capítulo 48

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James/Leonardo

Mal acordo e meu celular começa a tocar irritantemente, atendo antes que a Yasmim acorde.

- fala - é o Miguel. Desde que cheguei ele só tem me enchido de problemas.

- preciso te mostrar uma parada. Assunto sério, não dá pra tratar por telefone - respiro fundo e olho minha mulher, ela dorme tranquilamente e ainda é cedo.

- chego já aí! - desligo e me levanto já tenso, e olhe que o dia mal começou!

Tomo um banho rápido e me arrumo, preciso sair antes da Yasmim acordar para não ter riscos dela querer me acompanhar de novo.

Saio do quarto e fecho a porta com cuidado para não fazer barulho, já no final do corredor, dou de cara com a Guadalupe saindo do seu quarto.

- bom dia irmão - ela me saúda sorridente, sua voz calma e meiga. Lhe dou um beijo na cabeça e retribuo o bom dia.

- vai sair? - ela pergunta ao me ver chegando na escada, paro impaciente e a olho.

- vou, mas volto logo!- digo e saio apressado, descendo de dois em dois degraus.

Por sorte não encontro mais ninguém no caminho, pego a chave do carro do meu pai e vou quase correndo até a garagem.

Os seguranças me observam enquanto dou partida no carro, o portão se abre e saio apressado.

A cada quilômetro percorrido, lembranças da minha infância invadem minha mente, não foi nessa parte do México que cresci, aqui é bairro nobre e naquela época não tínhamos como custear a vida num lugar desse.

Penso no que o Miguel me falou, não contei nem metade à Yasmim pra não assusta la mais ainda, mas a verdade é que o carro do meu irmão não foi atingido por um tiro. Ele foi alvejado por quase trinta disparos no caminho da loja pra casa, o carro é blindado e por isso ele saiu ileso.

Chego à sua casa e mando uma mensagem para que abra rápido o portão, enquanto isso fico paranoico olhando a rua e todas as pessoas e carros que passam nela.

O portão abre e acelero para entrar.. desligo o carro e saio, ele está na porta da casa me esperando.. sua expressão é preocupada. puta merda! deve ser uma merda das grandes.. pra ele está nervoso. caralho! agora estou muito arrependido de ter voltado pra cá.

- fala logo - disparo nervoso e entro na casa, ele me segue e eu sento no sofá, ele numa poltrona de frente a mim.

- recebi uma carta ameaçando nós dois - merda!

- me deixa ver- peço impaciente e ele tira um envelope amassado do bolso e me entrega.

Olho se tem remetente, mas não há nada.. óbvio! apenas o nome do Miguel e o endereço dele.. abro e tiro a carta, está escrita com colagens de palavras de revistas..

" SAIA DO COMANDO E DIGA AO JAMES QUE VOLTE PRO BRASIL OU VAMOS FAZER CHOVER BALA NAS SUAS CABEÇAS! VOCÊS TEM UMA SEMANA"

Como sabem que eu estava no Brasil? Merda, merda, merda. Meu primeiro pensamento é na Yasmim. Pego meu celular do bolso e ligo pra Guadalupe, ela não demora a atender.

- oi

- presta atenção - digo completamente tenso - não saia de casa e nem deixe a Yasmim sair, até eu e o Miguel chegarmos aí, entendeu?

- entendi - o medo na sua voz me faz sentir ainda pior. Desligo o celular e encaro meu irmão. Ele está tão tenso quanto eu.

- quantos seguranças na casa dos seus sogros? - pergunto rápido e ele tensiona os olhos.

- ao todo, sete.

- precisamos reforçar na casa da mãe também, não vá mais pra loja.. você vai ficar comigo lá e juntos vamos descobrir quem fez as ameaças- ordeno irritado.

- beleza. Vou pegar umas coisas pra levar e podemos ir.

Enquanto o Miguel sobe as escadas, releio o papel e tento encontrar alguma pista de quem mandou, mas não há nada. ligo pro Juan e digo o que houve.. peço para enviar mais cinco seguranças treinados e de confiança, ele confirma meu pedido e acrescenta que vai nos ajudar a descobrir quem está por trás disso tudo.

Isso tudo é muito foda! Não tive nem tempo de mostrar o bairro pra Yasmim. Fiz tantos planos pra nós dois.

- tô pronto! - me levanto e guardo o envelope no bolso da calça, o Miguel me olha ansioso.. saio da casa e entro no carro, ele fecha tudo e vem até onde estou.

- deixa o carro do pai aqui e vamos no meu - ele pede segurando a porta do passageiro, franzo a testa e ele explica - o meu é blindado.

- beleza - desligo o carro e saio em direção ao dele, não há sinal dos disparos. Ele me joga a chave pra que eu dirija e assim saímos de sua casa.

O engarrafamento nos atrapalha um pouco, estou tenso e só consigo pensar numa forma de proteger minha doce Yasmim.

- manda ela de volta, cara - olho sério pro Miguel e ele suspira nervoso.

- não posso - declaro cansado - preciso dela, Miguel - ele me olha complacente. Sei que estou sendo egoísta por isso, mas amo a Yasmim. Não consigo imaginar minha vida sem ela.

(...)

Chegamos na casa dos nossos pais e mando o Miguel sair do carro. Fico de cabeça baixa, apoiado no volante.. fico martelando uma solução pra tudo isso.

Só vejo uma saída! saio do carro e dou de cara com a Yasmim. Pela sua expressão, está irritada. merda!

- oi princesa - digo ansioso e tento lhe beijar, mas ela se afasta e cruza os braços na altura dos seios.

- Você saiu sem me avisar e não atendeu minhas ligações, Leonardo- Suspiro impaciente, forço um sorriso e ela não abaixa a guarda, continua brava.

- amor, eu não demorei, só fui buscar meu irmão - lhe puxo pela cintura e a prendo nos meus braços, ela pisca, mas não desfaz a expressão - eu expliquei à você a situação dele.

- você poderia ter me avisado- finalmente ela me abraça e descansa a cabeça em meu peito - eu fiquei preocupada.

Sua confissão só piora a minha tensão. Eu como seu namorado, tenho o dever de protegê-la e sinto que estou falhando.

- desculpa- peço e ela me olha, os olhos vermelhos de quem está segurando o choro - não precisa ficar assim sempre que eu sair, eu não te avisei porque não quis te acordar!- ela respira fundo, sinto o seu coração acelerado- eu tô aqui.

Seguro seu rosto e a beijo com toda vontade que há em meu interior, ela me aperta e retribui o beijo com a mesma intensidade. lembro do plano que tive agora pouco no carro e me separo dela.

- você já comeu? - pergunto preocupado e ela confirma - eu não! Vamos entrar.

- tá bem - ela concorda. agora está tranquila, seguro sua mão e juntos vamos à cozinha onde peço à uma das cozinheiras para me preparar um café da manhã rápido.

(...)

- Minhas irmãs estão na piscina. você não quer se juntar a elas?- pergunto calmo e ela me olha intrigada. estamos deitados no sofá da sala, ela abraçada a mim.

- acho melhor não.

- Qual o problema?-  insisto e faço carinho em suas costas.

- acho que a Maria Fernanda não gostou de mim - sua resposta me deixa preocupado, sei o quanto minha irmã é complicada.

- ela te fez alguma coisa?- a Yasmim me solta e senta de frente para mim, fico tenso esperando que ela responda- fala Yasmim!

- ela não fez nada, mas me olha de um jeito estranho. não sei, mas me sinto desconfortável perto dela- suas mãos brincam distraídas com os botões da minha camisa enquanto a olho fixamente.

- vou falar com ela- decido e quando tento me levantar, ela me segura desesperada.

- Não! não faça nada por favor - seu pedido me deixa desorientado, só quero que ela se sinta bem. qual o motivo de tanta ansiedade?- eu mesmo falo com ela, ok?

- ok - ela suspira aliviada e me abraça... seus seios roçam em mim através dos tecidos de nossas roupas, inspiro seu perfume e afundo o meu rosto em seu pescoço- amo você.

- brother - olho para cima e vejo o Miguel desconfortável nos olhando.. saio do abraço da Yasmin e ajeito o meu volume, ela olha chocada e fica vermelha de vergonha.. beijo sua bochecha e vou em direção ao escritório do pai, sendo seguido pelo meu irmão.

(...)

- fala - digo irritado assim que o Miguel fecha a porta, sento na cadeira do nosso pai e ele de frente à mim. Está nervoso e irritado também.

- o Juan descobriu quem fez as ameaças- meu corpo fica ainda mais tenso- foi o Angél!- desgraçado!

- maldito desgraçado! - grito furioso e soco com força a mesa.

- ele conseguiu derrubar seis comandos na zona leste e oeste e agora quer o nosso!

- ele que venha!- digo irritado- vamos pra Tepalcatepec, liga pro Juan e manda preparar uma casa pra mim e pra Yasmim.

- eu vou com vocês! - o encaro friamente.

- não, não vai! você vai pegar a Dulce e o seu filho e vai se mandar pra Espanha com eles e eu vou resolver essa merda!

- estou tão envolvido quanto você, talvez até mais! pra onde eu for, eles vão me caçar e a Dulce estando comigo só vai ficar em risco- sua explicação faz sentido.

- isso não é brincadeira Miguel, você pode ser morto! pensa no teu Moleque, quer vê-lo crescer ou não?

- qual vai ser o futuro dele comigo por perto, cara? não quero que ele me tome como exemplo, quero que cresça e seja um homem melhor.. e isso só vai rolar se eu me afastar - seus olhos estão vermelhos. ele levanta nervoso e pára em frente à estante de bebidas,  penso que ele vai pegar uma garrafa, mas de repente ele começa a esmurrar a porra toda.. o barulho do vidro e da madeira sendo destruídos preenche todo o ambiente. corro em sua direção e tento lhe afastar dos vidros, suas mãos sangram, mas ele não pára... grito para ele se acalmar, mas sua força é espantosa. ele grita desesperado e com ódio.. ouço batidas na porta, é nossa mãe. ela grita nervosa querendo saber o que está acontecendo.

Empurro o Miguel com toda minha força em cima da mesa e ele cai ao chão, ainda chorando e com os punhos ensanguentados.

O escritório tá parecendo mais uma zona de guerra. arrumo meu cabelo e abro a porta, minha mãe entra desesperada.. Minhas irmãs e a Yasmim olham assustadas, respiro fundo. porra!

Saio de perto deles e puxo a Yasmim pela mão até nosso quarto.

(...)

- não podemos ficar aqui, vamos pra um condomínio em Tepalcatepec, foi onde eu cresci e é onde minha família inteira mora até hoje.

Inventei pra Yasmim que o Miguel tá falido e devendo drogas para um Cartel perigoso e por isso precisamos ficar por um tempo junto dos meus primos e tios, a fim de termos mais segurança. Ela tá completamente assustada com toda a situação.

- mas você tem dinheiro!- ela fala nervosa- você pode pagar a dívida dele e acabar com isso.

- amor, presta atenção - sento em sua frente, na cama, e seguro seu rosto- Essa foi a primeira coisa que tentei, mas eles não aceitam. vão matar meu irmão se eu não tirar ele daqui- explico desesperado e ela chora apavorada, mas acaba concordando comigo.

- e se tentarem te ferir? eu não vou aguentar, Leonardo... se algo acontecer com você- há tanta dor em sua voz.

- não pensa assim, princesa, nós vamos resolver isso o mais rápido possível.

- eu te amo tanto - ela suspira nervosa, beijo sua boca tentando lhe fazer sentir o quanto a amo.. ela não me afasta, me beija desesperada.. quando ficamos sem fôlego, ela tira a blusa e o sutiã apressada e me abraça.. sinto sua pele e fico duro.. a beijo novamente com força, chupo o seu pescoço, aperto seus seios, e tiro o resto de nossas roupas.

(...)

A Dama Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora