Capítulo 19 - 6ª trombeta

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Guiados por Tiago, que tinha uma bússola e por Charles, que conhecia bem o local, os valentes rumaram à sétima parte da cidade. Após caminharem por um bom tempo eles se depararam com um grande lago que tinha em suas margens duas espadas e dois escudos de prata.

Gabriel e Tiago pegaram as armas e deram uma espada para Gustavo e outra para Samuel enquanto os escudos ficaram com Moisés e Willian.

Após pegaram as armas eles escutaram um pedido de socorro. Mario reconheceu que era a voz do seu filho que estava amarrado a uma árvore próximo dali.

Herbert também estava amarrado em uma árvore e Gabriel correu para libertá-los. O sargento suspirou aliviado agora que todos os soldados estavam reunidos.

O lago era extenso e largo e Tiago afirmou que para prosseguir eles teriam que atravessá-lo. Charles confirmou as palavras de Tiago mesmo sabendo que havia outro caminho.

Mario discordou dizendo que seria muito perigoso eles atravessarem o lago nadando e Gabriel argumentou que não havia outro jeito, com isso, uma nova discussão teve início.

Akio observou que o céu ficou escuro e tentou chamar a atenção dos seus amigos que discutiam. Naquele exato momento um forte som de trombeta foi ouvido na cidade perdida novamente.

Como um raio, uma grande pedra de fogo caiu do céu sobre o lago espalhando água para todos os lados. Todos ficaram molhados e Charles brincou.

— Então a sexta trombeta era um banho, ainda bem porque eu não aguentava mais o cheiro de algumas pessoas. — Charles fez um bico na direção de Gustavo que não gostou.

O volume de água do lago aumentou e Gabriel falou.

— Veja, um barco estava vindo para cá. Todos entraram na pequena embarcação para tentar passar a outra margem e Charles reclamou muito do aperto. Para piorar ele ainda levou um pisão no pé de Gabriel.

— Aí que droga, tanto pé para você pisar e pisa justamente o meu!

— Desculpe seu Charles.

Charles seguiu reclamando até eles chegarem a outra margem. Akio achava muito estranho eles chegarem à sétima parte e não terem encontrado as couraças, mas Charles argumentou que elas estavam escondidas dentro da montanha por onde eles sairiam da cidade.

Enquanto Charles explicava onde as couraças deviam estar, o chão tremeu como se fosse um terremoto. Os valentes olharam para trás e viram centenas de trituradores marchando em sua direção. Eles correram para entrarem na montanha e Mario mais uma vez ficou para trás.

A marcha dos homens gafanhoto era rápida e muito barulhenta, a distância entre os grupos foi diminuindo até que Gabriel ordenou.

— Vamos derrubar as torres que contem água no caminho, assim eles vão se atrasar!

Gabriel, utilizando a sua força, e Tiago, o poder da sua mente, derrubaram as torres que armazenavam grandes volumes de água. Com aquilo os trituradores escorregaram e a marcha deles atrasou.

Os valentes entraram correndo na sétima parte da cidade que tinha vários depósitos e cavernas que segundo Charles, os levaria para fora da cidade.

Eles pararam para descansar um pouco e Tiago lembrou-se que naquele dia Gabriel comemorava aniversário. O jovem foi abraçado por seus amigos, inclusive por Charles que o parabenizou, mas que também caçoou dele.

— Pena que não tem bolo, mas acho o Abismo vai trazer um pra você! — mais uma vez Charles deu uma risada estridente que incomodou aos valentes.

Os valentes cantaram parabéns para o soldado número um, mas o invejoso não, fato que chamou a atenção de Akio.

— Seu Charles, o senhor não cantou parabéns para o Gabriel. O senhor não gosta de aniversário?

— Eu odeio!

— Por quê?

Todos pararam para ouvir a história de Charles.

— Quando eu era criança sempre que eu ia fazer aniversário, um parente meu morria. Em um ano era meu avô, no outro a minha avó, depois um tio, uma tia, uma vez minha mãe não fez minha festa porque a vizinha morreu.

— Então o senhor nunca teve uma festa de aniversário?

— Tive sim, mas muito poucas, mas na igreja então a lembrança é pior ainda.

— Quando eu era adolescente e jovem na igreja sempre tinha uma comemoração no final do mês para os aniversariantes. No mês de maio, Cezar fazia aniversário e somente ele fazia aniversário naquele mês.

— Lembro-me como se fosse hoje o nosso líder chamando apenas ele a frente. Todos cantavam parabéns e ele era abraçado por todas as meninas.

Charles mudou sua expressão e continuou sua narrativa.

— Mas quando era o mês do meu aniversário uma multidão também comemorava, parecia que tinha mais gente fazendo aniversário do que cantando parabéns. Na hora da foto, como sou alto, sempre ficava para trás, uma vez saiu apenas à ponta da minha cabeça. Que ódio! — o vilão encerrou seu relato cerrando os punhos de raiva.

Após descansarem, Charles explicou que as couraças estavam na maior caverna da montanha, que bastava seguir a trilha de tochas que eles chegariam lá.

Gabriel e Tiago disseram que fariam uma varredura no local porque ali havia vários depósitos, e todos tinham o desenho de espadas e escudos em suas portas.

Charles ironizou os rapazes dizendo que as couraças não estavam nos depósitos e que os trituradores deveriam chegar a qualquer momento. Uma nova discussão se iniciou com Mario ficando ao lado de Charles.

Durante a discussão uma enorme nuvem negra cobriu o céu da cidade. Um vento muito forte passou e um raio caiu causando um barulho ensurdecedor.

Muito assustados, os valentes correram para dentro da caverna que dava acesso a montanha e escutaram mais seis trovões que abalaram a montanha fazendo com que pequenas pedras se soltassem dentro da caverna.

O grupo, com Gabriel, Tiago e Charles à frente, caminhou por uma trilha iluminada por tochas e após alguns minutos Mario pediu para o grupo parar.

— Soldados, estamos perto de encontrar as couraças, não podemos falhar agora. Temos que repartir as armas, alguns jovens estão com uma espada e um escudo. O correto é todos ficaram com alguma arma.

Os valentes discutiram a ordem de Mario e mais uma aventura do passado azarado de Charles veio à tona.

Esquadrão dos Valentes Vol.3: Na cidade perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora