Quando você descobrir o que houve

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Diarra

Continuo concentrada nas milhares de fórmulas no meu caderno quando escuto a porta da sala abrindo. A turma parece fazer o mesmo, mas não por muito tempo. Ouço vários cochichos.

— Sofya, o que tá acontecendo?

— Não sei, amiga, não deve ser nada dema...

Ela se interrompe e eu imediatamente entendo porque. O topete loiro entrando na sala é o motivo de toda a confusão. A turma agora faz barulho e todos falam alto.

— Gente, façam silêncio, por favor! Joshua, pode se sentar. — O professor indica um lugar vazio.

Estou boquiaberta, acompanho com os olhos o menino caminhar até a carteira, com uma expressão séria. Só quando ele senta e não posso mais vê-lo é que me viro para Sofya.

— Ele voltou.


Noah

Abro os olhos. Vejo branco, muito branco. Da primeira vez que estive aqui pensei ter morrido. Não é mais o caso, minha presença nesse lugar tornou-se frequente demais para qualquer tipo de estranhamento. Apenas tento respirar fundo e busco os olhos da enfermeira.

— Você acordou. Está se sentindo melhor?

Yonta me lança um sorriso de pena. Todos sempre tem esse sorriso pra mim.

— Eu vou sobreviver.

— Noah, você realmente precisa fazer algo sobre isso... Esses garotos... Não podem fazer esse tipo de coisa. Isso já foi longe demais.

Encolho mais o corpo na maca branca um pouco manchada pelo meu sangue.

— Você me achou no corredor? Ou alguém me trouxe dessa vez?

Ela suspira percebendo que não vou responder seus pedidos.

— Um garoto te trouxe até aqui. Parecia preocupado, nunca tinha visto ele antes.

Um garoto? Faço um esforço tentando lembrar os segundos antes de apagar. Lembro de ter ouvido... Ele.

— Qual era o nome dele, Yonta?

— Não sei, ele não disse.

Sento na maca me preparando para levantar.

— Acho que já vou. Obrigado de novo.

— Não está doendo?

— Tá. Pra caralho. Mas não posso ficar aqui. A gente, provavelmente, se vê amanhã.

— Eu realmente espero que não, meu bem.

Sorrio fraco para ela antes de sair.




*


— Noah! Você tá bem? Onde estava? Não me diga que...

— Calma, Krys. Eu tava na enfermaria. Eu tô bem.

— Eles te bateram de novo, né?

Desvio os olhos, é o suficiente para ele entender.

— Noah! Noah! — Diarra e Sofya invadem o refeitório com certo desespero.

— Calma, amores. Vamos lá: respira, expira, não pira.

— Fica quieto, Krys, é importante.

— Digam logo.

— Ele voltou, Noah. O Josh voltou.

Quando você voltar • NoshOnde histórias criam vida. Descubra agora