Capítulo 11 - 1ª trombeta

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Na floresta do medo não havia sinal de telefone, mas eles levariam dois rádios portáteis, um ficaria com Mario e outro com Gabriel.

Eric levaria os meninos até a entrada da floresta do medo, mas ao saírem de Peniel Charles disse a Eric que ele deveria levá-los para o vale da solidão.

O jovem pastor questionou dizendo que o pastor havia mandado levá-los para a floresta do medo, mas Charles insistiu falando que havia ocorrido uma mudança de planos e pediu para que Mario confirmasse.

O sargento, um pouco sem jeito, confirmou.

— Sim, não vamos mais para a floresta do medo, vamos para o vale da solidão, nós vamos acampar na beira da montanha de Edar.

Eric, desconfiado, obedeceu e levou o grupo até onde o carro poderia rodar, o restante eles teriam que caminhar.

Charles puxava a fila e muito feliz sussurrou.

— Cidade perdida, estamos chegando.

Após uma longa caminhada o grupo chegou à montanha de Edar. Mario puxou a Charles num canto e perguntou.

— Onde estão as armas? Estão por aqui?

— Sim, mas deixe os meninos descansarem um pouco, temos três dias para treinar à vontade.

Mario pediu para os meninos montarem as suas barracas, mas Charles os desafiou.

— Pessoal, quero ver quem aceita entrar comigo na cachoeira de roupa e tudo!

Charles correu em direção à cachoeira e a atravessou. Os meninos que estavam com muito calor foram atrás do vilão sem dar ouvidos a Mario que pedia para que todos esperassem.

Ao atravessarem a cachoeira eles caíram em uma espécie de tobogã de água que os fez descer muitos metros terminando em um lago onde a água era bem cristalina.

Mario ficou sozinho com as bagagens e estranhou o fato deles demorarem em sair da cachoeira. Ele chamou pelos meninos e por Charles, mas não tendo respostas atravessou a cachoeira e também caiu no tobogã.

Mario caiu no mesmo lago em que os meninos tinham caído e foi ajudado por Gabriel e Tiago a sair da água. Ele avistou Charles em cima de uma pedra e foi saudado pelo vilão.

— Bem-vindo meu amigo, esta é Refúgio, a famosa cidade perdida. Já disse aos meninos que temos a missão de procurar as couraças douradas e levá-las para a igreja de Peniel. Somente assim o pastor Anderson verá o quanto o grupo de vocês é valoroso.

Charles puxou uma lona e mandou os meninos pegaram as espadas e os escudos que estavam ali.

Gabriel notou que eram as armas originais da igreja e Mario observou que as roupas dos soldados haviam mudado, a calça camuflada e o coturno continuaram os mesmos, mas a camiseta que antes era camuflada em tons de verde, agora estava branca com tons de prata. Em um ombro havia o número de cada soldado e no outro o nome.

— Mas que loucura é esta Charles, pra onde você nos trouxe?! Temos que sair daqui imediatamente! — gritou Mario.

— Nós estamos em outra realidade agora e não tem saída por onde entramos, temos que andar por toda a cidade para sairmos pelo outro lado da montanha. — explicou Charles.

— Aconteceu assim com o grupo do Benjamim quando eles entraram no casarão da maldade e na floresta do medo, suas roupas mudaram e eles enfrentaram desafios que jamais enfrentariam em nosso mundo. — disse Gabriel.

Os meninos haviam deixado as suas mochilas com suas roupas e com tudo o que haviam trazido para trás. Eles argumentaram que não poderiam ficar sem comer, mas Charles garantiu que não faltaria água e comida durante a busca.

Gabriel perguntou aonde eles iriam carregar as espadas porque não via a cinta onde os jovens do esquadrão a fixavam nas costas.

Mario argumentou que eles, como verdadeiros soldados, tinham que andar com a espada na mão, prontos para enfrentar qualquer perigo, mas na verdade ele havia se esquecido de pegar as cintas.

A frente deles tinha dois grandes portões de madeira. Gabriel e Tiago abriram o portão que fez muito barulho como se estivessem fechados há vários anos. Em cima do portão, com letras de madeira estava escrito Refúgio.

— Mas que lugar é esse seu Charles? — perguntou Tiago.

— Eu já disse jovem, estamos na cidade perdida.

— Mas nunca ninguém falou daqui, parece ter sido construído há centenas de anos.

— Na verdade, trezentos anos atrás. — respondeu Akio.

Charles tentou interromper o pequeno valente a continuar falando, mas foi impedido por Gabriel, que perguntou.

— Como assim? O que você sabe sobre este lugar?

— Eu e o Mateus vamos bastante a biblioteca estudar e eu gosto muito de história. Nós pesquisamos sobre a origem de Peniel que foi fundada por missionários evangélicos há mais de duzentos anos e existem relatos que esta região onde estamos já tinha sido habitada antes da fundação de Peniel e de Betel.

Mateus continuou.

— Segundo nosso estudo um grupo de evangélicos veio para esta região por sofrerem perseguição em sua terra natal. Por isso eles construíram uma cidade escondida entre as montanhas para se protegerem daqueles que não aceitavam a sua fé. A cidade foi construída em sete partes e devemos estar na primeira.

Akio complementou.

— Foram realizadas algumas buscas para procurar pela cidade perdida de Refúgio e todas fracassaram. Ou foram mal executadas ou estamos diante de uma cidade fictícia criada na dimensão espiritual.

Charles mandou que eles parassem de conversar e que caminhassem. Mario mandou que todos andassem em fila indiana, com Akio e Mateus à frente e Gabriel e Tiago por último, mas Gabriel não concordou.

— Seu Mario, no outro grupo era Benjamim quem puxava a fila com Augusto em segundo, Cezar com certeza faria assim, Mateus e Akio vão nos atrasar muito, eles andam devagar, o correto é os maiores irem à frente.

Mario se irritou e não concordou com Gabriel.

— É claro que não, temos que ir todos juntos, se vocês forem à frente eles vão ficar para trás!

Eles caminharam por uma trilha muita bonita cheia de pedras e em questão de minutos chegaram a um local descampado onde havia uma grama muito bonita. Naquele instante Tiago sentiu uma comichão e alertou seus amigos.

— Pessoal, estou sentindo que vamos correr perigo, fiquem atentos.

— Vamos ficar em posição de defesa! — ordenou Gabriel.

Os valentes fizeram um círculo com os escudos erguidos e Mario se irritou com Gabriel argumentando que era ele quem dava as ordens. Gabriel contestou dizendo que ele e Tiago eram os líderes de campo dos soldados, mas Mario respondeu que seria assim apenas se ele não estivesse presente.

O céu na cidade perdida não brilhava como no mundo exterior, era como se uma sombra cobrisse toda a cidade, mas enquanto Gabriel e Mario discutiam o céu ficou ainda mais escuro.

Charles entrou no meio dos rapazes que faziam um círculo e Mario ficou do lado de fora ordenando que todos voltassem a caminhar, mas os meninos não o obedeceram esperando as ordens de Gabriel.

Enquanto Mario esbravejava, um som bem alto de trombeta se ouviu vindo do céu. Imediatamente, uma chuva de pedras de fogo caiu sobre um terço do local onde eles estavam causando uma gigantesca devastação.

Esquadrão dos Valentes Vol.3: Na cidade perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora