Capítulo I

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— Banhos de banheira são realmente maravilhosos. Poderia ficar aqui para sempre. — sussurrei, imersa até os ombros na água quente.

Descansei a cabeça na borda da banheira e fechei os olhos, permitindo que meu corpo sentisse tudo que me cercava naquele momento. O ambiente encontrava-se perfumado pelo sabonete que eu havia utilizado, com aroma de baunilha. A temperatura da água era deliciosamente alta, a ponto de transformar qualquer reflexo no espelho em um mero borrão. Bem diferente da temperatura das bolsas térmicas que eu costumava colocar nos tornozelos, desgastados depois de uma partida. O som do cômodo limitava-se à minha tranquila respiração, acompanhada pelos barulhos que a água fazia conforme meu corpo se movimentava em meio a ela. Isto é, até as batidas na porta quebrarem minha concentração.

— Cat, tá tudo bem aí? — minha melhor amiga perguntou. — Você tá dentro desse banheiro há meia hora!

— Tá tudo bem, já vou sair. — respondi.

Inclinei a cabeça pra frente e levei minha mão à superfície. Meus dedos enrugados denunciavam: eu realmente havia passado bastante tempo ali.

Levantei-me e despedi-me mentalmente da água que me fez companhia nos últimos minutos, então removendo a tampa do ralo. Alcancei a toalha e enxuguei meu corpo vagarosamente, aproveitando o relaxamento proporcionado pelo banho quente. Vesti uma roupa confortável e leve, pois ao contrário do que meu banho sugere, era verão.

Abri a porta e deparei-me com Bianca deitada na cama, com o olhar fixo na TV, que exibia o catálogo da Netflix. Este era impiedosamente explorado por ela, que procurava nosso entretenimento noturno.

Limpei a garganta, chamando-lhe a atenção.

— Achei que você não ia sair nunca. — disse ela, sem desviar o olhar da tela.

— Estava só te dando mais tempo para procurar o que assistir. — sentei na cama, ao seu lado. — Mas pelo visto, não funcionou. — disse, dando risada.

— Certo, sabichona. — disse Bianca, virando-se para mim. — Alguma ideia?

Peguei o controle de sua mão e comecei minha própria jornada pelo catálogo, buscando o filme perfeito para nos entreter naquele momento. Devo admitir que depois de um mês fazendo isso todos os dias, as opções ficavam mais escassas. Levei cerca de cinco minutos para chegar à conclusão mais óbvia de todas.

— Que tal a gente ver Friends? — perguntei.

— De novo? — minha amiga tirou os olhos do celular, direcionando-os para mim.

— De novo.

— Perfeito. — Bianca abriu um sorriso.

Passamos algo em torno de uma hora deitadas ali, assistindo à série, até que uma voz surgiu no corredor, anunciando o jantar.

— Meninas, venham comer! — chamou Dona Emiliana, avó de Bianca.

— Estamos indo! — respondi.

Antes mesmo que chegássemos ao final da escada, já era possível sentir o cheiro da refeição que D. Emiliana havia preparado. Ela nos esperava na sala de jantar, terminando de organizar os pratos sobre a mesa. No centro, em destaque, estava a travessa de spaghetti al pomodoro, tão apetitoso quanto o cheiro sugeria.

Grazie, nonna! — minha amiga deu um beijo na bochecha de sua avó e sentou-se ao seu lado.

Sentei-me do outro lado da mesa e me servi.

— Pegue bastante, querida. Você não vai ter a chance de comer uma pasta italiana novamente tão cedo. — Emiliana disse para mim, em tom jocoso.

Amantes do JogoOnde histórias criam vida. Descubra agora