𝟏𝟑𝐭𝐡 𝐚𝐜𝐭: 𝐤𝐢𝐰𝐢

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as luzes natalinas da cidade das luzes, por mero acaso nunca me importunaram tanto quanto na última quarta feira. o vento remexia o meu cabelo e tola do jeito que eu jamais deixarei de ser, ignorei quando a minha mãe disse que seria melhor se eu fizesse um coque alto ao invés de deixá-lo solto. a minha saia também se remexia, tudo daquilo que a minha melhor amiga disse duas horas antes pra mim: era bem óbvio que de noite o frio se instalaria. nunca os dei ouvidos, principalmente quando me falavam sobre corações partidos, músicas de amor ou garotos de cabelo cacheado que tocam guitarra. é uma baboseira aqui, outra ali é quando você menos espera a vida só conspira contra você.

errado! você que é egoísta mesmo.

é esse tipo de coisa que a ansiedade faz com tudo de possível dentro de mim: kiwi, manga, abacaxi, morango e laranja, ligue logo esse liquidificador, está tão quente aqui!

nervosismo, tremedeira, suor excessivo... a constante necessidade de ser cuidada como uma peça milenar de porcelana portuguesa... esse tipo de coisa. numa noite fria daquelas, sabe? nessas em que adolescentes bebem até cair e que sempre se escoram em alguém da sua família. até a sua mãe contesta a sua índole em momentos assim.

acho que elas deveriam parar mesmo de falar comigo ou de me olharem tão fundo quando eu entro no palco e durante os três minutos seguintes me ignorarem. eu não canto bem e eu fico nervosa demais, porque eu queria que alguém segurasse a minha mão quando eu sinto que eu vou desmoronar no chão e vou chorar no meio da multidão perdida e sonâmbula.

𝖽𝖾𝖼𝖾𝗆𝖻𝖾𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora