço e arrumamos a mesa da sala de jantar. Quando o senhor Mário chegou, ele ficou me encarando e eu fiquei muito envergonhada.

Em silêncio abaixei a cabeça e fui para a cozinha com medo de ser vista pelo restante da família. Já dei muito que falar e não preciso de mais problemas, mesmo que esse eu tenha praticamente certeza de que não foi minha culpa.

Ninguém tira da minha cabeça que fui drogada, mas quem vai acreditar em mim!

- Adela, leve o almoço do senhor Armando. – Dona Paula manda assim que entro na cozinha.

Quando fui inventar uma desculpa qualquer para que ela pedisse a Lívia para ir em meu lugar, dona Paula me olhou de uma forma que me deu medo.

- Sim senhora.

De cabeça baixa peguei a bandeja e fui em direção ao seu quarto. Bato na porta e por um milagre o escuto me mandando entrar. Isso era novidade já que ele sempre reclamava e me mandava embora.

Entre com cuidado e coloquei a bandeja sobre a pequena mesa perto da janela. Peço licença me retirando, mas antes de chegar à porta escuto sua voz.

- Porque me fez passar aquela vergonha?

- Ehh... Que vergonha senhor? – tento me fazer de desentendida.

- Primeiro você senta no meu colo, abraça meu pescoço beijando meu rosto E DEPOIS SAI COM MEU IRMÃO! - grita com raiva.

Tenho vontade de chorar mais sou orgulhosa demais para chorar na sua frente então engulo o choro levantando a cabeça para encarar seus olhos.

- Eu estava sob efeito do álcool se é que aquilo era álcool mesmo! – ele pareceu incomodado com minha resposta – E também não me lembro de muita coisa senhor, só me lembro de que estava com o seu irmão.

Rapidamente limpei uma lágrima fugitiva nunca desviando de seus olhos. Apesar do meu orgulho eu não deixaria que ele me humilhasse por algo que escapou do meu controle.

- Me perdoe por fazer o senhor passar por tamanha vergonha. Com licença!

Corro para meu quarto e choro encolhida em minha cama. Ainda bem que dona Paula não precisará de mim.

Percebi que alguém entrou em meu quarto mais não me preocupei e ver quem era. E fiquei feliz quando senti os braços de minhas amigas me envolvendo.

Um motivo para recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora