Capítulo 12 - 2ª trombeta

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Após ouvirem o som de trombeta, os valentes, ao comando de Gabriel, colocaram os escudos na cabeça para se protegerem das bolas de fogo que caíam do céu.

Nenhuma bola caiu próxima a eles, mas o local ficou devastado com muitas árvores pegando fogo. Em meio à devastação surgiu um homem sentado em um belo cavalo.

— Por causa de vocês a trombeta foi soada e perdemos a terça parte da nossa fauna verde. Por que vieram aqui?!

Ninguém respondeu por que o homem, além de ter uma voz de trovão, tinha uma aparência assustadora. O invejoso apontou Mario para o cavaleiro dando a entender que ele era o líder. O homem olhou para o sargento e o ameaçou.

— Você e seus soldados vão pagar caro!

O cavaleiro ergueu as mãos e algumas árvores ganharam vida com seus galhos se esticando e atacando os valentes.

Mario mandou que todos corressem, mas Gabriel deu outra ordem pedindo para que os soldados maiores ficassem a frente e os menores atrás. O fogo na floresta aumentava e os soldados mais fortes resistiram ao ataque das árvores.

Enquanto se defendiam, um intenso brilho azul surgiu em volta do corpo de Tiago e um brilho branco surgiu nos olhos de Gabriel.

Os dois lembraram-se do que Richard disse sobre o que acontecia quando Benjamim e Augusto tocavam as suas espadas e fizeram surgir enormes labaredas de fogo que destruíram as árvores que os atacavam.

Gabriel ordenou que todos corressem para a saída, mas Herbert tropeçou e caiu sendo arrastado de volta por uma árvore.

Charles mandou que o deixassem, mas Gabriel percebeu que sua força tinha aumentado e resgatou Herbert o arrancando das garras das árvores. Herbert perdeu a sua espada e seu escudo que ficaram para trás onde tinha muito fogo.

O cavaleiro, vendo que os soldados escaparam ilesos, os atacou com raios de fogo, mas eles, com dificuldade, se defenderam com seus escudos.

Tiago, sentindo que podia controlar as coisas ao redor com a sua mente, fez uma árvore cair sobre o cavaleiro que desapareceu deixando uma névoa negra em seu lugar.

Eles correram e atravessaram um grande portão que dava acesso para a segunda parte da cidade onde ficavam grandes reservatórios de água.

Cansados e com muito calor, eles beberam muita água do primeiro reservatório que encontraram. Charles foi um dos primeiros a chegar e Mateus o elogiou.

— O senhor corre bem rápido seu Charles.

— Eu sempre fui bom em corridas, uma vez quase ganhei um prêmio quando era adolescente.

Charles sentou-se entre Akio e Mateus e contou que certa vez, quando ainda era adolescente, haveria uma corrida em que o primeiro colocado receberia a medalha de ouro das mãos de Janet, a menina mais linda da escola.

Charles treinou muito e chegou até a ganhar de Mario, que era corredor mais veloz da turma antes de sofrer um acidente e não poder correr mais.

No dia da corrida Charles tinha a convicção de que venceria e após a largada disparou na frente seguido de perto por Mario. Cezar, Walter e Victor vinham no pelotão de trás junto com os outros meninos.

Já na última curva ele imaginava como seria receber a medalha de Janet quando escorregou em um plástico que tinha caído na pista e perdeu o equilíbrio. Mario vinha logo atrás dele e pisou em seu tornozelo, caindo também, o pisão foi muito forte e Charles teve que sair carregado da pista.

— Mas quem venceu? — perguntou Akio.

— Depois que fui atendido por um enfermeiro, fui obrigado a ver Janet entregando a medalha de ouro para Cezar e ainda dar um beijo no rosto dele.

— Tínhamos catorze anos na época e a partir daquela corrida eles começaram a se paquerar e tempos depois, a namorar. Que ódio! — lembrou-se o invejoso cerrando os punhos de raiva.

Após uma breve pausa, o grupo prosseguiu com os meninos maiores à frente contrariando as ordens de Mario. Gabriel ordenou que Akio desse o seu escudo para Herbert para que ninguém ficasse sem arma.

O lugar onde eles estavam tinha ruas de terra e uma vegetação rasteira ao redor das ruas. A cada 50 metros havia enormes tanques de madeira onde a água da cidade era armazenada.

Mais à frente eles encontraram vários reservatórios como o que tinham visto logo na entrada. Todos muito bonitos e com águas bem cristalinas.

Com os soldados maiores caminhando à frente, o ritmo de caminhada melhorou, mas os meninos menores reclamaram de ter que carregar a espada e o escudo com as mãos e pediram para parar.

Gabriel ordenou que todos parassem para uma pausa de dez minutos irritando a Mario que via que os meninos obedeciam mais às ordens de Gabriel do que as dele.

Charles se aproximou de Luan e Gustavo e sussurrou.

— Vocês também são fortes, mas Gabriel e Tiago querem mandar em tudo, vocês não deviam aceitar.

— Cezar colocou os dois como líderes e não podemos desobedecer. — falou Gustavo.

— Pode ser, mas vocês também devem se impor porque quando levarmos as couraças douradas para Peniel eles é que vão ficar com toda a glória assim como Benjamim é o único a ser lembrado do outro esquadrão.

Charles afastou-se dos dois soldados deixando-os pensativos e com uma ponta de inveja em relação à liderança de Gabriel e Tiago.

Tiago mandou que todos levantassem e voltassem a caminhar, alguns meninos queriam deixar os escudos para trás, mas Gabriel os lembrou de como os escudos tinham sido uteis para se protegeram do ataque das árvores e de como Benjamim e os valentes tinham usados os seus escudos na floresta do medo.

Luan concordava em levar os escudos porque tinha ouvido seu irmão Augusto dizer a mesma coisa, mas envenenado pelo invejoso reclamou que Gabriel e Tiago queriam decidir tudo sozinhos.

Uma grande discussão teve início quando um alto som de trombeta se ouviu pela segunda vez em Refúgio.

— Olhem para o céu! — gritou Akio.

Novamente uma chuva de pedras de fogo caiu sobre o trecho da cidade onde eles estavam. Vários tanques de água foram ao chão e boa parte da água deles transformou-se em sangue.

O impacto da chuva de pedras foi bem maior do que a primeira e o grupo se dispersou tentando se proteger. Akio foi lançado dentro de um tanque que teve sua água transformada em sangue e desapareceu. 

Esquadrão dos Valentes Vol.3: Na cidade perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora