Como tudo começou

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//Boa leitura//

Dor, era tudo que o ômega sentia naquele momento em que corria para qualquer lugar enquanto era perseguido pelas vozes banhadas a um ódio bradavam por seu nome atrás de si, uma dor inimaginável que fazia cada passo se tornar mais difícil, cada respiração uma tortura, não era isso que Jimin tinha pensado que sua vida se
tornaria. Não era isso.

O que acontece você me pergunta? Bem, desde o nascimento de Jimin foi predestinado que apenas desgraça aparecia por seu sinuoso caminho.

Após ser deixado -lê-se abandonado- por seus pais na casa de seu tio, o ômega descobriu a coisa que mais odiaria em toda sua vida, alfas. Seres com tamanho poder e força, mas vazios de compaixão e bondade, não ligam para ninguém além de si próprios, e vem os mais fracos como escória, como submissos a espera de conquistar uma noite em suas camas. Nem os betas eram tão ridículos como alfas.

Jimin tinha apenas dezoito anos quando em uma das noites que seu tio levou alguns amigos para sua casa, apenas para beber e jogar cartas, um dos alfas presentes abusou de si. Por duas horas, Jimin se viu a mercê daquele homem cruel e nojento, viu toda sua inocência e felicidade serem levadas para fora de seu alcance, sentiu apenas nojo daquele órgão pegajoso e gosmento que o penetrava, sentia a bile subir e descer em sua gargalhada em desgostos. Sentia nojo daquele homem, daquele momento em que o deixou entrar em seu quarto, do momento em que se calou ao receber ameaças do alfa, do momento em que desistiu e apenas chorou em dor e desespero, mas principalmente... Sentia nojo de seu corpo, um corpo violado e sujo.

Depois daquela terrível noite, apenas outras iguais se seguiam, sempre que seu tio caia de tanto beber, os amigos do homem entravam em seu quarto e consumiam seu corpo como se não houvesse amanhã. Lhe chamavam de puta, se escória, de lixo, talvez fosse isso mesmo. Apenas uma puta que deixava aqueles alfas o tocarem como bem entendessem.

Por quase dois anos Park continuou em silêncio, vivendo aquela vida nojenta e dolorosa, sentindo as cores e os gostos do mundo sumir, tudo ficar cinza e sem graça, como se não existisse outro motivo para continuar a viver, a não ser a puta que satisfazia alfas todas segundas, quartas e sextas. Até que, em seu vigésimo aniversário, o ômega deu um basta nesta vida.

Na sexta feira em que caiu seu aniversário, Jimin cabulou suas aulas de dança e ficou em casa para preparar suas malas, apenas algumas roupas e pegou o dinheiro do desgraçado de seu tio que permitiu estes horríveis lobos adentrarem a sua casa e para completar seu plano, pegou a pistola que seu tio guardava no fundo de seu armário, estava cansado de ser o ômega fraco, e se seu lobo não era potente para lutar contra os alfas, então optaria por outros e mais mortais métodos. Ao cair a noite, Park agiu como em qualquer outra noite deixando que os mais velhos bebessem suas bebidas se dirigindo ao quarto deixando a porta aberta como sempre.

Esperou que a irritante música que era ouvida todas as noites ser tocada para jogar sua mala no arbusto abaixo a sua janela entreaberta, tudo precisa estar perfeito. Seria hoje que conseguiria sua liberdade.

Às duas da madrugada como todas as noites anteriores, os alfas se dirigiram para seu quarto para o tomar como sempre... quase sempre.

- Oh está mais esperto agora, boa putinha._ Um dos alfas disse com a voz banhada de malícia levando a mão á cintura de Jimin, estavam bêbados demais para ter consciência de seu entorno, para ver o que Jimin estava fazendo.

- Está enganado alfa, eu sempre fui esperto. Vocês que são tolos em não perceberam._ Sussurrou com uma confiança jamais tida antes e sacou a pistola do bolso, apontando para aqueles nojentos que logo se distanciaram. Uma risada foi ouvida ao seu lado.

- Vai fazer o que? Me matar? Nos matar? Acorde Jimin! Não percebe? Somos alfas! Nossos lobos são superiores ao seu gatinho fraco e sujo!_ Jimin sentiu seu lobo rosnar e ameaçar tomar o controle ao ouvir tais desaforos, precisava manter o controle, precisava seguir com o plano mesmo que lhe obrigasse a ouvir tamanhas barbaridades. - Não seja tolo, largue a arma, tire a roupa e volte a ser a putinha que és!

O alfa rosnou no final de sua frase mostrando a dominância que tinha, Jimin sentiu suas pernas fraquejar, maldita seja está voz de alfa! Aos poucos, abaixou seus braços juntamente com a cabeça em um choramingo.

- Perdão..._ Sussurrou e ouvindo passos de aproximando para pegar a arma em suas mãos. Um sorriso ladinho se formou em seus lábios ao levantar a cabeça. - Perdão, mas a putinha aqui se cansou!

Dizendo isto, disparou no ombro contra o alfa que havia falado consigo minutos atrás e após isto no teto para assustar os demais. Seguido disso, abriu mais sua janela pulando nem um segundo depois caindo em cima do arbusto. Se levantou o mais rápido possível pegando sua mala para então começar a correr rumo norte, para onde? Não sabia, pouco lhe importava, qualquer lugar longe dos alfas que agora tentavam lhe perseguir era sinônimo de paraíso.

Não sabia por contas horas correu, apenas se deu conta de que estava longe de seu antigo lar quando os gritos de ódio dos alfas pararam, quando o bairro se tornou desconhecido para si, quando os raios brilhantes do sol tocaram sua pele fria e suada, e quando pontadas fortes de dores em suas pernas e todo o resto de seu corpo o ameaçaram de cair no chão. Foi nesse momento que Jimin percebeu, estava livre, finalmente livre dos monstros que o consumiam, dos tapas, xingamentos e tortura a que era submetido, acabou. Acabou.

O ômega sentia lágrimas caírem sobre suas bochechas enquanto continuava a caminhar rumo a sua nova vida, um novo começo lhe aguardava, sem mais sexo, sem mais pesados, sem mais dores e o principal de tudo, sem alfas!

Bem, estava tudo perfeito demais para ser verdade.
Foi fácil demais fugir de sua casa, os alfas foram facilmente vencidos. Sim, estava tudo perfeito demais para ser verdade. E apenas se deu conta disto, quando ouviu uma sirene ao longe, procurando Jimin, querendo o levar de volta para seu pesadelo.
Apesar das dores que passavam por todo seu corpo pedindo-lhe uma pausa, Jimin voltou a correr com toda a força que lhe gastava, não iria ser pego, iria fugir novamente, sua liberdade ainda está em seu glorioso começo para se encerrar. No entanto, Park se viu perdido a que não adiantava o quanto corresse, não era mais rápido que um carro da polícia, portanto optou pela mais doida e sem lógica ideia que passou por sua mente, iria pular o muro de alguma casa.

Não foi muito categórico neste momento -já que não tinha muito tempo- e optou pular pelo muro de uma casa a alguns metros de distância, os muros não eram grandes e o iriam proteger de ser visto, a casa em si parecia ser enorme, pintada de branco com apenas algumas cortinas rosa e outras pretas que saiam de dois quartos que davam um contraste com o restante da cor.
Teve de se esforçar para subir o muro já que suas pernas começavam a fraquejar sendo consumidas pela dor intensa correndo em suas veias. Só quando o carro estava quase virando a rua em que estava, o ômega se jogou para dentro da casa com tudo suprindo um gemido de dor tentando ser o mais silencioso possível.

Aguardou a sirene se distanciar ao máximo para enfim se esforçar para se levantar e olhar para a casa a sua frente. Estava silenciosa, os donos ainda devem estar dormindo.

Bem foi o que esperava.

- Ei! Ei você! o que faz aqui? Quem é você?_ Uma voz ao longe gritou para si, parecia com raiva e ao mesmo tempo assustada pela visita inesperada de Jimin.

O ômega tentou responder, jurou que tentou, no entanto, nenhum som saiu de seus secos lábios sequer conseguiu olhar para o dono da voz. Estava cansado demais, fraco demais, sentia como se o mundo desse voltas e mais voltas deixando Park sem equilíbrio algum. Aos poucos, as imagens ao seu redor começou a ficarem distorcidas, juntamente com os sons que se tornaram mais lentos, pontos pretos apareciam em seu campo de visão.

Não demorou para que seu rosto fosse de encontro a grama do jardim e seus olhos se fecharem, sendo consumidos pelo cansaço em excesso.

//Obrigada por ter lido até aqui, te espero no próximo capítulo anjo, beijos de luz ✨//

Não sou seu ômega Onde histórias criam vida. Descubra agora