Joshua Beauchamp
Upper East Side - Manhattan, Nova York.
13 de setembro.A convivência com Any ficava cada dia mais suportável, mas eu ainda tinha que me segurar em muitos momentos para não revirar os olhos ou mandar ela calar a boca. Meus dias ficaram "mais cheios", já que ela me obrigava a fazer atividades que não eram apenas ficar sentado ou deitado o dia inteiro e lamentando pela vida. Ela me obrigava a tomar sol todos os dias, e a me alongar todas as manhãs. Além do episódio da grama e do filme, ela também lia livros pra mim, e também começou a me ajudar a escrever e ler em Braille, e não está sendo tão ruim quanto eu achei que seria, era quase que agradável ter algo para fazer.
- Tenho uma ótima notícia pra você! - Ela disse animada, como sempre.
- Ah não, lá vem...
- Eu vou te acompanhar da fisioterapia hoje! - Any deu um gritinho e bateu palmas, tinha certeza de que ela parecia como uma criança nesse momento.
- Não sei porque está tão animada, não tem nada de mais.
- Larga a mão de ser chato, Josh! - Ela deu um peteleco fraco na minha cabeça.
Tinha mais essa também, toda vez que eu "respondia com má criaçao" (palavras dela) ela me cutucava ou me dava um peteleco. Eu não sabia dizer se me sentia como uma criança ou como um aninal sendo adestrado, era uma linha tênue.- Se meu cérebro der alguma pane de novo a culpa vai ser toda sua, espero que saiba disso.
- Dramático...
Hoje Sina saiu mais cedo do que o normal, então Any que preparou meu café da manhã, que dessa vez não foi só a batida de alguma fruta, e sim omelete com suco de laranja.
- O que está fazendo? - Eu perguntei quando percebi que Any não tinha me ajudado a entrar no carro, ela continuou empurrando a cadeira.
- A clínica não fica nem a três quarteirões de distância direito, tomar um ar faz bem. - Ela colocou um óculos escuro no meu rosto, de acordo com ela o sol proderia "fritar minhas córneas" (palavras dela também).
- Meu Deus garota, você é louca!
- Você vai ficar com esse trasseiro sentado aí o tempo todo, tá reclamando do que?
Eu odiava do fundo da minha alma quando ela tinha razão, e isso acontecia na maioria das vezes.
Eu realmente nunca tinha parado para perceber que a clínica ficava muito perto de casa, estávamos entrando no outono, então o clima estava um pouco seco, mas a brisa ainda era agradável.- Bom dia, Josh! - Era Shivani, animada e simpática como sempre. Tinha certeza que ela e Any deveriam ser irmãs reparadas na maternidade. - Como você está?
- Tirando o fato de que essa louca me empurrou até aqui, eu estou bem. - Escutei as duas rirem.
- Você dever ser a Any, Sina me avisou que viria. Meu nome é Shivani, sou a estagiária.
- Muito prazer! Acho melhor nós irmos, antes que a criança aqui comece a fazer birra...
Esse era um dos momentos em que eu tinha que me segurar para não revirar os olhos, mas lembrei que estava de óculos escuros então simplemente fiz.
- Eu sei que você revirou os olhos, bebezão. - Any disse no meu ouvido e meu deu um cutucão no ombro.
- O que...?
[...]
- Segura minha mão.
Eu estava de pé entre as duas barras de apoio. Andar enquanto me segurava nela era até que fácil, mas me soltar delas era um problema.
Respirei fundo e segurei as mãos de Any, ela me deu estabilidade.
Um, dois, três, quatro passos.
Respirei fundo novamente.
Cinco, seis, sete passos. Foi quando senti as mãos de Any se soltarem com delicadeza.
Oito, nove, dez. Dez passos! Eu consegui andar dez passos!

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Behind Blue Eyes || Beauany
Roman pour AdolescentsJovem e com um futuro cada vez mais promissor, Josh Beauchamp estava no auge de sua carreira como artista plástico, quando um acidente de carro acaba lhe tirando tudo,incluindo a sua visão. Cego e dependente de sua mais nova cuidadora, o rapaz apren...