Capítulo 35

213 20 1
                                    

Christopher serviu-se de outra dose de uísque. Era um covarde! Estava sentado ali, na biblioteca, enquanto Dulce ainda usufruía o banho. Lembrou-se da pele rosada pela exposição à água quente, do corpo pronto para ele, e uma dolorosa sensação na virilha o incomodou.

Dulce lhe dera exatamente o
que ele queria. Abrira-se para ele. Compartilhara intimidade que jamais poderia ter com outra mulher.

Mas, depois que Dulce chegou ao clímax, fugiu sem que ela percebesse a intenção de escapar, aconselhando-a usufruir o banho com a desculpa de voltar logo com alguma coisa para comer.

Assim que se viu sozinho, Christopher deu vazão à angústia que o sufocava.

O que acontecia entre ele e Dulce estava muito além da atração física. Ele podia ler os pensamentos dela. Como era possível?

- O que está fazendo aqui? - Sebastian perguntou ao entrar na sala.

Antes de Christopher responder, ele seguiu para o bar e pegou um copo para sentar-se perto do irmão.

- Suponho que não lhe ocorreu perguntar se eu quero companhia.

- Moi? - Sebastian indicou o próprio peito com sotaque francês afetado. - É claro que você quer minha companhia. Todos querem minha companhia!

Christopher grunhiu alguma coisa incompreensível e observou o irmão apanhar o decantador para servir-se de uísque.

- Você está de volta?

- De volta? - Christopher franziu a testa. - Onde eu estava?

- Diga-me você.

Christopher segurou o copo com mais força do que necessário.

- Sebastian, às vezes, você me deixa louco!

O irmão caçula ergueu as sobrancelhas com a mais pura expressão de inocência.

Os dois tomaram os drinques em silêncio até que Christopher perguntou:

- Você acredita em fantasmas?

Sebastian tomou um gole de uísque, reflexivo.

- Por que está perguntando?

Christopher balançou a cabeça. Não queria compartilhar os estranhos acontecimentos das últimas horas com o irmão. Sebastian poderia pensar que ele estava louco, e não havia nada pior do que alguém tão frívolo quanto seu irmão mais novo pensar que ele perdera o juízo.

- Você não pode me fazer uma pergunta como essa sem me explicar o motivo.

Christopher balançou a cabeça em concordância. Talvez estivesse louco mesmo.

- Dulce tem sentido uma presença no quarto dela. Achei que estava só tendo pesadelos vívidos, até a última vez. - Ele hesitou. - Eu também senti alguma coisa no quarto dela.

Sebastian se ajeitou na cadeira, e os joelhos esbarraram na mesa de centro. Mas ele pareceu não notar.

- Você também sentiu?

- Sim. E... - Como contar a Sebastian? - Eu também senti o medo de Dulce.

Sebastian não demonstrou ficar particularmente chocado. Ao contrário, a reação tranqüila evidenciava que já esperava algo do tipo.

- Isso não é possível - Christopher afirmou, como se a determinação pudesse convencer Sebastian.

- Se aconteceu, significa que é possível.

- Não.

Christopher não queria ouvir. Esperava que Sebastian confirmasse que era impossível, que tudo não passava de uma ilusão. E como explicar o que acontecera na banheira?

Não, ele não ouvira os pensamentos de Dulce. Fora somente uma estranha coincidência.

- Talvez você seja fora do comum - Sebastian sugeriu em tom casual. - Pode ser que tenha algum tipo de dom, Christopher. Há pessoas que são capazes de pressentir presenças e possuem dons telepáticos.

- Não. Isso não existe. Nunca experimentei nada assim antes. Por que agora?

- Talvez você já tenha experimentado antes, mas não se lembra.

- Não - a resposta foi categórica.

- Bem, se você não quer acreditar, não sou eu quem vai convencê-lo. -

Sebastian ergueu os ombros. - Como era presença que você sentiu?

- A presença... - Christopher não queria pensar a respeito. Arrependeu-se por ter tocado no assunto. - Era como um cheiro no ar, quase palpável.

- Entendo. - Sebastian assentiu sem a menor surpresa. - E você percebeu alguma intenção de fazer mal a você ou a Dulce?

- Estava ao redor de Dulce.

- E você a salvou. - Daquela vez, Sebastian pensou, preocupado. - Christopher, sei que você não quer, mas terá de prestar atenção nesses sinais.

- Por quê?

Sebastian tomou o último gole e colocou o copo vazio sobre a mesa.

- Infelizmente, você é a única pessoa que sabe.

Christopher observou quando Sebastian saiu da sala. Ele sabia. Por Deus, daria tudo para não saber!

Dulce apoiou a cabeça na beirada da banheira, imersa no calor da água e do seu novo conhecimento. Ficou quase aliviada quando Christopher a deixou a sós. A noção de que ela estava perdidamente apaixonada por ele era assustadora. Precisava de um momento sozinha para digerir a descoberta.

No fundo, sabia que não era nenhuma surpresa. Havia se apaixonado no momento em que Christopher salvara sua vida. Talvez até antes. O amor por ele parecia ser a coisa mais natural do mundo.

Não poderia haver razão mais plausível para ela ficar, que era exatamente o que queria fazer. Era também a única explicação por se sentir tão conectada ele.

Ela nunca havia usado a palavra "amor". Porém, não podia mais fingir que não sabia. O sentimento transpirava por todos os poros e impregnava o ar. Era como a água que cobria seu corpo, virtualmente invisível, mas absolutamente concreta.

Ela se levantou e entrou no boxe para se enxaguar na ducha, deixando que a água escorresse pelo corpo. Subitamente, não se sentiu mais insegura ou receosa. Tinha certeza dos seus sentimentos por Christopher. Não havia explicação lógica daquela vez, em oposição às outras em que Christopher fizera amor com ela. Sentia-se unida ele como se fosse um só corpo. Nas outras vezes, sentira satisfação, tanta que parecia impossível chegar àquele nível de prazer.

Mas agora... Era como se pudesse ler os pensamentos dele. Conseguira sentir o mesmo que ele.

Dulce se enrolou na toalha e saiu do boxe. Soltou o pino da banheira e ficou observando o rodamoinho enquanto a água escoava.

Ao entrar no quarto vazio, ponderou se deveria procurar Christopher. Então, teve uma idéia melhor.

Ela correu para o quarto dela e procurou o colar que Christopher lhe dera na noite de Natal. Colocou-o e tocou a pedra central que a lembrava os olhos incomuns de Christopher. O pingente repousou entre seus seios.

Excitada, ela voltou para o quarto dele, sentou-se na cama e esperou.

Christopher saiu da biblioteca consciente do que tinha de fazer, mesmo que não entendesse completamente o motivo. Ainda não conseguia pensar com clareza. Percebia que havia algo estranho, sem que conseguisse discriminar claramente o que era, como uma estação de rádio fora de sintonia. Sabia apenas que tinha de conversar com Dulce.

Ele encontrou a porta do quarto aberta. O interior estava escuro mas não precisou de luz para saber que Dulce estava lá. Podia sentir o perfume floral quente e doce permeando o ar.

Fechou os olhos, permitindo que os sentidos captassem o ambiente. Ele era Christopher Uckermann, o quinto Visconde de Rothmere. Ele era...

Christopher hesitou por um segundo e abriu os olhos. Avistou a silhueta de Dulce, sentada na cama. Ela se levantou quando entrou. O corpo esbelto, perfeito, estava envolvido numa toalha. Os cabelos, ainda molhados do banho, caíam levemente, sobre os ombros.

- Olá. Você se esqueceu da comida.

Christopher olhou para as mãos. Somente então lembrou-se de que saíra para apanhar alguma coisa para comer.

Dulce deu um passo na direção dele, com os pés afundando no carpete felpudo.

- Não faz mal. Eu não estava com fome.

Ele fechou os olhos novamente. Estava faminto. Quando os abriu, Dulce estava tão perto que podia sentir a respiração quente. Perscrutou os olhos brilhantes e a boca carnuda, e o olhar pausou na pele alva dos ombros e do pescoço.

- Adorei o banho - ela disse, com um brilho de malícia no olhar. - Quero fazê-lo sentir o mesmo que eu.

Os dedos delicados abriram os botões da camisa com vagar. Christopher fechou os olhos quando sentiu as palmas macias sobre o peito. Soltou um suspiro abafado quando os dedos provocaram os mamilos da mesma forma que ele fizera.

As mãos continuaram a acariciá-lo, desenhando os músculos dos ombros enquanto despiam a camisa.

Dulce percorreu os braços e contornou o relevo de cada músculo. Por uma fração de segundo, ele pensou em detê-la. Precisava lhe dizer que...

Não conseguiu mais pensar no que queria dizer quando ela abriu o zíper da calça.

Desceu-a com vagar, libertando o membro ereto.

Ela se ajoelhou para acabar de despi-lo, e mesmo quando Christopher ficou completamente nu, permaneceu de joelhos diante dele. Como em câmera lenta, tocou a ereção com dedos delicados e macios, explorando o músculo sensível quase com reverência.

- Você é suave e firme ao mesmo tempo.






Vou fazer uma maratona de 3 capítulos, presente de fim de ano! ❤

Memórias De Um Vampiro - Adaptada - Vondy. Onde histórias criam vida. Descubra agora