Behind Blue Eyes || Beauany

2.3

Joshua Beauchamp
Upper East Side - Manhattan, Nova York.
04 de outubro.

Any me surpreendia mais a cada dia, isso era inegável. Fazia um mês que ela estava "trabalhando para mim", e tanta coisa mudou desde então, foi como um piscar de olhos.
Ela me fez voltar a pintar, pintei três quadros nesse meio tempo. Eu não fazia a menor idéia de como eles estavam, Sina e Any diziam que eram verdadeiras obras de arte. A verdade é que eu não me importava, só o fato de sentir a tinta em minhas mãos já era gratificante. Any também me fez aprender a ler em Braille, o que não era tão difícil e se tornou um ótimo hobbie. Sem citar os inúmeros passeios ao ar livre e a yoga que ela me obrigava a praticar quase que diariamente. Eu sentia até que meu corpo estava mais flexível, se é que isso era possível. Meus ossos não doiam mais quando eu andava, e isso era ótimo.

E agora, ela simplesmente trouxe os amigos dela para me visitar.
Eu me sentia... diferente. Um diferente bom.

- À um mês atrás eu tinha vontade de atropelar Any com minha cadeira de rodas. - Eu pude escutar Noah gargalhar tão alto que até se engasgou com a pipoca que estava comendo.
Todos estavam aqui, até mesmo Shivani. Eu gostava da Shiv.Any havia pensado em tudo.

- Eu avise ela sobre isso! - A voz de Hina era divertida e o sotaque engraçado, ela parecia uma bolha de felicidade que contagiava todo mundo.

- Todos prestem atenção aqui: essa vai ser a primeira vez que o Josh toma algo alcoólico em praticamente sete meses!

Sina anunciou para a sala. Shivani havia trago vinho, e eu não poderia estar mais feliz sobre isso.
Todos ficaram quietos enquanto eu levava a taça com a bebida até meus lábios. Minha boca ficou dormente por alguns segundos, logo depois pude apreciar o sabor com delicadeza. Eu senti falta disso.

- Esse é o melhor dia da minha vida!

Todos gritaram, como se estivessem comemorando o gol da vitória na copa do mundo. Eu me sentia bem. Percebi que gostava de dar risada, e que gostava de escutar a risada dos outros.
Em alguns momentos eu só ficava quieto sem acrescentar nada a conversa, mas eu gostava, me sentia incluso ainda assim.

Senti o perfume mais do que conhecido ao meu lado.

- Fico feliz que esteja se divertindo. - A voz de Any era suave, como sempre.

- Obrigada por isso.

Any pegou em minha mão, meu coração palpitou mais rápido. Droga, Josh.

- Eu faria tudo de novo.

Tinha certeza que Any estava sorrindo, e Deus, como eu daria tudo para poder ver aquele sorriso.
Eu estava tão ferrado nesse momento. Todos os dias eu mentia para mim mesmo, dizendo que eu apenas tinha aceitado Any em minha vida, algo normal. Mas no fundo, eu sabia (e temia) que era muito mais do que isso.

- Você escolhe o filme de hoje! - Any me despertou dos meus pensamentos. Eu ainda sentia sua mão sob a minha.

- Cara, eu não quero parecer um babaca mas, como você...

- Noah, cala a boca. - Any interrompeu o amigo. Eu dei risada, eu sabia que não era por mal.

- Existe uma coisa chamada audiodescrição. - Shivani explicou na maior gentileza do mundo, escutei Noah dizer um "ah" bem longo, como uma criança que aprende algo. Ele era engraçado.

Todos se arrumaram nos sofás, eu não sabia quem teve que dividir cobertor com quem, mas eu fiquei intensamente feliz pelo fato de Any contunuar ao meu lado.

[...]

Upper East Side - Manhattan, Nova York
05 de outubro.