capítulo 38

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Por Yasmim

Já tem uma semana desde que meu Leonardo falou de irmos ao México para que eu conheça sua família. Mas desde aquele dia na casa de praia, ele não tocou mais no assunto.

Além disso, ele começou a chegar mais tarde do trabalho e mesmo quando chega em casa, seu celular toca bastante.. o que faz com que ele esteja passando mais tempo no escritório do que comigo.

Isso tem me deixado ansiosa. Preciso que ele me conte como são suas irmãs e seus pais... quero poder agrada los. Quero que me aceitem, assim como meus pais o aceitaram.

Ainda não conheço o México... só por fotos.. as praias são incrivelmente lindas. Tô tão ansiosa com nossa viagem que fico mexendo no meu celular em busca de pesquisas sobre seu país.

São quase dez da noite quando ele saí do escritório e vem sentar a beirada da cama, de frente onde estou. Coloco meu celular no criado mudo, ao meu lado e lhe observo.

Seus ombros estão tensos e seu olhar cansado. Não gosto de vê lo assim.

-o que está acontecendo, amor? - pergunto preocupada e ele me olha fixo. Não sorri. O que me deixa ainda mais inquieta.

- quero te ensinar a atirar, antes de viajarmos.

O quê? Atirar?

- não entendi. O que isso tem haver com nossa viagem? - agora estou Super preocupada!

Ele se levanta da beirada da cama e vem até meu lado. Se senta próximo a mim e gentilmente coloca minhas pernas em cima de suas coxas.

- meu país é muito diferente daqui, Yasmim. Não quero que você fique assustada.. só quero que esteja pronta para tudo. É apenas uma medida de precaução. Claro que vou estar sempre ao seu lado e te proteger. - estou chocada e muito preocupada. Ele continua me olhando fixamente e faz carinho em minhas mãos. - confie em mim. Tudo bem?

Atirar. Jamais sequer segurei em uma arma. Fico aflita só de pensar. Respiro fundo. Preciso me acalmar. Ele não me pediria algo assim se realmente não fosse necessário. Eu confio nele. Se ele diz que é só uma precaução... então, posso fazer esse esforço.

- me fala o que tá acontecendo. Por favor - peço com calma. Ele se inclina e me beija devagar.

- não tá acontecendo nada demais. Eu amo você, sabe disso não sabe? - sua resposta me faz relaxar um pouco.

- eu sei sim. Só quero que você saiba que pode se abrir comigo. Não precisa ficar tão tenso sozinho. Quero cuidar de você também. - desabafo e continuo lhe observando.

Para minha surpresa, ele me abraça e nos deita na cama. Consigo sentir seus batimentos cardíacos acelerados. Porque ele está tão nervoso? Será que tem haver com o irmão, ou será que é algum problema maior? Se ele se abrisse mais comigo. Isso é tão frustrante.

Suspiro profundamente e ele me aperta um pouco mais em seu abraço. Seu nariz roça em meu pescoço. Seu cheiro é tão bom. Faço carinho em sua nuca. Estamos tão próximos, mas ambos com os pensamentos distantes.

Atirar. Isso não sai da minha mente. É apenas uma viagem para conhecer seus pais e irmãos. O que pode ter de perigoso nisso?

- eu amo você princesa.- sua voz rouca me chama a atenção. Nossos olhares se encontram e sinto todo seu carinho e sua preocupação comigo.

- eu também te amo - digo baixinho como se lhe contasse um segredo e ele sorri. Sorrio também por senti lo relaxar um pouco.

Sua boca busca a minha sem pressa. Meu corpo arrepia e paro de pensar em qualquer outra coisa que não seja nós dois.

E assim nos perdemos e nos achamos um no outro.

(...)

Os disparos são fortes e assustadores. E a forma como o Leonardo segura na arma me faz ter a certeza de que não é a primeira vez que atira. Ele sabe o que está fazendo.

Não sei se isso é mais assustador ou excitante.

Estamos num parque Florestal afastado da cidade. Não há casas por perto.. É bastante vazio aliás.. o que chega a ser assustador. Mas ele está aqui comigo. Isso me faz sentir protegida.

Foram longas duas horas de explicação teórica de como segurar a arma.. de como atirar.. o modelo.. a potência. Ele realmente entende disso. E a julgar pelo brilho em seu olhar, ele gosta. Me pego imaginando em que momento da vida dele ele tenha usado uma dessas. E em quais circunstâncias.

É. Isso realmente me assusta.

- é só não sentir medo. Controle. Tudo se resume ao nosso controle.. entendeu? - ele me chama de volta a realidade. Olho novamente para a árvore em que ele atirou algumas vezes.. diria que está há uns cem metros. A precisão dos tiros é certeira.

Controle. Certo. Posso fazer isso.

- certo. - respondo e ele se posiciona atrás de mim. Segura meus braços e põe a arma em minhas mãos. Não consigo controlar e começo a tremer de nervosa. Ele segura firme junto comigo e sussurra em meu ouvido :" controle seu medo".

E então eu respiro fundo e encaro nosso alvo. Respiro novamente e faço exatamente como ele me ensinou. Rápido e quente o disparo segue seu caminho. O barulho é alto, me fazendo encolher em seus braços.

Eu atirei. Eu realmente atirei.

- parabéns princesa. Quero que você faça de novo.- ele me entrega a arma novamente.- dessa vez sozinha. - e então solta me.

Corrijo minha postura. Respiro fundo novamente. Olho a árvore. Os buracos já feitos. Aperto meus olhos em sua direção. Posiciono a arma e aperto o gatilho. E outra vez o barulho me assusta. Logo seus braços estão ao meu redor. Ele pega a pistola e a trava. Guarda na parte de trás da calça jeans e me aperta junto a si.

- você foi muito bem, amor.

Olho em seus olhos e vejo orgulho neles. Relaxo e lhe puxo para um beijo. Meu coração parece que vai saltar da minha boca. Minhas pernas ainda tremem. Meu dedo está formigando e quente. Mas fora tudo isso.. Me sinto Poderosa.

(...)

Há três semanas que tenho aulas de tiros com meu Leonardo. Até eu estou impressionada com meu desempenho. A arma e o barulho já não me assustam tanto.

Continuo me sentindo sozinha nesse apartamento. O trabalho o tomou de mim. Ele disse que precisa deixar tudo sob controle antes da viagem. E me pediu paciência. Mas a ansiedade não tem me ajudado muito.

A Dama Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora