e p í l o g o .

826 96 69
                                    

2010, França

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

2010, França

Encaro a parede de vidro com grades atrás, minhas mãos estão suando e meu coração parece prestes a sair pela boca. Quando ouço a porta do outro lado sendo aberta, sei que ele chegou. Ângelo entra na sala numa cadeira de rodas, seu olhar é claramente surpreso quando me vê. O policial o empurra até o meio da sala e se afasta voltando para a porta, também tem um policial na porta da sala que estou.

Ma cher — sussurra com a voz bem rouca e fraca, ele está careca e engordou bastante, não tem nenhuma semelhança com o homem que eu me lembrava.

— Ângelo — respondo.

— Eu poderia imaginar qualquer um vindo aqui, menos minha sobrinha querida — comenta me olhando de cima a baixo, tenho vontade de mandar alguém obrigá-lo a olhar só meu rosto. — Mas é ótimo ver um rosto conhecido, só recebo visitas de jornalistas e dos meus advogados. Agora receber alguém da família? — Ri balançando a cabeça. — Inacreditável.

— Não sou sua família, Ângelo — respondo incomodada, ele levanta as sobrancelhas.

— Então o que está fazendo aqui? — Sua pergunta me pega de surpresa, eu mordo o interior da minha boca e fecho os punhos tentando voltar a raciocinar corretamente.

— Eu só queria ter certeza de que você está tendo o castigo que merece, e parece que sim — falo balançando a cabeça, ele sorri.

— E você, cher, está sendo castigada por isso também ou ninguém te encontrou ainda? Imaginem só saberem que eu, o temível e cruel Armand, tem uma sobrinha perambulando por aí? — Expande o sorriso, eu balanço a cabeça.

— Ninguém nunca vai saber — garanto.

— A não ser que eu conte — ele levanta as sobrancelhas, eu nego.

— Você nunca vai contar porque sabe que vai destruir minha vida com isso, sabe que eu não quero nenhuma ligação com você e menos ainda com tudo que fez. — Ele assente. — Mas eu não vim aqui só pra isso — aviso e tiro de dente da bolsa um envelope. Levanto e o encaro.

— O que é isso? — Pergunta confuso.

— Um exame de paternidade. — Seu semblante muda drasticamente. — Aqui está a resposta se você é ou não meu pai biológico. — Ele se mantém em silêncio, os olhos vão do envelope para mim.

— Eu não quero saber — pede com um tom que nunca achei que ouviria dele, está assustado, talvez até desesperado. — Eu não quero saber — repete. Sorrio começando a abrir.

— Você não tem muita escolha.

Seguro o papel nas minhas mãos e começo a ler silenciosamente até ver o resultado, levanto o olhar para o Ângelo que me encara fixamente. Me aproximo do vidro e coloco o papel contra ele, Ângelo imediatamente começa a ler até sua expressão se suavizar.

Mellanie - Recomeço [3° história]. Onde histórias criam vida. Descubra agora