Behind Blue Eyes || Beauany

0.6

Any Gabrielly
Upper East Side - Manhattan, Nova York.
06 de setembro.

A semana havia passado rápido e Josh continuava resistindo a qualquer tipo de aproximação,com respostas curtas e quase monosilábicas.
Um dia ele recusou a minha ajuda no banho, quase passando com a cadeira de rodas em cima de mim quando eu disse que ele poderia se machucar no banheiro.
No outro ele não quis usar o canudo para tomar a vitamina, dizendo que não era uma criança. No final ele acabou deixando o copo escorregar e se sujou com a batida de banana, eu o ajudei a se limpar e depois disso ele se trancou no quarto e só saiu pra comer.
Eu me perguntava se o problema era comigo ou se ele realmente não queria fazer amizade e tinha alguma aversão ao contato humano. Talvez um pouco dos dois.
Nesse momento ele estava mais uma vez parado em frente a janela da sala, em silêncio.

Encarei a grande vidraça também e tive uma idéia.

- Vai me contar mais uma parte da história da sua vida? - Ele disse debochado quando me aproximei.

- Agora não. Vamos tomar um ar!

- Que? - Josh perguntou em espanto enquanto eu puxava sua cadeira até o jardim dos fundos. - Ficou louca?!

Okay, tenho que admitir que achei engraçado o seu desespero, ele praticamente gritou e se agarrou nos braços da cadeira. Tinha certeza que as únicas vezes que Josh saia de casa era para alguma consulta médica.

- O sol apareceu, está um dia lindo lá fora!

- Como se eu pudesse ver alguma coisa. - Josh estava emburrado, parecia uma criança.

- Mas pode sentir!

O dia realmete estava muito bonito. O céu estava azul e com poucas nuvens, fazia sol mas não estava tão calor. O clima perfeito.

- O que está fazendo? - Josh perguntou assustado quando segurei seus pés.

- Tirando suas meias, ué.

Josh mantinha o cenho franzido, mas não contestou quando tirei suas meias e puxei seus pés, apenas o suficiente para que ele sentisse a grama.
Ele soltou um suspiro surpreso e sua expressão rapidamente deixou de ser aquela carranga amarga pra uma surpresa.

- Você pode... me ajudar a levantar?

Eu sorri e segurei suas mãos. Ele levantou com um pouco de dificuldade, apenas para se sentar novamente, mas dessa vez no chão.
Josh respirou fundo enquanto passava as mãos na grama, ele parecia uma criança. Seus lábios se contornaram e um pequeno sorriso enquanto ele respirava fundo, sentindo a leve brisa.

- Obrigado. - Ele disse baixinho.

- O quê? - Eu perguntei ainda sorrindo. Saímos da estaca zero!

- Eu não vou repetir, Any.

Josh disse sério, mas mesmo assim, eu ri. Ele soltou um pequeno riso nasal e continuou brincando com a grama, como se fosse a primeira vez.

Eu não conheci Josh antes do acidente, mas eu tinha certeza que aquele rapaz cheio de vida que eu vi nas fotos ainda estava lá dentro, escondido em algum lugar em baixo de toda aquela carranca, e eu ia fazer com que ele voltasse.

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Nada é melhor do que estar no conforto de sua própria casa, quer dizer, minha casa de favor, ou quase lar, sei lá. Eu me sentia como a Rachel na primeira temporada de Friends, sem nenhuma perspectiva de vida e  morando de favor. Um chapéu.*

O apartamento que eu dividia com Hina era incrível! Duas suítes, uma sala espaçosa com uma grande janela e cozinha americana. Era simples mas bem aconchegante,era um sonho de consumo. A única coisa que me incomodava era o fato que eu não pagava nada. Me incomodava muito na verdade.

- É uma certa evolução, não é? - Perguntei me referindo ao " Caso Beauchamp".

Eu e Hina estavamos largadas no sofá da sala, de pijama e assistindo Meninas Malvadas, hoje era sexta o que significava dia de pizza!

- Claro que é! - A japonesa respondeu com a boca cheia de pizza de pepperoni. - Mas como você disse, o humor dele parece ser meio instável, então amanhã ele pode querer te atropelar com a cadeira dele.

- Bom, ele meio que já tentou fazer isso uma vez.

- Tá' vendo! Toma cuidado ein.

Eu sorri e revirei o olhos.
Eu e Hina nos davamos bem por um motivo em específico: éramos  maluquinhas. Nossa amizade era tranquila, tínhamos nossa própria rotina e gosto praticamente iguais. Em tese, eu e Hina éramos casadas.

- É a sua vez de atender a porta. - Hina disse fazendo birra quando alguém tocou na campainha, eu bufei mas logo coloquei minhas pantufas e fui atender a mesma.

- Ah, boa noite, Any! - Era Noah, nosso vizinho da frente. Ele era uma graça.

- Boa noite, Urrea! No que posso lhe ser útil? - Noah deu uma espiadinha para dentro do apartamento. Ele estava procurando Hina, eu sabia disso.

- Hum... você pode me emprestar uma xícara de açúcar?

Ele perguntou com um sorriso amarelo no rosto, eu ri e assenti, eu sabia a sua real intenção. Noah sempre batia na porta do nosso apartamento em busca de algo, mas a verdade é que ele queria mesmo era falar com Hina, mas pelo visto, ele sempre amarelava de última hora. No final das contas, ele acabou caindo na friendzone, já que a japonesa era meio lerdinha pra notar o penhasco que nosso vizinho tinha por ela. 

- Essa é velha ein. - Eu debochei de sua cara lhe entregando a xícara de açúcar.

- Hey, Noah! - Hina gritou da sala, ainda com a boca cheia de pizza. Noah acenou timidamente.

- Um dia eu consigo. - Ele se virou para mim e disse em um suspiro cansado.

- Eu sei que sim! - Eu ri e ele logo se despediu com um sorriso, entrando no seu apartamento.

- Ele deve ser um cozinheiro de mão cheia, sempre está precisando de algum ingrediente. - Como eu disse, meio lerdinha.

Eu me joguei no sofá e achei melhor não falar nada, nunca fui boa em ser cupido mesmo.
A minha própria vida amorosa não existia, então apenas dei risada e deixei o assunto de lado.

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Hinoah é uma graça, mas ultimamente eu tô super caidinha por Noany k

Eu postando dois capítulos de uma vez, é um milagre?

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