Capítulo 32

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Por Miguel

Ver a Dulce surtar da forma como aconteceu, me fez ficar excitado. O sangue escorrendo por suas mãos, o ódio em seu olhar.. Aquilo foi realmente incrível.

Depois que deixei o corpo da vadia no quarto dos fundos sob os cuidados do Túlio, voltei pro escritório louco pra transar com a Dulce até não aguentar mais... mas quando abri a porta, ela estava estirada ao chão inconsciente.

Não sei se é normal isso, já é o segundo desmaio dela. Todo o tesão que eu estava sentindo sumiu como num passe de mágica, peguei a em meus braços e corri pro hospital.

E lá estava eu, mais uma vez nesse lugar insuportável.

- a pressão da sua esposa subiu mais uma vez , senhor Hernández. Ela precisa se manter calma e não pode fazer nenhum esforço. O risco de acontecer um aborto espontâneo é muito grande. - droga! Me sentei na sala de espera da emergência e apoiei minha cabeça em minhas mãos. Eu continuo sem querer esse bebê, mas a Dulce o quer!

Isso é uma merda!

Respiro fundo e vou ao quarto onde ela está sendo medicada e descansa.

Ao me ver, seus olhos enchem de lágrimas. Respiro fundo e me mantenho o mais calmo que consigo.

- o que aconteceu comigo, Miguel? - sua pergunta me deixa confuso.

- você desmaiou porque sua pressão subiu mais do que o normal - explico calmamente. Ela enxuga as lágrimas com as costas das mãos, mas outras descem em seu lugar. Não me atrevo chegar mais próximo.

- não estou falando disso! Digo do que fiz com aquela mulher.

Não acredito que ela ainda tá pensando nisso. Fala sério.

- relaxa, tá legal? Ela tá viva. Esquece isso. - respondo e me encosto na janela lhe observando.

- eu.. - ela inicia e então pára, soluça e olha para o teto. Respiro fundo várias vezes. - eu quase tirei a vida de uma pessoa, Miguel. Eu não sou assim!

- a Adriana é só uma vadia, esquece ela! - digo e seu olhar fixa em mim.

- então é isso? Você também acha isso de mim, Miguel? - como ela pode pensar isso? Ela é minha esposa, porquê tá se comparando com uma vagaba qualquer?

- do quê você tá falando? Tá com raiva porquê?

- você trata as pessoas como se não significassem nada pra você, isso não é certo!

- quando que eu fui certo, Dulce? - minha pergunta lhe choca, seu olhar perde o brilho e ela suspira.

- talvez você tenha razão, acho que o amor que sinto por você me cegou pro seu verdadeiro jeito de ser. - caminho até próximo de sua cama, seguro em suas mãos. A Dulce foi a única mulher que eu quis pra casar. Do meu jeito torto, eu a amo.

- vou levar você pra casa da sua mãe e você vai ficar lá até o bebê nascer. - suas lágrimas voltam a molhar seu lindo rosto e pela primeira vez, me sinto mal por vê la assim. Mas não há outra saída! Se ela quer o bebê, vai precisar ficar longe de mim.

- não faz isso, amor, por favor. Não quero ficar longe de você - sua voz é tão baixa quanto um sussurro. Me abaixo um pouco e beijo sua testa. Em seguida enxugo suas lágrimas com meus dedos.

- é preciso, Dulce. Você não tá bem, o médico me disse que sua pressão anda muito alterada e isso não faz bem pro bebê - espero que ela chore mais um pouco, mas ao invés disso, ela sorri singelamente.

- você tá preocupado com nosso bebê? - saio do seu lado e caminho até a porta

- vai dormir Dulce, você tá delirando já.

Ela sorri divertida e eu saio porta a fora.

...

Hoje completa uma semana que mandei a Dulce pra casa dos pais dela, ela me liga toda manhã.

Não achei que fosse sentir tanto a falta dela, mas a verdade é que a casa não é a mesma sem ela aqui.

Meus dias tem se resumido à beber, fumar maconha e injetar heroína.

Minha mãe não gostou da minha decisão em afastar a Dulce de mim, mas sei que fiz o melhor. E mesmo sem meu consentimento, amanhã minha irmã Guadalupe vem morar comigo. Minha mãe acha que não faz bem eu ficar sozinho nessa casa, bobagem. Não sou criança pra precisar de babá.

Mas se isso for fazê la parar de me ligar a cada meia hora pra saber se preciso de alguma coisa ou se já comi, então tanto faz. A Guadalupe é a mais tranquila de todas, e também a única que não casou ainda.

Paula é casada desde os 17, quase não aparece mais na casa dos nossos pais. A Maria Fernanda tá perdida na vida, sempre foi metida a auto suficiente. Casou cedo também, mas não durou muito e voltou pra casa dos nossos pais, em poucos meses casou novamente e mais uma vez não deu certo!

...

Três meses. Faz três meses que a Dulce tá na casa dos pais, estive duas vezes lá para lhe ver, seu corpo tem mudado muito rápido, sua barriga já marca sob as roupas, seus seios estão deliciosamente maiores e sua bunda, puta merda! Sua bunda tá enorme.

Tenho passado mais tempo na loja do que na minha casa, minha irmã espalhou tantas flores lá, que mais parece um jardim! Minha mãe continua me ligando, mas na maioria das vezes não atendo.

Os carregamentos agora estão chegando pelo porto. Ainda faço algumas das entregas. O James não tem entrado mais em contato comigo. Que se dane, sei muito bem fazer a parada toda sozinho.

Precisei arrumar uma substituta pra Adriana, ela não quis trabalhar mais pra mim, ficou assustada achando que a Dulce fosse aparecer novamente.

...

Quatro meses. Hoje a Dulce me pediu pra acompanhá la na consulta médica, ela sempre pede. E mais uma vez não fui. De qualquer forma, ela sempre liga depois toda empolgada contando o que houve, mesmo quando digo que não estou afim de saber.

Coloquei três seguranças na cola dela, além do motorista.

Fechei a loja pra reforma, as armas ficam armazenadas num galpão próximo dela.

Já é noite e chove um pouco, tô deitado olhando pela janela. A rua tá praticamente vazia. Alguns postes estão quebrados, o que deixa a área mais escura.

Injetei há pouco tempo, estou me sentindo muito relaxado. Meu corpo tá pesado.

Ouço meu celular tocando. Pego e quando olho no visor, vejo a foto da Dulce.

- oi - respondo mais lento que o normal. Minha língua tá enrolada e meu coração disparado. Preciso falar o mínimo possível pra ela não perceber.

- te acordei? - confirmo mesmo sendo mentira - você tá bem? Ainda é cedo pra estar dormindo! - que saco.

- tô bem sim, só tô cansado - há barulho de música do outro lado da linha, não a questiono pois um dos seguranças dela me informou que os pais dela estão comemorando a descoberta do sexo do bebê. É um menino, ela não faz ideia que eu já sei. - o que você quer?

- ham... Liguei pra te contar que hoje na ultrassom, vimos o sexo do bebê - sua empolgação é nítida. Mas estou com muito sono, até segurar o celular tá difícil. - é um menino, amor! Um menininho. Nosso menino.

- legal. - respondo sem empolgação e ela percebe, fica nervosa e me xinga um bocado. Ela tem feito bastante isso agora, me xingar e pagar de brava. Mas quando vou visitá la, é como se fosse outra mulher. Me beija o tempo todo e chora bastante também, além de querer sexo com mais urgência que o normal dela. Dessa parte não reclamo. Afinal, não tenho transado com nenhuma outra mulher além dela. E como só vou até lá uma vez na semana, fico tempo depois na mão! Literalmente.

Não sei em que momento a Dulce parou de gritar, pois peguei no sono.

A Dama Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora