Capítulo 13 - Presos

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Charles era o que estava mais próximo de Akio quando ele foi lançado em um reservatório cheio de sangue. O pequeno soldado conseguiu se agarrar na borda e sair ileso, mas perdeu a sua espada e o seu escudo. Charles queria que ele procurasse as suas armas, mas o menino não voltou para o tanque.

Uma nuvem muito grande de poeira cobriu o local e não permitiu que os dois enxergassem onde seus amigos estavam. Com a visão limitada eles reiniciaram a caminhada em um cenário que agora era de pura destruição.

As águas cristalinas agora estavam vermelhas como sangue e os tanques de madeira caídos e quebrados com alguns ainda queimando devido ao choque com as bolas de fogo.

Após andarem alguns metros, Charles e Akio escutaram um pedido de socorro de Mateus, o soldado número 12.

O invejoso procurava por Mateus quando recebeu um cutucão nas costas levando um enorme susto. O vilão soltou um grito de medo e viu que quem estava atrás dele era Gabriel, que também tinha ouvido os gritos de Mateus.

Os gritos do adolescente ficaram mais altos e finalmente Gabriel avistou Mateus preso embaixo de alguns pedaços de madeira. Sem fazer muita força, o valente número um libertou seu amigo para a inveja de Charles que ficou olhando para o soldado com a mão no queixo e com os olhos arregalados.

O vilão foi até aos destroços para ver se conseguia erguê-los, mas ele não conseguiu mover sequer um centímetro dos destroços e ainda ficou com dores nas costas.

— Droga, é a segunda vez que eu venho aqui e não recebo poder nenhum.

Mateus também estava sem as suas armas e falou que não tinha a menor ideia de onde elas estavam. Ele relatou que após a chuva de pedras de fogo, perdeu os sentidos e acordou embaixo dos destroços de uma das caixas de água.

O quarteto prosseguiu rumo à saída do local com dificuldade porque além do forte nevoeiro o nível de água que estava transformada em sangue aumentou cobrindo os seus pés.

Gabriel deu o seu escudo para Akio e após alguns minutos, eles encontraram-se com Mario e Tiago. O sargento estava com muita dor na perna porque uma das pedras o havia atingido, mas Tiago estava bem e deu o seu escudo para Mateus.

Agora, eles estavam em seis e o nível da água com sangue aumentou batendo agora em suas canelas. Eles gritavam pelo nome dos valentes que estavam sumidos, mas ninguém respondia.

Eles concluíram que seus amigos podiam ter ido parar nas outras partes da cidade e Charles os levou rapidamente à saída daquela parte porque a água com sangue já batia nos joelhos deles.

Quando se aproximaram da saída uma grande onda veio na direção do grupo. Gabriel agarrou-se a uma árvore e pediu para que os seus amigos se segurassem nele, mas eles tiveram que largar as suas armas para não serem levados pela correnteza.

Após a onda passar, eles tiveram que nadar até a saída daquela parte da cidade. Charles não precisou da ajuda e nadou sozinho até a saída enquanto que Akio e Mateus tiveram que contar com a ajuda de Gabriel e Tiago.

Eles subiram uma grande escada e chegaram muito cansados a terceira parte da cidade onde havia grandes poços de água e muitas plantações.

Antes de retomarem a caminhada Tiago elogiou a Charles.

— O senhor nada muito bem seu Charles, deve praticar bastante.

— Sim, eu fui até campeão no colégio junto com o Mario.

— Puxa vida, não diga que é um daqueles nadadores que tem dezenas de medalhas?

O invejoso balançou a cabeça negativamente e contou mais uma história para os que estavam a sua volta.

— Ao contrário, eu só ganhei uma medalha até hoje. Certa vez houve uma disputa de natação entre várias escolas e eu representei a minha no revezamento 4x100 metros rasos.

Mario lembrou que fazia parte da equipe que ainda contava com Cezar e Victor.

— Nós treinamos muito para representar a nossa escola e ganhamos com folga. Após comemorarmos a vitória fomos trocar de roupa para receber as medalhas de ouro.

— Janet, como sempre, foi escolhida para entregar as medalhas aos vencedores. Cezar foi o primeiro, Mario e Victor foram os próximos e quando chegou a minha vez a medalha que deveria ser entregue a mim não estava na bandeja.

— O que aconteceu? — perguntou Akio.

— Os organizadores do evento falaram que a medalha que seria entregue a mim estava com defeito e que por nossa prova ser a última não havia mais nenhuma. Além de não receber a medalha de Janet, tive que tirar a foto com meus amigos sem nada no peito.

— Mas não enviaram outra medalha depois? — indagou Gabriel.

— Mandaram sim, mas tive que aguentar meus três irmãos menores na arquibancada dando risada sem parar de mim, mas o pior mesmo foi ver Cezar recebendo a medalha e ganhando um beijo de Janet. Que ódio! — lembrou-se o vilão cerrando os punhos.

Os seis membros remanescentes do grupo, agora sem nenhuma arma andavam em meio às plantações de trigo da cidade. Gabriel ficou admirado.

— Que plantação bonita, nem parece que é uma cidade abandonada.

— Muito estranho mesmo, uma plantação assim tão bem cuidada não pode surgir do nada. — comentou Mario.

Após andaram alguns metros eles encontraram algumas árvores cheias de frutas e comeram até saciar-se, porém, Gabriel e Tiago não estavam com fome.

O sol estava no ponto mais alto do céu e o calor aumentou. Akio e Mateus queriam descansar enquanto o sol estivesse bem alto, mas Gabriel e Tiago não concordaram dizendo que eles já haviam descansado bastante e que tinham que tentar encontrar os seus amigos.

Naquela parte da cidade, além de árvores e plantações, existiam vários poços que foram escavados para dar água à população da cidade. O grupo ouviu um pedido de socorro vindo de dentro de um dos poços e Gabriel correu para verificar.

Naquele momento Tiago observou que o céu estava novamente se fechando dando sinal que uma nova chuva de pedras de fogo cairia do céu.

Esquadrão dos Valentes Vol.3: Na cidade perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora