capítulo 41

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Yasmim

Saímos apressadamente do teatro, os olhares assombrados e curiosos de desconhecidos em nós.

Nem sei ao certo como descrever o que estou sentindo. É um misto de vergonha, medo, espanto. Estou péssima e tentando controlar o choro.

Dentro do carro, me sinto como um animal acuado. Sinto os olhares de relance que o Leonardo me dá, mas não me atrevo a olha lo. Ele não tinha o direito de me fazer passar por isso.

Primeiro ele me ensina a atirar e me surpreende por saber tanto de armas... Agora demonstra essa possessividade agressiva em relação à mim. Esse não é o Leonardo que conheci. Definitivamente, não é o mesmo e me assusta pensar o quão pouco nos conhecemos, apesar de morarmos juntos há vários meses.

Desisti da minha carreira por ele, não quero me arrepender disso!

Estou tão confusa. Nunca passei por algo assim e não faço ideia de como reagir.

Olho os carros passando ao nosso lado e sinto meus olhos cheios de lágrimas reprimidas. Quem é esse homem ao meu lado? Onde foi parar aquele cara carinhoso, educado e sensual?

- me desculpa princesa! - sua voz é baixa e hesitante.

- porquê você fez aquilo? - minha voz é quase um sussurro amedrontado. Fecho meus olhos e as lágrimas desabam mesmo sem permissão. Flashes do que ele fez voltam à minha mente. O pavor no olhar da Nanda. Meu Deus, que vergonha! Isso foi tão humilhante.

- eu perdi a cabeça, confesso... - ele fecha seus olhos por um breve instante, parece sentir dor, pisa no acelerador- me desculpe, não foi minha intenção assustar você.

Me assustar? Ele foi bem além disso! Não me atrevo a lhe responder mais. Olho novamente através da janela e me perco em pensamentos.

******

Chegamos em nosso apartamento e vou direto ao quarto, ouço seus passos atrás de mim... mas não o olho. Entro no banheiro e tranco a porta. Todo meu corpo treme, ele bate insistentemente, mas não respondo. Choro tanto que meu peito dói.

Escorrego lentamente até sentir o chão frio embaixo de mim. Abraço minhas pernas, próximas ao meu peito e choro tanto que chego a soluçar. A cena não sai da minha cabeça.

após minutos ele desiste de bater e o silêncio ao meu redor é preenchido apenas por meu choro inconsolável. Onde fui me meter? o que faço agora?

Levanto pesadamente e me olho no espelho, estou péssima! meus olhos estão vermelhos como brasas, mas isso não é nada comparado ao que estou sentindo.

Coloco a banheira para encher e tiro forças não sei de onde para me despir. Limpo o que sobrou de minha maquiagem e respiro fundo tentando acalmar essa angústia crescente em meu peito.

Desligo a torneira e entro na banheira... a água morna relaxa meu corpo, mas meu coração ainda dói. fecho meus olhos e afundo... fico submersa até meu corpo implorar pelo oxigênio. volto à superfície lentamente.

Tento procurar motivos para o descontrole do Leonardo, mas não consigo entender. o Lucas não fez nada demais! ele não podia ter feito aquilo. tinha tanto ódio em seus olhos e em sua voz.

A Dama Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora