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Daniel Seavey  .✧ࣶᭂ

— Eu já conheci gente otária antes, mas você consegue se superar. — Corbyn fala balançando a cabeça.

— E você queria que eu fizesse o quê, rejeitasse ela? — Pergunto passando a mão entre os cabelos e ele quase grita um "óbvio" — Além do mais, ela é gostosa.

— E ela é a única garota gostosa no mundo? — Ele continua me brigando, enquanto procura alguma coisa na minha geladeira. — Tenho certeza que você é bem capaz de arranjar uma garota decente que não te faça de capacho.

— Ela não me faz de capacho.

— Eu que faço, né? — Ele revira os olhos e bebe um leite vencido que havia ali, fazendo uma careta. — Meu deus, quanta radiação nesse leite.

— Não tive tempo de fazer compras esse mês. — Dou os ombros, sentando na banqueta.

— Estava ocupado sendo cadela da Ella, entendo. — Ele fala e fecha a geladeira, indo até os armários. — Ah, espera, não estava não, porque ela te trocou por um cara e sumiu né?

— Tá Corbyn, ela me faz de capacho, mas você quer que eu faça o quê?

— Quero que você deixe de ser otário né. — Ele fala como se fosse óbvio. — Ou sei lá, trata ela como ela trata você, karma e essas coisas. Não tem um cereal decente nessa casa?

— No outro armário tem froot loops. — Ele bate na cabeça em sinal de decepção, mas mesmo assim abre o armário. — O que você acha que eu devo fazer?

— Hm? — Ele pergunta confuso enquanto se senta do meu lado.

— Foco Corbyn, estamos falando da Ella.

— Ah sim, eu acho que você deveria começar a jogar os joguinhos dela. Ela te ignora nos corredores? Ignora ela. Ela dá em cima dos seus amigos? Dá em cima das amigas dela. Ela só te manda mensagem quando quer transar? Faz o mesmo.

— E digamos que essa seja uma boa ideia-

— Ela é, fui eu quem sugeri. — Ele me corta.

— O que eu ganho com isso?

— Dignidade, Seavey, você ganha dignidade. — Ele bate no meu ombro, falando com a boca cheia de cereal.

— Você é tão engraçado. — Reviro os olhos.

— Mas falando sério, acho que ela vai perceber que é uma escrota com você. — Diz e eu concordo. — Aí sei lá, vocês casam e tem cinco filhos que você com certeza já escolheu os nomes.

— Claro que não idiota. — Bufo e pego um pouco do cereal do pacote, sem o leite vencido. — Só falando que esse leite vai te dar a maior dor de barriga possível.

— Pior que a dor de barriga que eu tenho olhando pra essa sua cara feia, impossível. — Ele provoca e eu bato na caixa de leite que ele tomava, fazendo ele derrubar um pouco em si mesmo.

   Ele me fuzila com o olhar, mas antes que pudesse falar algo, meu celular toca e eu tiro do bolso pra ver quem é.

— É Ella.

— Ela quem? — Ele brinca e eu faço uma careta com a piada horrível. — Não atende.

   Tarde demais, já atendi. Ele bufa e balança a cabeça.

— Oi Ella. — Falo ao ouvir a voz dela do outro lado da linha. Corbyn se aproxima e gruda a orelha no telefone, tentando ouvir também.

Você tá ocupado? Ia te chamar pra vir aqui em casa.

Você tá ocupado? — O loiro ao meu lado debocha bem baixinho, recebendo um tapa no ombro.

— Na verdade sim, tô bastante ocupado. — Minto.

Com o quê? — Ela soa meio desconfiada e eu fico nervoso. — Ah, esquece, vou procurar outra companhia.

   Eu sabia o que ela tava fazendo, e sabia que ela esperava que eu cancelasse meus "planos" por ela.

— É uma pena, preciso desligar agora. — Falo e dou um tchau antes de encerrar a chamada.

— Eu nunca estive tão orgulhoso na minha vida. — Corbyn diz, fingindo limpar lágrimas falsas em seu rosto.

karma ᪥ daniel seavey Onde histórias criam vida. Descubra agora