Capítulo X

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Na manhã seguinte, acordei bem antes do meu despertador tocar. Tomei um banho rápido, na intenção de espantar a vontade de voltar para debaixo dos lençóis, escovei os dentes e me arrumei para a escola. Quando desci as escadas e não vi meu padrasto na cozinha, percebi que era realmente muito cedo. Ou talvez ele estivesse cansado devido à discussão da madrugada e decidiu dormir mais um pouco. Independente do motivo, eu teria que fazer meu café da manhã. Acabei optando por um par de torradas com geleia, acompanhadas pela minha fiel companheira de todas as manhãs, uma xícara de café sem açúcar. 

Depois de me alimentar, parti rumo à escola, mesmo sabendo que chegaria bem mais cedo do que o normal. Ficar dentro de casa só me lembrava da discussão de ontem, e eu realmente não queria pensar nisso. Mandei uma mensagem para Quintrell, avisando que já havia saído. Fui caminhando sem pressa, tentando abafar os pensamentos na minha cabeça com a música que escutava nos fones. Era difícil, no entanto, devido à quantidade de pensamentos me atormentando: a briga em casa, a situação com Justin, o resultado da seletiva para o time, nenhuma mensagem de Bianca desde sábado...

Chegando na escola, avistei Alexa e Kenshin conversando, sentados em um banco do lado de fora do prédio principal. Fui até eles, feliz de encontrar pessoas com quem eu pudesse me distrair por um momento.

— Bom dia, gente. — cumprimentei, aproximando-me do banco com um sorriso no rosto.

— Bom dia. — responderam, em uníssono.

— Por que chegaram tão cedo? — questionei, enquanto me acomodava ao lado do japonês.

— Nós chegamos nesse horário todos os dias. — Kenshin explicou.

— Exato. — Alexa concordou. — Por que você chegou tão cedo, Cat? 

— Acordei muito cedo e decidi me adiantar um pouco. — expliquei. Esse não era o único motivo, mas preferi omitir os outros.

Passamos alguns minutos ali, com Alexa assistindo enquanto eu e Kenshin conversávamos sobre a experiência de ser um estrangeiro recém-chegado num país novo. Perto do que o garoto descreveu, o choque de cultura que eu sofri quando cheguei nos EUA parecia piada. Para alguém como ele, vindo do Japão, esse choque era consideravelmente maior, levando em conta as diferenças de culinária, hábitos, religião e tradições entre o Ocidente e o Oriente. Meu maior choque, depois de deixar a Itália, foi descobrir que os americanos usam óleo na massa das suas pizzas.

— Não sei o que vai ser de mim quando eu passar por aquela porta... — comentei com Alexa.

— Como assim, Cat? — ela perguntou.

— Você sabe. A repercussão da festa. — expliquei.

— Não se preocupa, querida. — Alexa levou sua mão ao meu ombro, tentando me confortar. — Você não fez nada demais. É só fofoca.

— Mesmo assim, não quero esse tipo de atenção voltada pra mim. — falei, soltando um suspiro. — Preciso me distanciar de Justin. — tentei soar decidida, mas provavelmente falhei.

— Você não precisa fazer isso. — minha amiga afirmou. — Vocês são amigos, isso é ridículo!

— Todas as amizades por aqui são complicadas assim? — Kenshin brincou, quebrando um pouco da tensão. — Acho que eu escolhi o país errado. — seu comentário me arrancou uma risada.

Depois de mais alguns minutos conversando, decidimos entrar. Os corredores ainda se encontravam pouco movimentados, já que a maioria dos alunos gostava de chegar em cima da hora. Sem tanta gente, era possível notar uma mudança na decoração das paredes. As faixas de boas-vindas haviam sido substituídas por outras, que anunciavam a chegada da semana de homecoming. Segundo as informações dos cartazes, a partida inaugural da temporada de futebol americano aconteceria na sexta, seguida por um baile no sábado. "Convide seu parceiro para o baile!" dizia um dos banners afixados próximo ao meu armário. Outro cartaz tinha a frase "Go Gators!" em destaque, acima de uma foto dos jogadores do time, incluindo Justin e Chester. Depois de pegar alguns livros, fui para a sala onde teria minha primeira aula do dia.

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