P.O.V Nicole
Parecia algo necessário, me desculpar por tê-la visto em um momento tão íntimo, talvez perguntar se ela estava me desejando daquela forma ou foi apenas um reflexo dizer o meu nome, mas eu sequer conseguia me aproximar dela sem morrer de vergonha.
O modo como ela se desculpou pela manhã parecia tão malicioso que eu não sabia ao certo o que dizer, talvez ela quisesse que eu fizesse algo a respeito, ou era ilusão da minha cabeça.
Misturar razão e tesão nunca foi algo bom.
Eu aproveitaria todo o dia longe dela para pensar no que aquilo significava e a noite então eu tomaria alguma atitude mas quando a Waverly apareceu transtornada na delegacia percebi que ela havia voltado a ser aquela mulher hostil e fria que eu tentava manter distância.
Seu trabalho como assistente social era um constante lembrete de que estava cercada de crianças em problemas precisando de ajuda, mas secretamente ela se culpava por não ter resolvido o problema da criança que mais lhe importava. O nosso filho.
Talvez estivesse tentando compensar, ou se sentir melhor de algum modo, infelizmente eu já não poderia mais reconfortá-la e prometer que tudo ficaria bem.
- Nicole, você deveria ir atrás dela. - Wynonna cuspiu as palavras sem esconder o quanto ainda estava decepcionada comigo.
- Não posso. - murmurei desviando do seu olhar furioso. - Assumirei o caso do Henry, avisem ao Dolls.
- Por isso estão se divorciando. - ela falou baixinho, mas acredito que queria que eu escutasse pois não foi tão baixo assim.
Sai da sala indo até meu escritório, sentei na cadeira rapidamente e puxando o histórico da criança descobri que ele havia nascido em Boston.
O tempo todo estavam procurando por um menino de dez anos quando na verdade deveriam estar procurando a razão para ele fugir tanto.
Trazê-lo de volta seria meu modo de dizer a Waverly que eu me importava com seus sentimentos.
- Pombinha.. - olhei para a porta do escritório vendo o Doc. - A Wynonna é meio esquentada mas você sabe que ela te ama. - assenti com a cabeça voltando a me concentrar no computador. - Nunca pensou que deveria parar de se afastar por medo de magoá-la pois está piorando as coisas?
- Waverly não entende minhas motivações nem minhas atitudes, só sabe me odiar e julgar tudo o que eu faço. - levantei da cadeira bruscamente pegando o papel que a impressora havia acabado de cuspir.
- Você já parou pra pensar que tudo o que ela quer é a esposa dela? - o encarei confusa por um instante. - Que você a abrace, a ame, cuide dela e não fique fugindo cada vez que ela tem um surto ou age como uma Earp. - abri a boca para perguntar o que ele queria dizer com aquilo mas logo me calei ao lembrar da capacidade dos Earp's em serem terríveis.
- É mais complicado do que você pensa Holliday! - falei saindo do escritório. - Vou para Boston.
- O que fará? - ele perguntou enquanto me seguia. - Dolls não gostará nada disso.
- Sei onde o Henry está, e seguindo seu conselho, vou levar a Waverly comigo, segure as pontas na delegacia. - ele parou ao chegar na porta e sorrindo me deixou ir.
Andei rapidamente pela calçada até chegar às portas do trabalho da Waverly, adentrei buscando com os olhos por ela mas nenhum sinal, avistando o Jeremy caminhei até ele e antes que dissesse algo o vi apontar para uma porta fechada logo atrás de si.
- Waverly? - a chamei assim que toquei a maçaneta da porta, eu sabia que ela não queria me ver mas arrisquei mesmo assim, abrindo a porta devagar a encontrei sentada em uma cadeira atrás de uma mesa acariciando sua própria barriga. - Ei.. - murmurei um pouco mais alto a assustando. - Eu vim aqui porque..
- Volte de onde veio! - ela me interrompeu bruscamente levantando-se da cadeira. - Não quero vê-la tão cedo!
- Vim por causa do Henry. - ousei entrar e fechar a porta assim que ela destravou o maxilar. - Acho que sei onde ele está e porque foge tanto, talvez você queira ir buscá-lo comigo.. - ela arqueou a sobrancelha como se duvidasse das minhas reais intenções. - Um rosto amigo sabe. - divaguei dando de ombros.
- Vou com você. - ela cuspiu as palavras como se tivesse acabado de xingar. - Pelo garoto apenas. - assenti com a cabeça evitando sorrir.
- Você está segurando um sorriso? - travei o maxilar negando rapidamente com a cabeça diante de seus olhos semicerrados. - O que pensa que está fazendo? Salvando este casamento? - abri a boca para argumentar mas nem eu sabia o que eu queria ao certo. - Espero que não seja isso!
- Antes de casarmos éramos amigas. - encolhi os ombros ao dizer aquilo sentindo-me totalmente exposta as suas acusações. - Não éramos assim.
- Você lembrou que era minha amiga quando me traiu e me deixou sofrer sozinha a morte do nosso filho? - engoli a seco sentindo a raiva e amargura de suas palavras, não ousei olhá-la ou dizer que estava enganada, eu tentei por muitas vezes.
Ao longo dos meses entendi que ela precisava de alguém para culpar, eu fui a escolhida, de alguém para odiar além de si mesma, eu era perfeita para isso e principalmente, ela precisava ocupar-se para não lembrar que o Dom morreu.
As vezes amar significa tomar decisões que nem sempre pareçam fazer sentido, eu fiz as minhas, e viver com uma mulher hostil e fria é só uma das consequências.
- Aonde iremos? - ela questionou após um silêncio constrangedor ter reinado ali, me limitei a entregar-lhe o papel que estava em minhas mãos. - Boston? Por que ele estaria lá?
- Por que ele está procurando respostas, está em busca da mãe biológica. - ela assentiu com a cabeça me devolvendo o papel onde havia o endereço de Emma Swan. - Podemos ir de carro quando você terminar aqui, é o tempo que abasteço o carro e pego algumas roupas para nós duas.
- Tudo bem. - ela se limitou a dizer sem sequer me olhar. - Obrigada por me deixar ir junto, eu estou angustiada com tudo isso e o Henry é importante para mim. - ela sorriu docemente para mim, dando alguns passos em minha direção senti meu coração acelerar.
Há segundos atrás estava me odiando e acusando, agora, eu nem sei o que pensar, tenho medo até de me mover muito.
- Obrigada Nicole. - encarei seus lábios por um tempo antes de voltar aos seus olhos, ela estava consideravelmente perto demais, talvez fosse me beijar.
Prendi a respiração por um instante, se ela desse qualquer mísero sinal eu a beijaria, mas assim como se aproximou repentinamente ela também se afastou assim que abriu a porta do escritório.
- Bom, melhor você adiantar as coisas. - ela sorriu novamente e me empurrando levemente me fez sair de seu escritório.
Eu estava mais perdida que um cego em tiroteio.
Queridos bolinhos, vocês chegaram ao fim da degustação, agora para continuar essa leitura vocês precisam acessar o aplicativo DREAME e procurar lá, contém o mesmo nome e capa.
Vejo vocês lá! 💕
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Até que a morte nos separe (DEGUSTAÇÃO)
RastgeleO casamento de Waverly e Nicole acabou por muitas razões, mas determinadas a provarem que a culpa pelo fracasso da relação não é sua, ambas decidem permanecer morando juntas causando assim um grande inferno na vida uma da outra com o propósito de qu...