A Primogênita.
A garota desmaia, depositando todo seu peso sobre Michelle.
– Me ajuda aqui – pede ela ao seu irmão.
Matheus a ajuda a deitar a menina espírita no chão. Com um semblante peculiar, ele encara sua irmã.
– O que foi? – pergunta ela.
– Eu aceito – diz ele.
Michelle ergue uma sobrancelha, confusa.
– Aceita o quê?
– Ser o sacrifício.
Michelle abre um sorriso nervoso. Não está nem um pouco confortável com a situação. Por que isso agora? Será que matar Douglas, seu primo, já não foi o suficiente? Por que seu irmão? Por que não Letícia ou Sabrina? Qualquer um?
– Não fale bobagens – diz ela – Eu não vou matar mais ninguém.
Ele sorri. Michelle não sabe se é de sarcasmo ou de nervosismo.
– No universo ninguém manda.
Sabrina se levanta, soluçando. A garota dá um forte suspiro e então olha para eles.
– Temos que encontrar ajuda – diz ela.
– O quê? – estranha Michelle.
– Eu vi – diz ela, afobada – Eu vi tudo o que não devia ter visto. Droga... Eu vi.
– Calma, Sabrina! – Matheus tenta acalmar a amiga. – O quê você viu?
– Eu vi tudo.
Michelle a pega pelos braços, já ansiosa e nervosa.
– O que você viu, garota?
– O poder nas mãos de Zanathus. A ampulheta está quase completa... O nosso tempo. – Ela respira fundo, recuperando o fôlego. – O nosso mundo... Está tudo perto do fim.
Michelle a solta e desvia o olhar para o irmão.
– Isso irá acontecer? – questiona ele, afirmando a ideia.
– Visões são reflexos de tempo. – A vidente explica, um pouco, ainda, abalada. – Não tem como ter cem por cento de certeza.
Michelle leva as mãos até a cabeça, como faz quando está nervosa. O que ela pode fazer? Quem será sacrificado? Qual sangue ela tem que derramar? Como ser a luz? Por que matar pela luz? Ela não pode fazer a escolha errada dessa vez. Precisa ser minuciosa. Uma luz.
– Você disse que precisamos de ajuda, certo? – questiona.
Sabrina assente com a cabeça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Aviso do Demônio _ Parte Dois.
FantasyDepois de acordar de um coma, Michelle percebe que se passaram muitos anos. Seu irmão já não era mais pequinho como lembrava. Nada era como lembrava. A vida deu um jeito de traçar novos caminhos, colocando-a num estado de confusão. Até que tudo e...