v i n t e e n o v e .

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Abro minha mão e sinto algo espetando contra ela, aperto e puxo sentindo o cheiro de grama. Pisco os olhos, os abrindo lentamente encarando o céu noturno sobre mim. Aperto as duas mãos e me dou conta de que estou no chão de algum lugar, sento olhando ao redor e vendo as luminárias de uma praça. Toco a roupa no meu corpo e levanto procurando pelo Vincent. Estou em algum lugar em Londres, pelo menos acho que é Londres, no meio da madrugada.

Vou caminhando aos tropeços pelas dores que se estendem no meu corpo, caio no chão várias vezes, mas continuo caminhando. Minha visão fica turva e a dor que corre meu corpo é tão grande que desabo e ali permaneço até o sol nascer.

Moça? Você está bem? — Escuto alguém perguntando, mas não consigo ver.

— Me ajuda — sussurro movendo minha mão tentando levantar, sem sucesso.

Tudo bem, a ajuda está vindo — a pessoa toca minha mão.

Escuto quando a sirene da ambulância chega dispersando os vários cochichos, sou atendida e colocada numa maca. Os paramédicos me fazem várias perguntas, eu respondo o máximo, mas chega num ponto que eu apenas deixo o cansaço dominar.

°°°

Ela está acordando — alguém avisa assim que eu começo a abrir os olhos. Me esforço para enxergar um médico e o Andrew de um lado. — Calma, você está segura. Aqui é o hospital London Grace — o médico informa.

— Água — sussurro sentindo minha garganta dolorida, uma enfermeira aparece com um copo e um canudo e me ajuda. Sento na cama segurando e encaro o Andrew. — Vincent? — Pergunto, Andy senta na lateral da cama e segura minhas mãos.

— Está em casa com a Emma e as crianças, ele está bem.

Fecho os olhos aliviada.

— Quero conversar com você sozinha — peço e abro os olhos vendo o médico e a enfermeira saindo.

— Você ficou desacordada por cinco dias, Mellanie — Andy fala e eu arregalo os olhos.

— O quê?

— Seu corpo estava no limite, então quando dormiu, você não acordou mais. Eles cuidaram de você, te alimentaram e hidrataram por uma sonda. Você está bem, já podemos voltar pra casa, mas precisa conversar com a polícia — explica, eu balanço a cabeça.

— Eu sei, só preciso falar com você primeiro.

— Claro, docinho, o que precisar — afirma segurando minha mão.

— Ele é meu pai biológico — sussurro, Andrew arregala os olhos.

— O quê?

— Armand disse que é meu pai, falou que esteve com a minha mãe um dia e depois ela contou primeiro pra ele que estava grávida, ela disse que ele era o meu pai. Mas nunca contou isso pra ninguém, claro.

Andrew balança a cabeça.

— Isso é... Meu Deus, nem sei! — Exclama.

— E ele não vai voltar — sussurro sentindo as lágrimas caindo. — Ele não vai voltar — repito e sorrio.

— Como pode ter certeza? Olha o que ele fez com você, Mellanie. — Toca meu rosto indicando os machucados.

— Não foi ele, foi a Barbara. Ela mandou ele me matar — encaro o Andrew que está sério. — Ele finalmente me deixou em paz, Andy. Posso viver em paz, sem medo — sorrio.

— Calma, Mellanie. Esse cara escondeu que pode ser seu pai até hoje, depois de te atacar e aterrorizar todo esse tempo. Não podemos confiar.

Eu balanço a cabeça.

Mellanie - Recomeço [3° história]. Onde histórias criam vida. Descubra agora