v i n t e e d o i s .

591 92 29
                                    

Vincent se mexe atrás de mim e eu escuto sua respiração, em seguida sinto sua boca deixando um beijo na minha nuca. Ele levanta tomando todo cuidado para não fazer barulho, provavelmente pensando que ainda estou dormindo, e sai do quarto.

Me viro na cama e encaro o teto sentindo meu estômago rodando e minha garganta apertada. Estou acordada faz um tempo, mas não tive coragem sequer de me mover com medo dele acordar e me ver acordada. Não sei como encará-lo depois do que aconteceu ontem, tenho tanta vergonha de saber tudo que fizemos, tudo que ele fez em mim e depois... Depois eu não consegui continuar e acabei dormindo extremamente rápido sem nem saber o que ele fez para amenizar seu... tamanho.

Respiro fundo e bufo fechando os olhos e abraçando meu corpo coberto por uma das blusas dele, nem sei quando ele vestiu isso em mim. Sento na cama e levanto atrás das minhas roupas.

— O que está fazendo? — Vincent pergunta da porta me fazendo dar um pulo assustada, ele arregala os olhos se aproximando rapidamente com a expressão preocupada. — Tudo bem?

— Eu... Tudo — sussurro abaixando a cabeça e me afastando. — Estava procurando minhas roupas, acho melhor voltar pra casa — explico voltando para as roupas, junto minha calça, meu sutiã e minha jaqueta, mas ainda faltam a blusa e a calcinha.

— Já vai embora? — Pergunta atrás de mim, balanço a cabeça concordando. — Estou preparando um café da manhã pra gente, espera mais um pouco.

— Eu não gosto muito de comer de manhã, mas obrigada.

Ouço ele bufar e sua mão segura meu braço me virando pra ele. Sua expressão é beirando a brava.

— Você não vai fugir, Mellanie, não vou deixar você sair assim desse apartamento depois da noite de ontem. Você pode estar envergonhada ou arrependida, mas aconteceu e eu não vou fingir que não. — Sua fala é firme até aqui, mas suaviza a voz ao continuar: — Mas eu espero mesmo que não seja arrependimento, porque eu adorei tudo de ontem e espero que você também tenha sentido o mesmo. — Desvio os olhos dele sentindo meu corpo gelado. — Eu fiz algo que não gostou? Ou fui rápido demais com tudo? Te machuquei de alguma forma? — Balanço a cabeça negativamente a cada pergunta. — Então me fala, o que aconteceu? Por que está assim? — Ele segura meu rosto me fazendo encará-lo.

— Você estava certo — sussurro fechando os olhos —, eu estou com vergonha.

Sinto seus lábios contra os meus e abro os olhos, ele se afasta e balança a cabeça.

— Está tudo bem, Mell. Não se preocupa com isso. Eu adorei tudo que aconteceu ontem, jamais imaginei que você pudesse me deixar fazer tanta coisa. Foi simplesmente maravilhoso, você foi maravilhosa — sorri, eu desvio os olhos tentando não lembrar de tudo que ele fez, mas já lembrando e sentindo meu corpo formigando de constrangimento.

— Mas eu não consegui ir até o final e não consegui nem retribuir em você... — Ele me cala colocando as pontas dos dedos sobre minha boca.

— Não tem problema. Você só está começando e precisa fazer tudo no seu tempo. Olha o quanto já progredimos! E quanto a mim, não se preocupe que eu sei me virar. Ontem era tudo pra você sentir, se entregar e gostar — sussurra acariciando meu rosto. — Deu certo?

Franzo os lábios e concordo balançando a cabeça, ele sorri e beija minha boca me soltando.

— Depois vem tomar café — pede, concordo e me viro pegando minha roupa. — Ah, esqueceu isso — avisa e eu o encaro novamente, ele estende a mão segurando minha calcinha com um sorrisinho cínico nos lábios. Puxo da sua mão e ele ri.

Vou para o banheiro e tomo um banho, pego uma das toalhas no armário e me seco, visto minha calça, mas permaneço com a blusa do Vincent já que não encontrei a minha. Saio sentindo um cheiro gostoso de comida, o que faz meu estômago reclamar de fome. Vincent me olha da cozinha e aponta para a mesa.

— Vamos comer — chama.

°

Termino de beber o chá e deixo a xícara sobre a pia, encaro o Vincent ainda sentado na mesa me olhando.

— Estava tudo ótimo, mas agora vou voltar pra casa — aviso indo até a sala e pegando meu casaco.

Vincent levanta e vem até mim segurando minha cintura, me viro o olhando e ele acaricia meu rosto segurando meu queixo e me puxando para um beijo casto.

— E se a Ashley e o Lee ainda estiverem comemorando o dia dos namorados? — Pergunta levantando as sobrancelhas.

— Ela disse que eu poderia voltar hoje, então não importa — balanço os ombros e passo por ele indo até a porta, mas antes de abrir, Vincent me puxa para um beijo. Ele me coloca contra a parede e intensifica o beijo, me deixando sem ar, então se afasta.

— Agora pode ir — sussurra abrindo um sorriso. Respiro fundo e balanço a cabeça sorrindo, me virando e abrindo a porta.

Antes mesmo de abrir meu apartamento, já escuto uma gritaria lá dentro. Franzo o cenho e abro de uma vez, a Ashley está segurando o celular do Lee, ela anda de um lado ao outro e ele está sentado no sofá.

— Eu não posso acreditar, Lee! Você é um cretino idiota! — Ash grita.

— Já deu, Ashley! — Lee levanta e arranca o celular da mão dela, ambos irritados.

— Já deu? Acha que estou exagerando? — Ela pergunta incrédula, ele bufa.

— E não está? Sou homem, Ashley, claro que coisas assim vão acontecer. Supera!

Ash se aproxima irritada e o empurra.

— Você é a pior pessoa que eu já conheci, Lee — sua voz sai mais contida agora, ela se vira e pega sua bolsa e o casaco e vem em direção a porta, vejo as lágrimas caindo dos seus olhos. Ash passa direto por mim empurrando a porta com força.

— O que aconteceu? — Vincent pergunta parado na frente do apartamento dele, balanço os ombros sem saber e encaro o Lee.

— O que você fez com ela? — Pergunto, ele bufa.

— Cuida da sua vida, Mellanie — responde grosso. Encaro a Ash no elevador e a porta fechando e corro até ela, mas não da tempo, então vou descendo o mais rápido que consigo pelas escadas. Quando chego no saguão, vejo a Ash na porta do prédio. Corro pra ela.

— Ash, espera! — Chamo, mas ela não da ouvidos, só começa a atravessar a rua sem sequer olhar. Corro atravessando o mais rápido que consigo e seguro o braço dela. — Você tem um filho pra criar! Está louca? Poderia ter sido atropelada! — Grito assustada, Ash me olha e arregala os olhos.

— Mellanie! — Chama e eu escuto um buzina extremamente alta, olho pra frente e só então me dou conta que não atravessamos a rua, só estamos na divisão entre uma pista e outra, e eu fiquei no meio de uma.

Sinto o impacto e meu corpo é jogado longe, não sinto dor nem mesmo quando volto para o chão. Apenas sinto meu corpo todo batendo contra o asfalto, e de repente o céu parece dominar todo meu campo de visão, só vejo o azul para qualquer lugar que eu olhe. Até ele ir diminuindo e formando duas formas esféricas, que eu demoro a reconhecer como olhos. Olhos do Vincent em cima de mim. Sua cara é preocupada e ele está falando algo, mas eu não consigo entender. A falta de ar é grande demais pra eu conseguir ficar acordada por mais tempo, então só apago.

Kess

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Kess.

11.02.2020

Mellanie - Recomeço [3° história]. Onde histórias criam vida. Descubra agora