Amantes do Jogo

Capítulo VII

Alguns minutos depois de deixarmos o estacionamento da escola, Justin estacionou o carro na frente da minha casa. Ele relaxou os ombros após puxar o freio de mão, passou os dedos pelo cabelo e virou-se para mim, com a luz do sol da tarde embelezando ainda mais o verde dos seus olhos.

- Chegamos. - anunciou, sorrindo discretamente em seguida.

- Hã? - saí do transe em que me encontrava há alguns segundos.

- Caterina. Chegamos. Sua casa. - Justin disse, imitando o ET do clássico filme de Spielberg.

- Idiota. - dei risada, removendo o cinto de segurança. - Obrigado pela carona, quarterback.

- Te vejo amanhã? - ele perguntou, com um sorriso.

- Acho que sim. - respondi, abrindo a porta e deixando seu carro. - Até mais, Justin.

- Até, Cat. - despediu-se, pouco antes de retomar o caminho até sua casa.

Entrei em casa, passei por Zoe e Quintrell na sala e, após cumprimentá-los, subi as escadas direto para o meu quarto. Tomei um banho rápido, vesti uma roupa confortável e deitei em minha cama. Havia sido um primeiro dia mais movimentado do que eu esperava, afinal. Alcancei meu celular na mesa de cabeceira e coloquei um pouco de música para tocar, aproveitando para relaxar por um momento. Depois de cochilar por algum tempo, decidi descer para a cozinha e preparar um café. Zoe assistia TV sozinha, sentada no sofá, sinal de que meu padrasto havia saído. Já com a xícara na mão, considerei sentar-me com a pequena na sala, mas o dever falou mais alto. Subi de volta para o quarto e peguei meu caderno para revisar as anotações que havia feito durante o dia.

Enquanto folheava meu caderno sobre a escrivaninha, ouvi meu celular tocando. Assim que olhei para a tela, vi que era uma chamada de vídeo de Bianca. Me joguei na cama e atendi. Conversamos por mais de uma hora sobre várias coisas, entre elas, o meu primeiro dia de aula na nova escola. Minha amiga perguntou todos os detalhes, me fazendo contar toda a história com Justin. Sob pressão de Bianca, admiti que o quarterback era bonito, mas neguei qualquer interesse da minha parte. Só encerramos a ligação quando ela anunciou que precisava dormir, pois já era madrugada na Itália.

No dia seguinte, Quintrell me deixou no colégio pela manhã. Boa parte dos alunos ainda não havia chegado, então o movimento na entrada do prédio principal era fraco. No meio do corredor, uma garota de cabelos loiros entregava alguns panfletos para quem passava. Quando me aproximei, ela sorriu, olhando em minha direção.

- Você é novata, certo? - perguntou, me fazendo concordar com a cabeça. - Ótimo! Seu nome, por favor.

- Caterina Cardi. C-A-T-E-R-I-N-A. - soletrei, tentando evitar uma aberração como "Katherina Cardi".

- Ok. Eu sou Piper. - disse ela, entregando-me um dos panfletos que carregava. - Sexta, oito da noite, neste endereço, não esquece.

- Certo. - concordei, sem saber exatamente do que se tratava, e segui andando pelo corredor.

Enquanto caminhava, olhei para o papel em minha mão. Era uma espécie de convite para uma festa de boas-vindas que ocorreria na sexta-feira dessa semana, organizada pelos alunos veteranos. Quando levantei a cabeça, avistei Dante, que organizava seu armário. Me aproximei dele e toquei em seu ombro.

- Bom dia, Dante. - cumprimentei o garoto.

- Bom dia, Cardi C. - ele respondeu, virando-se para mim com um sorriso no rosto. - Como você tá?

- Tô curiosa. Não sei porque me entregaram isso. - eu disse, mostrando o convite que havia recebido. - Você recebeu também?

- Claro que não recebi. Essa festa é do pessoal do time de futebol, só vão os jogadores, as líderes de torcida e outros membros da Fraternidade - Dante explicou, com um tom de desdém.