Capítulo VIII

124 9 6
                                    

Na manhã de sexta-feira, fui acordada por algumas batidas na porta do quarto. Levantei rápido, deduzindo que havia dormido demais. Ao abrir a porta, fiquei surpresa ao ver minha mãe do lado de fora.

— Mãe? — exclamei. — Por que você tá acordada tão cedo? Eu tô tão atrasada assim?

— Não, querida. Ainda são seis horas da manhã. — tranquilizou-me, em um tom doce. — Só te acordei mais cedo porque você vai precisar ir sozinha pra escola hoje. — ela informou.

— O que houve? — perguntei.

— Zoe está com febre e vomitou algumas vezes durante a noite. — explicou. — Quintrell já está com ela no carro. Vamos levá-la ao hospital.

— Que merda, espero que ela fique bem. — afirmei. — Diz pra ela que eu desejei melhoras.

— Pode deixar. Deve ser só uma infecção. — ela concluiu. — Eu te aviso se acontecer alguma coisa. Te vejo mais tarde, meu amor. — minha mãe falou, envolvendo-me num abraço em seguida.

— Até mais tarde, mãe. — despedi-me, após nos separarmos do abraço.

Retornei para a cama e peguei o celular para desligar o alarme, que tocaria em alguns minutos. Escovei os dentes, tomei um banho e me vesti. Desci até a cozinha, que hoje, ao contrário das outras manhãs, encontrava-se vazia. Comi algumas torradas com geleia e fiz um café preto para acompanhar. Encostei no balcão, segurando a xícara fumegante, incomodada com o silêncio que infestava a casa vazia. Tirei meu celular do bolso e coloquei um pouco de música pra tocar. Com a trilha sonora amenizando a quietude daquela manhã, terminei meu café, lavei a louça e parti rumo à escola.

Ainda escutando música, agora nos fones, fui andando até a escola, sem muita pressa, pois tinha tempo de sobra até o horário da primeira aula. Assim que cheguei, rodei procurando por algum rosto conhecido, mas não encontrei nenhum. Enquanto esperava o tempo passar, encostada na parede, notei um movimento no corredor. Os alunos abriam espaço para um grupo de garotas passar, suas cabeças viravam, acompanhando-as com olhares carregados de inveja, desdém, desejo e admiração. Quando o movimento chegou em mim, pude ver melhor a razão de tanta comoção: Veronica Gates. A ex-namorada de Justin estava acompanhada por mais duas meninas. Para a minha surpresa, as três pararam na minha frente.

— Gostei dela. — Veronica disse, olhando para uma de suas acompanhantes, fazendo um gesto com a mão em seguida.

— Bom dia, querida. — a garota deu um passo a frente e ajeitou seus cabelos ruivos. — As audições para o time de líderes de torcida serão hoje, depois do sexto período. Nós achamos que você tem o perfil perfeito para fazer parte da equipe. O que acha?

— Fico lisonjeada, meninas. — respondi. — Mas eu já me inscrevi em outra atividade extracurricular.

— Clube de artes? — a outra garota que acompanhava Veronica debochou, com um sorriso irônico no rosto. 

— Basquete. — corrigi, provocando um riso por parte de Veronica.

— Que pena. — lamentou a ruiva. — Se mudar de ideia, nos procure.

As três garotas seguiram pelo corredor, me deixando no centro dos olhares curiosos por um momento. Felizmente, não demorou muito para o sinal tocar e eu pude entrar na sala de aula e esquecer aquela interação esquisita. Sentados logo atrás de mim, estavam dois garotos, conversando sobre a festa que aconteceria hoje à noite. Lembrei-me que estava devendo uma resposta para Justin sobre minha presença na tal festa. Já tinha decidido que não iria, mas ainda não havia contado isso para ele. Meu pensamento foi interrompido pelo professor de Química, que chamou a atenção dos garotos atrás de mim.

Amantes do JogoOnde histórias criam vida. Descubra agora