Capítulo 18 - Covardes

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— Estou reconhecendo essas vozes, são o Samuel e o Moisés, tenho certeza. — disse Tiago.

Gabriel deu um soco e quebrou facilmente a parede para encontrar os seus dois amigos amarrados em cima de uma cama, mas quando ele ia passar para o outro quarto, uma enorme silhueta apareceu no vitral da janela do lado de fora do quarto.

Era Abismo, que quebrou o vidro e entrou na sala deixando os valentes paralisados de medo ao vê-lo de perto. Akio era o mais próximo de Abismo e ergueu a cabeça com a boca aberta como era sua característica para escutar o destruidor falar.

— Vocês correm como ratos, eu pensei que enfrentaria um esquadrão de valentes, mas vocês não passam de um esquadrão de covardes, preparem-se para voltarem para casa.

Ao ouvir Abismo chamar os meninos de esquadrão de covardes, Charles deu muita risada.

— Boa! Essa foi boa! Esquadrão dos covardes! — O invejoso deu uma risada estridente chamando a atenção de Abismo, que se distraiu e foi atingido no rosto com muita força pelo escudo de Gabriel.

O destruidor sentiu o potente golpe e deu tempo para que o valente e seus amigos corressem para o quarto ao lado onde estavam Moisés e Samuel.

Recuperado, Abismo tentou pegá-los, mas o buraco feito por Gabriel era pequeno demais para o gigante passar. Rapidamente, os valentes libertaram Moisés e Samuel, os dois ficaram com suas espadas e deram seus escudos para os amigos que estavam desarmados.

Abismo derrubou o muro que separava os quartos e os adolescentes correram para o corredor do castelo, mas deram de cara com os trituradores. Eles correram para o final do corredor onde não havia saída e Tiago ergueu um campo de força para protegê-los. Gabriel quebrou a parede e mandou todos pularem.

— Você está louco, nós vamos morrer! — gritou Mario.

— Aqui ninguém morre seu burro! — esbravejou Charles explicando que no máximo eles voltariam para Peniel.

Tiago fazia um esforço enorme para manter seu campo de força ativo e Gabriel empurrou quase todos de uma vez para o chão. Para a sorte deles havia vários pingos de ouro abaixo e a queda deles foi amortecida, menos a de Charles que caiu no chão duro.

Gabriel e Tiago foram os últimos a pularem e todos correram para longe do castelo. A luz do sol estava encoberta pela poeira negra que saia do buraco feito pela grande pedra de fogo, aquilo os impedia de ver muito a frente, mas após alguns minutos eles avistaram a entrada para a sexta parte da cidade.

Mario ficou para trás e foi alcançado por Abismo que voou rapidamente do castelo até onde eles estavam. O anjo destruidor ergueu sua espada para atacar o sargento, mas foi impedido por Tiago que lançou uma pedra no vilão. Gabriel aproveitou-se e atingiu o gigante em uma das suas grandes asas. O destruidor caiu de joelhos com muita dor e Gabriel ajudou Mario a chegar à saída.

Ainda com muita dor, Abismo gritou.

— Ainda vamos nos reencontrar seus covardes, eu vou destruir todos vocês!

Eles entraram correndo na próxima parte da cidade onde havia enormes depósitos que eram usados para armazenar os alimentos da cidade. Ao adentraram, todos caíram extenuados.

Os valentes, com muita fome e sede abriram um depósito onde encontraram água e alimento. Ainda cansados, eles queriam descansar, mas Mario queria que caminhassem até escurecer.

Gabriel concordou e Charles disse que ali havia alguns depósitos cheios de espadas e escudos. O grupo andou por mais algum tempo e o sol caiu rapidamente. Eles tiveram que entrar em um dos depósitos para passar a noite.

Como na casa onde o esquadrão havia dormido na primeira noite o local tinha tochas e velas. Ali também havia alguns sacos que serviam para estocar alimento e os meninos os usaram para dormir.

Charles também foi dormir e falou.

— Boa noite meninos, que vocês sonhem com anjos, mas cuidado, se ele tiver asas negras como o Abismo, é pesadelo.

O vilão riu muito e sussurrou para Gabriel.

— Eu acho que ele vai querer descontar a golpe que recebeu na sua asa, você não acha?

Gabriel não deu muita atenção para Charles e após se deitar tirou do bolso da calça o rádio de comunicação que havia trazido para o acampamento. Ele estava com dúvida se o rádio ainda funcionaria depois de cair na água e de bater diversas vezes no chão enquanto estava em seu bolso.

Gabriel comentou com Mario que tentaria se comunicar com Vanessa e avisar que eles estavam na cidade perdida, mas Mario se irritou afirmando que eles sairiam sozinhos dali, por isso ele proibiu o valente de usar o rádio que na opinião dele não faria contato com Peniel.

Charles respondeu que àquela altura Eric já deveria ter contado que eles estavam no vale e que o contato por rádio deveria ser mais difícil ali do que na floresta. Gabriel não concordou e falou para Tiago que assim que eles estivessem as sós mandaria um recado para Peniel.

Mario, muito preocupado com seu filho Hugo e com Herbert, filho do pastor Anderson, não conseguia dormir. Tiago colocou as mãos no ombro do sargento e o consolou.

— Hugo e Herbert estão nesta parte da cidade, eu senti assim que entramos, fique tranquilo e durma em paz.

Mario se alegrou com a afirmação do soldado e adormeceu. Gabriel e Tiago ficaram de guarda porque não tinham sono e Akio se levantou no meio da madrugada para fazer xixi.

O menino saiu acompanhado de Gabriel e ao voltarem viram Charles dizendo que precisava fazer uma necessidade com urgência. Tiago disse que o acompanharia, mas Charles disse que não conseguia fazer nada com alguém por perto.

— O senhor está com dor de barriga, seu Charles? — perguntou Akio irritando ainda mais o vilão.

— Não interessa moleque chato, mas como você é intrometido! Deixem-me passar senão eu faço aqui mesmo!

Charles saiu e o vilão levou um grande susto ao encontrar-se com Escuridão que colocou a mão na sua boca para que ele não gritasse. Com o aspecto sombrio de sempre e com sua voz maligna, o vilão reclamou com seu assecla.

— Charles seu idiota! Aquele menino feriu Abismo e agora ele quer revidar a qualquer custo!

— Eu não pude fazer nada, Gabriel é muito poderoso e o Abismo ia fazer picadinho do Mario.

— Ele apenas o assustaria. Agora preste atenção, aqueles adolescentes tem que chegar até a sétima parte da cidade e aí não precisaremos mais deles. Eles ficarão tão traumatizados que jamais terão coragem de empunhar uma espada novamente.

Charles voltou para o depósito e ao entrar foi interpelado por Akio.

— Está melhor agora seu Charles.

— Sim, muito melhor.

O dia amanheceu radiante, mas logo o céu fechou dando sinal que mais uma trombeta soaria na cidade perdida.

Esquadrão dos Valentes Vol.3: Na cidade perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora