capítulo 36

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Yasmim

Há tempos eu não vinha ao cinema. O bom de vir sozinha é que entendo melhor o filme, mas ainda assim eu preferiria que meu Leonardo tivesse vindo comigo.

Quando o filme acaba já passa das sete. Ele provavelmente já saiu da empresa. Olho as notificações do meu celular e vejo quatro chamadas dele. E só agora me dou conta que não o avisei que viria ao cinema. Ele deve estar preocupado!

Ando apressadamente por entre os corredores e as pessoas do shopping , indo em direção à saída o mais rápido que posso e ao mesmo tempo, ligo de volta para ele.

A chamada dispara e vai pra caixa postal. Tento mais duas vezes e o resultado é o mesmo. Fico apreensiva, será que aconteceu alguma coisa? Droga! Eu não deveria ter deixado meu celular no silencioso.

Chego ao ponto de táxi e mesmo a espera sendo curta, fico impaciente. Minha mente tenta descobrir o que pode ter acontecido para ele não atender minhas ligações. Aproveito que o carro está em movimento e ligo novamente. E mais uma vez caixa postal.

Guardo o aparelho na bolsa me sentindo frustrada. Em todos esses meses juntos ele nunca ficou sem atender uma chamada minha.

O trajeto é mais demorado do que o normal, o trânsito intenso da noite Paulista agrava ainda mais minha impaciência. Assim que chego em nosso apartamento procuro por ele. Jogo minha bolsa no sofá e tiro meus saltos fora.

Passo primeiro na cozinha, ele não está aqui! E nem a cozinheira. Olho na lavanderia e nada. Na sala de jantar, vazia! Varanda, nem sinal dele. A preocupação de que algo tenha realmente acontecido me domina. À caminho do nosso quarto, escuto sua voz alterada. Ele está no escritório. Vejo a luz acesa através da parte de baixo da porta. Me sinto mais tranquila por saber que ele está em casa. Respiro aliviada. Fico curiosa para saber com quem ele está falando e cautelosamente me aproximo da porta. Sei que isso é errado de minha parte, mas a curiosidade nesse momento é maior que qualquer coisa. Encosto meu ouvido delicadamente na madeira, tentando não fazer nenhum ruído e atenta ao que ele está falando.

"O que é que esse puto fez dessa vez?!"

Sua voz é um misto de raiva e preocupação. Pelos momentos de silêncio que ele faz, deduzo que esteja ao telefone.

"MERDA! Esse idiota! Eu sabia que ele estava exagerando nos narcóticos!"

Narcóticos? Como assim? De quem ele deve estar falando?

" não. Ele não me contou porra nenhuma. Eu olhei a conta bancária dele e reparei que havia sido retirado um valor muito alto e então deduzi que só podia ser pras drogas"

Bem, se ele tem acesso à conta dessa pessoa, então só pode ser alguém da família dele. Mas quem? Ele nunca me contou que tinha dependente químico na família. Aliás, ele dificilmente fala da própria família. Será que é por isso? Será que ele tem vergonha?

"Essa mulher também não tinha nada que inventar de engravidar agora"... "todos nós sabemos que o Miguel não tem vocação nenhuma pra ser pai!"

Miguel. Eu já ouvi esse nome antes... se me recordo bem é o irmão mais novo dele. Então ele é dependente de drogas e vai ser pai?! Nossa. Que barra pra esposa dele.

"Eu sei Guadalupe. O foda é que a mãe fica muito nervosa e isso me deixa louco, ainda mais por eu estar tão longe dela e não poder fazer porra nenhuma!" ... " você fez certo. Eu preciso saber de tudo que envolve vocês. Toma conta da mãe e me liga de volta assim que vocês tiverem notícias do estado dele" ... " pra vocês também. Tchau!"

Saio apressada pro nosso quarto antes que ele abra a porta e me veja. Estou perplexa! Porquê ele nunca me falou nada? E o que será que realmente aconteceu com esse Miguel? Só pode ter sido grave. Sua preocupação era notória.

Tiro minha roupa e corro pra nossa suíte. Fico o banho inteiro esperando que ele venha me falar algo, mas ele não vem. Talvez nem tenha percebido que eu cheguei ainda. Termino meu banho e me enrolo na toalha. Saio do banheiro e quase tenho um ataque cardíaco ao vê lo de pé no meio do nosso quarto. Sua expressão é séria até ele olhar para mim.

- oi amor, você me assustou! - comento ainda recuperando meu fôlego. Ele tira a camisa e vem em minha direção sem falar nenhuma palavra.

- onde você estava Yasmim? - sua voz é autoritária e me deixa desconfortável. Ele nunca usou esse tom de voz comigo. Seus olhos continuam me encarando seriamente esperando minha resposta. Seu corpo está tão perto do meu que sinto seu calor.

- eu fui ao cinema. Te liguei assim que vi suas ligações, mas você não me atendeu.

- não faça mais isso por favor. Fiquei preocupado com você! - sua voz se torna mais amável. Relaxo e ele me puxa para um abraço. O qual correspondo imediatamente. - eu te amo. E me preocupo quando não consigo falar com você.

- desculpa. Eu não achava que o filme fosse tão demorado. - respondo e lhe olho nos olhos. Uma de suas mãos acaricia meu rosto enquanto a outra me prende pela cintura. Sua calça de moletom preta me deixa sentir sua ereção. Fecho meus olhos e sua boca pressiona a minha.

Possessivo e quente. É assim que ele me beija.

Passo meus braços em seu pescoço e fico na ponta dos pés para lhe beijar melhor. A diferença de altura entre nós é grande.

Logo nosso beijo fica mais intenso e apressado. Suas mãos passeiam pelo meu corpo e só agora me dou conta de que já estou sem a toalha. Em que momento ele a tirou? Ou será que ela caiu? Isso não importa. Não agora. Não quando estou sentindo seus beijos em meu pescoço e descendo até meus seios.

Deixo alguns gemidos escaparem quando sinto sua língua sugando meus seios. Um após o outro. Com urgência. Abro meus olhos e seguro seus cabelos com força. Estão úmidos. Ele me olha intensamente e volta a beijar minha boca.

Suspiro louca de prazer em seus braços. Ele me suspende do chão e nos direciona até a cama. Prendo minhas pernas em sua cintura e me deixo levar pelo nosso desejo. Nada mais importa nesse momento. Somos só nós dois e nosso prazer.

Ele se afasta apenas para arrancar a calça do corpo junto à sua boxer branca e logo em seguida coloca um preservativo em seu membro. O observo atentamente. Ele faz tudo muito rápido. Parece com pressa em estar em meus braços.

Sua boca volta a encontrar a minha. Com uma necessidade louca. O sinto entrar em mim e me perco totalmente. Não tenho mais noção nenhuma do tempo ou de qualquer outra futilidade.

A Dama Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora