Capítulo XIV

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Acordei subitamente, ainda com as roupas da noite anterior. Tirei a camiseta verde que estava vestindo e fui até o banheiro. Apoiada na pia, passei alguns segundos encarando o meu reflexo no espelho. Joguei um pouco de água em meu rosto, na intenção de despertar por completo, passando as mãos molhadas pelo cabelo em seguida. Voltei a encarar o espelho. Ainda era difícil dizer se tudo que havia acontecido na noite anterior fora real ou apenas um sonho. Depois de tomar banho, peguei meu celular e obtive minha resposta.

cate.cardi: bianca

cate.cardi: eu beijei ele

bibipecci: O QUE?

bibipecci: como isso aconteceu?

bibipecci: me conta

cate.cardi: me liga quando ler essa mensagem

Conhecendo-a, levaria menos de 30 segundos até que me ligasse. E foi o que aconteceu. Passei mais de uma hora na ligação com Bianca, explicando os eventos que antecederam o beijo, para em seguida ser bombardeada pelas perguntas da minha amiga. A parte ruim era não conseguir encontrar uma resposta para a maioria delas. Eu não sabia direito o que estava sentindo por Justin, não conseguia explicar porque havia lhe beijado, não tinha a menor ideia do que faria em seguida e sequer havia falado com o garoto desde então. Segundo ela, toda essa confusão na minha cabeça era a prova de que eu estava apaixonada. Bianca provavelmente estava certa.

Assim que terminei a ligação com minha melhor amiga, abri a conversa com Justin e certifiquei-me de que não havia nenhuma mensagem nova do quarterback. Passei alguns segundos passeando pela nossa conversa. Éramos bons amigos, nada mais do que isso. E eu tinha estragado tudo com um maldito beijo. Talvez nossa relação nunca voltasse a ser como era antes. Na verdade, eu não sabia nem se conseguiria olhar pra ele depois do ocorrido. 

Passei o resto do dia procurando atividades para ocupar a cabeça. Depois de tomar café da manhã, lavei a louça e ajudei minha mãe a preparar o almoço. Era o primeiro final de semana desde que minha mãe se demitira do restaurante, sendo assim, o primeiro almoço que ela faria em casa em bastante tempo. Ela optou por uma receita tipicamente italiana, que sempre fazia para mim e para meu pai: Fusilli ao pesto. 

Zoe, no entanto, não gostou tanto da ideia. Apesar da sua paixão pelas massas da minha mãe, o tom esverdeado do molho pesto não lhe parecia tão atrativo. Devo admitir, verde não é a cor mais interessante para alguém de 8 anos, quando se trata de comida. Como em qualquer outro impasse com uma criança, a melhor solução era negociar. Concordei em ajudá-la com as suas tarefas de Matemática pelo resto do ano, contanto que ela não recusasse nenhum alimento sem provar antes. Feito o acordo, Zoe superou sua primeira impressão e experimentou o molho. Em quinze minutos, seu prato estava totalmente limpo.

Depois de auxiliar Quintrell com a louça do almoço, acompanhei meu padrasto até a sala. Deitei-me em um dos sofás para descansar, enquanto Q se apropriou do outro. Acabei cedendo ao cansaço pós-almoço e cochilei ali mesmo. Não sei por quanto tempo dormi, mas fui acordada pelos gritos do meu padrasto, ainda no sofá ao lado. Levantei a cabeça na hora, assustada com o barulho. No entanto, depois de esfregar os olhos duas ou três vezes, vi que Quintrell só estava assistindo ao futebol americano universitário na TV. 

— Ops. — Ele disse ao notar que tinha me acordado, com um sorriso de quem fez besteira. — Foi mal, Cat.

— Tá tudo bem. — respondi, enquanto me espreguiçava.

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