Depois de acordar de um coma, Michelle percebe que se passaram muitos anos. Seu irmão já não era mais pequinho como lembrava. Nada era como lembrava.
A vida deu um jeito de traçar novos caminhos, colocando-a num estado de confusão. Até que tudo e...
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O Chamado.
– Acorda. – A jovem chacoalha o irmão. – Anda, seu preguiçoso, acorda.
A luz do sol já entrava pelas frestas da madeira do galpão. Sabrina, já acordada, ria de Michelle. A garota parecia bem, para uma pessoa que serviu de oráculo. Em suas mãos, a menina segura um smartphone, provavelmente o dela, e o cartão de memória de Michelle.
– O que você quer? – diz o rapaz, acordando.
– Você tem razão – diz Michelle – Eu sou fraca, mas se eu encontrar as respostas certas posso aprender a ser útil. Pelo menos uma vez na vida.
O garoto abre um sorriso, como quem ouve que ganhou na mega-sena.
– Não vou desistir, assim, tão fácil – continua a jovem iluminada.
– E nós já temos onde procurar nossas respostas – diz Sabrina.
Matheus desvia o olhar para a garota. Feliz, em ver que ela está bem.
– Eu encontrei minha antiga câmera aquele dia que nós fomos na reserva. E adivinha só, o cartão está intacto.
– Fico feliz que tenha reencontrado sua câmera, mas acredito que já é tarde para gravar um vlog – brinca o rapaz – Ela não funciona.
Michelle dá um tapa no ombro do irmão. Que idiota, será que não a ouviu direito?
– O cartão está intacto, ou seja, conseguiremos assistir as gravações que estão contidas nele – explica ela – Isso se o celular de vocês ainda tiver entrada para memória expansível.
Matheus retira o celular do bolso da calça. Pequeno e fino, até ser aberto para os lados, tomando a grandeza de um mini tablet.
– Acredito que isso já ficou no passado. – Ele debocha da irmã. – Ninguém mais usa esse tipo de coisas. Agora, é tudo por armazenamento em nuvem.
– Discordo – grita Sabrina – Meu celular ainda tem entrada para "essas coisas". – Ela faz aspas com os dedos.
Matheus ri.
– Esse negócio que você chama de celular já nem recebe suporte da fabricante. – Matheus olha para a irmã. – Acredite se quiser, essa gigante faliu.
Michelle olha horrorizada para Sabrina. A mesma revira os olhos.
– De qualquer maneira, meu aparelho ainda pode nos ajudar – diz ela – Diferente do seu.
Matheus permanece calado. Contra fatos não há argumentos.
– Vamos assistir o quê? Seus vídeos crus daquele maldito dia? – debocha o rapaz – Michelle, isso não vai ajudar em nada.
